- Ex-presidente Jiang (e a facção de Shanghai) controlando ainda mais o país (5 das 7 cadeiras).
- Hu decidiu passar Xi também o controle militar
- Zhang Dejiang, novo chairman do congresso, tem formação na Coreia do Norte, e viés conservador.
- Wang Quishan, banqueiro e promotor das reformas financeiras, foi alocado para departamento de disciplina e totalmente marginalizado.
- Minha impressão geral é que isso significa que as reformas vão andar mais devagar, até porque o Jiang é mais lerdo que o Hu. Tem gente boa que acha o oposto. Mas eu sou um grande especialista nesse tópico, além de enteder o que está acontecendo com USDBRL
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Transição na China
Krugman on Vigiliantes
No link o argumento e “modelo” do Paulo, de que um aumento
do risco é bom para o país porque deprecia a moeda. A hipótese de que os juros
relevantes (para atividade e política monetária) são independentes
do risco é simplesmente lamentável. Acho que ele não se lembra do que aconteceu
aqui em 2002, quando o EMBI disparou, a Selic estava somente em 25%, o juro
real controlado pelo risco ficou bem negativo, a inflação (e M1) voaram. Ao mesmo tempo, o investimento congelou, pois as firmas sabem que se o Governo defaultar elas dançam também. Fiquei
chateado que meu ídolo pisou na bola dessa forma.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Controle Fiscal do IPCA - IV
É, eu sei que virou carne de vaca, mas preciso disso para
continuar meu exercício. A primeira figura compara a diferença entre
dívida bruta e líquida com as reservas. A hipótese é que essa diferença
continuará crescendo no mesmo ritmo do último ano. Na segunda figura a
comparação entre os juros implícitos sobre a dívida líquida, a Selic, e uma mistura entre Selic e Fed Fund Rate (a Selic remunera a dívida bruta, a FFR
remunera a diferença entre a bruta e a líquida). Por hipótese, essa mistura
será os juros implícitos sobre a dívida líquida no futuro. Assumindo também um crescimento nominal do
PIB de 8% e que os juros ficam estáveis, eu obtenho que é necessário um
superávit primário de aproximadamente 2% para manter a dívida sustentável. Isso servirá como um limite para as renúncias fiscais.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Thelma e Louise – parte 1
Os republicanos perceberam que o Tea Party foi o principal
responsável pelo desempenho sofrível na eleição. Difícil alguém mais ou menos
racional votar num partido associado àquele pessoal.
Com isso, criou-se uma disposição para eles se moverem para
o centro, deixarem de lado o brinkmanship sujo, e fazerem algum acordo para
evitar o Cliff. O Boehner já indicou que os republicanos não topam aumentar as
alíquotas de impostos, mas a base de impostos poderia ser aumentada...E os
democratas parecem fazer o corte de riqueza (para subir impostos) acima dos
250K.
Por sinal, queridos leitores. Estou sentido com as
reclamações a meu respeito, mas não vou desistir. Vou continuar fazendo minhas
análises equilibradas sobre a relação entre política e economia. Vou mostrar
que economia é uma disciplina social, em que o emprego da matemática é
desnecessário. Não vou desistir, pois sou equilibrado. O povo unido jamais será
vencido.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Controle Fiscal do IPCA - III
Volto ao assunto do efeito sobre o IPCA de renúncias fiscais,
agora com as respostas impulso que o Madeira gosta. Por hipótese, escolhi uma
renúncia imaginária que retira 1% do IPCA calculado na planilha (ponderação do item
vezes a renúncia), e causa uma redução do superávit primário de 1% do PIB. Essa
é a taxa média que relaciona essas duas variáveis (veja aqui).
As duas curvas da figura, originadas no CHORINHO, referem-se
aos dois impactos sobre o IPCA, sempre com a hipótese que os juros ficam
constantes.
Na linha escura, o impacto denominado de “one off”,
considera o efeito da planilha mais seus efeitos secundários (devido a política
monetária). Esses efeitos secundários são positivos porque os juros reais
subiram. Eles não são explosivos porque os agentes consideram que o BC continua
seguindo uma regra de Taylor.
A linha clara reporta os efeitos sobre a inflação da
expansão fiscal. Eles são perpetuamente crescentes. Por que, ein?
Grexit e Merkel
Estou
do lado do X que a Grécia sai. Mas como não entendo de preço relativo, fico
tentando entender do jogo político. Para a Merkel, o melhor é que a saída seja
uma decisão política dos próprios gregos. O governo atual apoia o ajuste, os
recursos da troica só continuam enquanto o ajuste está aprovado. Se o Samaras
perder a maioria, e o novo Governo deixar de apoiar o ajuste, os recursos vão
parar, por culpa dos próprios gregos, não da Merkel. O que não entendo é por
que os gregos não falam que vão fazer o ajuste e simplesmente não o fazem.
Nesse caso, a bola estaria no campo da troica para rejeitar os esforços gregos,
e a culpa seria da Merkel. Nesse caso, a Grécia não sairia.
Eu sou mesmo bem mais equilibrado que o X, minha análise é equilibrada e relevante. Eu estou de parabéns, realmente. Já o X é muito desequilibrado, não consegue fazer uma análise útil e equilibrada, realmente.
Eu sou mesmo bem mais equilibrado que o X, minha análise é equilibrada e relevante. Eu estou de parabéns, realmente. Já o X é muito desequilibrado, não consegue fazer uma análise útil e equilibrada, realmente.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
GREXIT GREXIT GREXIT
Tem uma porção de bobocas comemorando a aprovação de mais austeridade na Grécia.
Bobocas, como a Grécia vai melhorar seu balanço de pagamentos, hein? O balanço externo, como fica?
Não fica, ha, ha, ha! Deixem o câmbio nominal explodir, seus estúpidos. Realoquem os recursos para o setor de trabables via mudança de preços relativos. Chega de recessão, o povo está cansado. Eles vão enforcar vocês logo, logo. Aí eu vou rir muito; e o câmbio vai depreciar. HA, HA.
Bobocas, como a Grécia vai melhorar seu balanço de pagamentos, hein? O balanço externo, como fica?
Não fica, ha, ha, ha! Deixem o câmbio nominal explodir, seus estúpidos. Realoquem os recursos para o setor de trabables via mudança de preços relativos. Chega de recessão, o povo está cansado. Eles vão enforcar vocês logo, logo. Aí eu vou rir muito; e o câmbio vai depreciar. HA, HA.
OMT e Portugal
Continuo sem entender direito essa história de que o ECB não vai usar o OMT para ajudar Portugal e Irlanda, utilizando a desculpa furada de que para qualificar o país tem de ter “full and complete market access”. Eu compreendo a lógica de que o ESM não teria grana para ajudar Espanha e Itália, e que o OMT é a única alternativa para esses casos grandes. Mas isso não é resposta. Para que fosse, teríamos que incluir algo do tipo “os políticos preferem que um país receba ajuda do ESM, só aceitam o OMT quando não isso não é possível, e o ECB está sujeito a essas forças políticas”. Ainda não estou convencido disso.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Bolsa Caixa
Este é o
novo programa Social do Governo, uma extensão do Bolsa Família, inspirado na idéia
de Micro Crédito ou Micro Finanças. Ele já está sendo realizado em parceria com
a Caixa, e tem suporte intelectual do BC.
A idéia é a
seguinte. A Caixa limpa os balanços dos bancos privados, emprestando recursos
para famílias que não tem a mínima condição de pagar. Depois, quando o calote
vier, o Tesouro capitaliza a Caixa, e o jogo recomeça.
A carteira
de crédito da Caixa está em 315 bi. Se colocarmos 13% de perda, para ficar redondo,
o buraco fica em 40 bi, ou 1% do PIB, um valor fácil de ser absorvido. Um
possível problema é fazer a Caixa emprestar de novo para as mesmas pessoas que
acabaram de defaultar, para que o consumo não caia. Mas tenho certeza que isso
será resolvido.
Sandy e X
O economista X critica o professor FK, dizendo que a
simulação do BLUES está errada porque o estoque de capital demora muito para se
recuperar. Se me lembro do livro de crescimento do Barro, essa convergência
demora mesmo uns 15 anos.
Eu acho que o pior foi a forma desrespeitosa do comentário. É
importante respeitar os mais velhos. Aproveito para desejar um feliz
aniversário para a minha mãe Sandra que está me lendo.
Equilíbrio
Fui convidado para equilibrar o blog. Diferente do Economista X, sou um sujeito equilibrado. Tenho equilíbrio. Sei até andar de bicicleta.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Sandy Redux
O pessoal está elevando as estimativas da destruição. A tabelinha
é da Gordman, a qual diz que o efeito será tirar entre ¼ e ½ do crescimento do
PIB no 2012:Q4, e adicionar um pouco mais do que isso no 2013:Q1.
Achei estranha essa ideia de que liquidamente adiciona PIB.
Peguei do BLUES, tirei um pouco do capital produtivo e olhei convergência (na
figura, ignore as escalas). O efeito principal é similar àquele já conhecido,
tipicamente associado à política fiscal em modelos sem rigidez de preços: menor
riqueza reduz lazer (que é um bem superior). Curiosamente, isso é suficiente
para compensar a falta de capital, e faz o PIB aumentar. O investimento sobe
bastante, o consumo cai, como esperado.
Se o BLUES estiver certo (um pleonasmo), as defasagens são
importantes. O efeito, embora pequeno, vai durar alguns trimestres.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
OSI: o novo calote grego
A nova projeção
para dívida grega é 190% do PIB, ou algo próximo disso. O Official Sector Involvement ocorreria
através da compra de dívida em posse do ECB pelo “valor de mercado atual”, i.e., sem deixar o preço subir
conforme a dívida é comprada.
O Nuno
Sampaio estava me explicando que a ideia seria a Troica emprestar uma grana
para a Grécia que estaria necessariamente vinculada a compra da dívida. O ECB
veria por quanto ele comprou a dívida e a venderia por um centavo a mais. Dessa
forma não estaria sofrendo prejuízo, e assim não estaria descumprindo seus
estatutos. Não sei qual o preço de hoje
da dívida (aparentemente nem mercado ela tem) mas, digamos que seja 30% do valor de
face. Dessa forma, após feita a operação, a Grécia não teria mais dívida, e
ficaria devendo para a Troica somente 30% do valor da dívida original. Mágica.
Com o superávit futuramente gerado, ela aos poucos pagaria a Troica.
Um ponto aparentemente
contrário a operação é o fato do ECB não se aproveitar da subida de preço
enquanto a dívida é comprada. Isto seria injusto com os donos do ECB – os países
europeus. Mas esses países já haviam prometido devolver a Grécia os lucros
provenientes dessa operação. Portanto, essa crítica não se aplica.
O
verdadeiro ponto malandro da operação, que faz a mágica acontecer, é
estocástico. Quando o ECB comprou a dívida grega com desconto, estava sendo remunerado pela possibilidade da
Grécia defaultar. Mas quando a Troica a comprar (ou, equivalentemente, emprestar o grana), ela deixará de ser remunerada por essa possibilidade, já que irá cobrar
juros módicos. Caso, no final, a Grécia acabe defaultando, a Tróica tomaria o prejú. (E se ela não defaultar, o preço estava justo)
Assim como a
LTRO, será uma forma elegante para fazer os alemães fingirem que estão sendo
enganados.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Investimento nos EUA
A divulgação do PIB lá na matriz mais uma vez mostrou uma taxa
de investimento porcaria (figura). Meu chute pessoal é que depois deles caírem
no cliff esse investimento volta. Mas decidi imaginar a possibilidade de que
será assim para sempre. Seria possível? Não vai faltar capital? A economia não
ficaria desbalanceada, contradizendo alguma lei econômica qualquer?
Minha resposta é que essa taxa de investimento é consistente
com um novo nível de crescimento potencial. Imaginando que o fator trabalho
também está reduzido (a história de jobless recovery), que as preferências não
mudaram (mesma impaciência), e nem a tecnologia (cobb-douglas com mesmo capital
share), a relação capital produto deveria ficar constante.
Assumindo depreciação de 4% e que o crescimento potencial
era 2,8% quando a taxa de investimento era 17%, posso recalcular tudo agora que
a taxa de investimento é 14%, supostamente. Resultado: o novo crescimento potencial
seria de 1,6%.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Sandy
Pelo que li vai tirar 0,3% de indicadores mensais dos EUA,
tipo industrial product e retail, no mês de outubro. Daí teria um payback igual
durante os meses de novembro e dezembro. O PIB do quarto tri ficaria inalterado.
Se ajudar o Obama está valendo.
alan Greenspan e seu escudeiro, o antonio madeira
meu colega antonio madeira acha o alan um deus; eu acho que ele (o alan, nao o madeira) está mais para o diabo.
o alan reagiu rápido em 1987, e em 1998 montou aquele arranjo lá com os bancos privados para não "quebrar geral" depois do LTCM. eu concedo que nesses dois episódios ele foi bem.
mas o legado de longo prazo dele é outro. ele presidiu o FED, e portanto foi um importante influenciador de para onde a política de regulamentação financeira caminhou, durante um longo período. e como poucos hoje contestam, a regulacao caminhou para a merda...
o antonio madeira argumenta que o alan não aprova lei, quem aprova é o congresso, que ele (o alan, nao o madeira) nao tem nada a ver com isso. é verdade que o alan nao aprova lei, como até o asfalto da paulista sabe. mas o alan foi formador de ideias, e afirmava de pé junto que os novos derivativos que foram surgindo debaixo do nariz dele aumentavam a eficiência do sistema, ajudavam a minimizar riscos !!! hoje parece risível essa afirmacao, mas ele e o madeira não se dão por vencidos não.
o antonio madeira coloca a culpa no governo, como bom austríaco que é. na verdade, ele encampa a tese do rajan, de que o governo forçou as irmãs a emprestarem muito para os pobres porque ele, o governo, nao vinha conseguindo debelar a crescente desigualdade de renda com politicas mais inteligentes de longo prazo. credito e circo para apaziguar os pobres, eh o resumo dessa historia. aí, claro, deu em merda, porque muito credito foi alocado para quem nao poderia pagar.
mas os bancos PRIVADOS entraram nessa antes das irmãs, madeira. e meteram o pé também. e o governo não manda neles, eles nao fizeram para ajudar os pobres, caro madeira, caro alan. por que eles fizeram isso, por que se alavancaram pra cacete? para ganhar mais na conta de que se desse merda a sociedade bancaria a conta (moral hazard).
por que o FED nao fez nada? ah, o madeira responde: porque ele nao tinha mandato para interferir em todos os "bancos". ué, por que entao o alan nao reclamava disso veementemente? o alan depois de sair de lá confessou que ficou surpreso com o fato de os bancos privados nao administrarem melhor seus proprios riscos...ou seja, ele confiava nisso. isso prova seu despreparo intelectual. tem uma coisa em economia que chama problema de agente-principal, alan. o principal eh o acionista do banco, esse nao quer mesmo que a instituicao tome muito risco; mas o agente dele, que toca o dia-a-dia tem incentivos diferentes (madeira, tem um amigao seu que gosta muito da frase "people respond to incentives") e nao esta muito preocupado com o longo prazo da instituicao porque o bonus dele eh funcao de resultados imediatos. o alan nao compreendia esses incentivos perversos? ele nao sabe que a um problema de acao coletiva que dificulta a acao dos acionistas e entao eh importante pra cacete o governo regular essa porra?
por fim, um dos principais argumentos levantados pelo antonio madeira para elogiar o alan eh que ele presidiu a politica monetaria numa epoca de baixa volatilidade e forte crescimento. eu nao acho que esses anos bons foram por causa do alan. nesses anos que ele estava lá, a produtividade da economia norte-americana deu um show de bola, na area da tecnologia da inovacao. a tfp bombou, por conta de coisas que nao tem nada a ver com politica monetaria. a volatilidade caiu tambem por um tempo, eh verdade, mas qual o periodo que devo considerar? para quem acha que o alan (e outros coleguinhas ditos liberais que parecem que nao estudaram micro direito) ajudou a armar a bomba relogio pos-2008, é preciso incluir o período recente na contabilidade da "gestao alan"...nao fica bem na foto nao, posso garantir
"alan greenspan, o maestro desafinado e inconsequente" ---- vou escrever um livro, acho.
antonio, topas uma co-autoria?
o alan reagiu rápido em 1987, e em 1998 montou aquele arranjo lá com os bancos privados para não "quebrar geral" depois do LTCM. eu concedo que nesses dois episódios ele foi bem.
mas o legado de longo prazo dele é outro. ele presidiu o FED, e portanto foi um importante influenciador de para onde a política de regulamentação financeira caminhou, durante um longo período. e como poucos hoje contestam, a regulacao caminhou para a merda...
o antonio madeira argumenta que o alan não aprova lei, quem aprova é o congresso, que ele (o alan, nao o madeira) nao tem nada a ver com isso. é verdade que o alan nao aprova lei, como até o asfalto da paulista sabe. mas o alan foi formador de ideias, e afirmava de pé junto que os novos derivativos que foram surgindo debaixo do nariz dele aumentavam a eficiência do sistema, ajudavam a minimizar riscos !!! hoje parece risível essa afirmacao, mas ele e o madeira não se dão por vencidos não.
o antonio madeira coloca a culpa no governo, como bom austríaco que é. na verdade, ele encampa a tese do rajan, de que o governo forçou as irmãs a emprestarem muito para os pobres porque ele, o governo, nao vinha conseguindo debelar a crescente desigualdade de renda com politicas mais inteligentes de longo prazo. credito e circo para apaziguar os pobres, eh o resumo dessa historia. aí, claro, deu em merda, porque muito credito foi alocado para quem nao poderia pagar.
mas os bancos PRIVADOS entraram nessa antes das irmãs, madeira. e meteram o pé também. e o governo não manda neles, eles nao fizeram para ajudar os pobres, caro madeira, caro alan. por que eles fizeram isso, por que se alavancaram pra cacete? para ganhar mais na conta de que se desse merda a sociedade bancaria a conta (moral hazard).
por que o FED nao fez nada? ah, o madeira responde: porque ele nao tinha mandato para interferir em todos os "bancos". ué, por que entao o alan nao reclamava disso veementemente? o alan depois de sair de lá confessou que ficou surpreso com o fato de os bancos privados nao administrarem melhor seus proprios riscos...ou seja, ele confiava nisso. isso prova seu despreparo intelectual. tem uma coisa em economia que chama problema de agente-principal, alan. o principal eh o acionista do banco, esse nao quer mesmo que a instituicao tome muito risco; mas o agente dele, que toca o dia-a-dia tem incentivos diferentes (madeira, tem um amigao seu que gosta muito da frase "people respond to incentives") e nao esta muito preocupado com o longo prazo da instituicao porque o bonus dele eh funcao de resultados imediatos. o alan nao compreendia esses incentivos perversos? ele nao sabe que a um problema de acao coletiva que dificulta a acao dos acionistas e entao eh importante pra cacete o governo regular essa porra?
por fim, um dos principais argumentos levantados pelo antonio madeira para elogiar o alan eh que ele presidiu a politica monetaria numa epoca de baixa volatilidade e forte crescimento. eu nao acho que esses anos bons foram por causa do alan. nesses anos que ele estava lá, a produtividade da economia norte-americana deu um show de bola, na area da tecnologia da inovacao. a tfp bombou, por conta de coisas que nao tem nada a ver com politica monetaria. a volatilidade caiu tambem por um tempo, eh verdade, mas qual o periodo que devo considerar? para quem acha que o alan (e outros coleguinhas ditos liberais que parecem que nao estudaram micro direito) ajudou a armar a bomba relogio pos-2008, é preciso incluir o período recente na contabilidade da "gestao alan"...nao fica bem na foto nao, posso garantir
"alan greenspan, o maestro desafinado e inconsequente" ---- vou escrever um livro, acho.
antonio, topas uma co-autoria?
POF no IPCA
O Daniel me aponta que parte do efeito da POF sobre o IPCA foi devido à mudança de peso dos automóveis, que variou muito esse ano. De acordo com as contas do Chiquinho isso explica uns 0,3. O resto foi mesmo um efeito permanente, da troca de um item que tem sempre inflação alta (educação) por outro com inflação sempre baixa (duráveis?).
Pegando a deixa do Tobas fui conferir a metodologia do IPCA. De fato, embora a agregação de produtos em subitens seja geométrica, a de subitens em itens é aritmética, e sofre do efeito típico de Laysperes: Conforme banana fica mais cara o indivíduo come ainda mais banana.
Pegando a deixa do Tobas fui conferir a metodologia do IPCA. De fato, embora a agregação de produtos em subitens seja geométrica, a de subitens em itens é aritmética, e sofre do efeito típico de Laysperes: Conforme banana fica mais cara o indivíduo come ainda mais banana.
Para conferir, fiz o caso de um sujeito que consome dois
bens, bananas e merda, com pesos inicialmente iguais na cesta. A banana tem
inflação anual de 3,5%, a merda de 5,5%. Em vez de dar sempre 4,5%, a inflação
vai subindo com o tempo, devido à metodologia. No gráfico, a diferença acumulada das duas medidas,
convexa como o esperado, para ser comparado com o do post anterior.
Mais relevante, note-se que a inflação vai subindo, conforme
se afasta temporalmente da revisão da POF.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Controle fiscal do IPCA - II
Antes de começar a mostrar respostas impulso, do jeito que o
Madeira quer, eu perguntei para o Chico como foi 2012. Se entendi, e fiz a
contas mais ou menos corretamente, o efeito da redução do IPI sobre linha
branca e sobre automóveis tirou uns 0,1% e 0,4% da inflação, respectivamente. Assim,
em 2012, o IPCA seria 0,5% a mais do que será, devido às renúncias fiscais. E o
superávit primário uns 0,6% a menos, ou algo assim.
Teve também a mudança da POF que já tirou 0,7%, mas isso não conta. (Somando
tudo, seria suficiente para tirar a inflação da banda.)
Surpreso com o efeito da POF eu fiz o gráfico abaixo,
novamente com a ajuda do Chiquinho, que mostra o efeito acumulado da mudança,
desde fev/2009. (Para antes de dez/2011 o Chico calculou o IPCA retroativo
com a nova POF; para depois de jan/2012 recalculou o IPCA com a POF antiga.
Daí, eu fiz a diferença entre o IPCA obtido com as POFs velha e nova.)
Curiosa essa tendência. Alguém sabe o porquê? Trata-se da correção do Laysperes que, com o passar do tempo, acaba dando mais peso para os produtos com maior inflação?
Curiosa essa tendência. Alguém sabe o porquê? Trata-se da correção do Laysperes que, com o passar do tempo, acaba dando mais peso para os produtos com maior inflação?
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Morri de novo...
Veio um cara encapuzado aqui no inferno, usando suspensórios, e meteu uma bala na minha testa, falando que eu não podia criticar pessoas do governo. Eu achei que não ia acontecer nada comigo, pois já fui assassinado uma vez e vivi. Mas minha cabeça começou a doer e a sangrar. A bala do cara era de prata, como me informou o diabo...
Melhor desistir de tentar ajudar o país e ir rodar um VAR bayesiano.
Adeus
Melhor desistir de tentar ajudar o país e ir rodar um VAR bayesiano.
Adeus
Censura
Caro economista X,
Eu, que sou o único com cabeça nessa porcaria, decidi censurar alguns de seus blogs. A partir de agora os blogs do senhor estão sujeito a minha aprovação.
Aproveito o ensejo para reiterar os meus protestos da mais elevada estima e incontida admiração,
FK
Eu, que sou o único com cabeça nessa porcaria, decidi censurar alguns de seus blogs. A partir de agora os blogs do senhor estão sujeito a minha aprovação.
Aproveito o ensejo para reiterar os meus protestos da mais elevada estima e incontida admiração,
FK
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Controle Fiscal do IPCA
A pergunta é: por quanto tempo o Governo consegue segurar o
IPCA através de renúncias fiscais?
A resposta tem que considerar os diferentes canais de
impacto das renúncias sobre a inflação (o direto e o fiscal), e a
sustentabilidade da dívida. Acho que vai dar uns 5 posts. Eu começo com a
relação estática entre impacto no IPCA (direto, i.e., peso no índice) e fiscal.
Na tabela (chupei algumas informações do Itaú), coloco o
efeito sobre o superávit primário (em % do PIB) para que o IPCA seja reduzido
em 1%:
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
O SENHOR CELSO TOLEDO
É o terceiro dos neo-bobocas...
O cidadão decreta o fim desse blog um dia após meu falecimento por atropelamento e depois disso o blog revive das cinzas, nas mãos do outro neo-boboca, o FK (um louco filhote de Prescott que acredita que a grande recessão foi um choque adverso de produtividade!!!!!!!)
A credibilidade de coveiro do Dr. Toledo ficou arranhada. Mas ao contrário do que dizem, a do Dr. Tombini, o homem da convergência não-linear que enterrou o sistema de metas de inflação, não ficou não. Dizem que ele virará ministro, como prêmio por sua habilidade no lido com a pá de cal.
Quando o diabo permitir, venho aqui me manifestar. É mais divertido ver esse show de horror protagonizado por vocês humanos do que ficar morgando no inferno relendo o Mas-Collel.
HA, HA, HA !
O cidadão decreta o fim desse blog um dia após meu falecimento por atropelamento e depois disso o blog revive das cinzas, nas mãos do outro neo-boboca, o FK (um louco filhote de Prescott que acredita que a grande recessão foi um choque adverso de produtividade!!!!!!!)
A credibilidade de coveiro do Dr. Toledo ficou arranhada. Mas ao contrário do que dizem, a do Dr. Tombini, o homem da convergência não-linear que enterrou o sistema de metas de inflação, não ficou não. Dizem que ele virará ministro, como prêmio por sua habilidade no lido com a pá de cal.
Quando o diabo permitir, venho aqui me manifestar. É mais divertido ver esse show de horror protagonizado por vocês humanos do que ficar morgando no inferno relendo o Mas-Collel.
HA, HA, HA !
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Pastore (Wonkish)
Um dia desses ouvi o Pastore, líder inconteste de nossa
profissão. Depois, olhando o material, fiquei perturbado com uma regressão de
hiato da produção industrial (filtro HP) como função de custo unitário do
trabalho e outras coisas (juros, etc.). Não sei bem o argumento que ele estava
fazendo, mas o que estava escrito na apresentação é que o hiato é sobretudo uma função do custo
unitário, e não das outras coisas.
Tipicamente usamos hiato para a equação da inflação - imagino que é para isso que ele o estava usando. Mas, de
acordo com a teoria, o correto é ter custo marginal na Curva de Phillips. Com algumas
hipótese fracas (tecnologia Cobb-Douglas), o custo marginal vira custo unitário. E com algumas hipóteses heroicas (tipo economia fechada sem capital) o custo unitário pode
ser transformado em hiato.
Por que fazer uma regressão do hiato no custo unitário? O
correto não seria usar o próprio custo unitário, em vez do hiato, na curva de Phillips?
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Blues para o The Anchor
O Blues continua reclamando, dizendo que o crescimento será
em torno de 1,5%. Para esse tri eu coloquei o valor do meu tracking, 1,8%, mas
o Blues dizia que ia ser 1,4%. JPMorgan revisando para baixo devido ao Cliff mais
profundo. Sexta feira o dado sai, daí vai dar para refazer as contas e fazer uma projeção mais ousada.
O Consenso
1)
No Brasil, após agosto excelente setembro
decepciona
2)
Pessoal em dúvida sobre a força da retomada
3)
Nos EUA, após agosto horrível setembro está bem
legal
4)
Housing surpreendendo para cima, mas faz pouca
diferença na projeção
5)
Obama ganha, democratas no Senado, republicanos
na House
6)
Fiscal Cliff esperado está mais profundo, com
payroll tax cut expirando (0,75% do PIB)
7)
Na China, no curto prazo, o pior já passou
8)
E no médio prazo crescimento será menor
9)
Crise do Euro deixa de ser principal risco
mundial (que passa a ser o Fiscal Cliff)
10)
Discussões sobre seguro de depósito nacional vs.
pan-europeu e sobre legacy assets
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Novas Siglas da Crise do Euro
Agora que o CT decretou o fim do ACTL, vou utilizá-lo para um web log do que estou matutando. Você, leitor, não é bem vindo.
Para conseguir grana do EFSF/ESM, a Espanha tem que pedir
uma ECCL (enhanced conditions credit line), o que envolve assinar um MoU (memo
of understanding) que contem metas fiscais, bla, bla. Em princípio, essa grana
poderia ser utilizada para comprar títulos nos mercados primário e secundário,
e de qualquer maturidade.
A graça é que uma vez conseguida essa linha de crédito, o
ECB pode fazer uso do OMT, e comprar títulos no mercado secundário com maturidade
de até 3 anos. Com isso, a grana original talvez nem precise ser usada.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
ACTL, Capítulo Final
Caros leitores, como é de conhecimento geral, o vigor intelectual do blog vinha definhando com o desaparecimento paulatino do FK. O Dudu segurou bem a bronca até perder completamente a sanidade mental (provavelmente após ler Proust). O Economista X mostrou que não é bom de briga após receber as primeiras ameaças. Seria muita pretensão de minha parte tentar manter O Consciência vivo sem o apoio dos mestres.
Para que a melancolia não seja demasiada, lembro que Jason viveu após o inesquecível "Sexta-Feira 13 V, O Capítulo Final".
E para que a despedida tenha um quê de reinício, encerro com este último comentário, de tom nostálgico.
Na FEA, um dos textos interessantes que tive a oportunidade de ler foi "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica", do Pérsio Arida.
Se bem me recordo, a história iniciava com uma distinção entre o que seria o estilo americano de pesquisa, focado no "estado das artes" e o estilo europeu, centrado na releitura dos clássicos. Daí, havia um arrazoado sobre resolução de controvérsias e assim por diante. Se você não leu, leia.
Reza a lenda que o Pérsio perdeu a vontade de publicar após ver o texto seminal do então Donald McCloskey no Journal of Economic Literature (aqui) que, essencialmente, fazia o mesmo ponto.
A troco de quê estou remexendo o passado?
Acabo de ler este texto sobre a influência das incertezas políticas sobre o desempenho da economia mundial. A turma que compôs o índice é da Universidade de Stanford.
O índice em si é divertido, mas, neste dia macambúzio, o texto sugeriu uma reflexão sobre a capacidade de mudança de tudo nesta vida.
Além de o Donald não ser mais o Donald - pois transformou-se na Deirdre - os economistas americanos demonstram propensão maior a revisitar os clássicos, como fica claro no trecho a seguir:
Para que a melancolia não seja demasiada, lembro que Jason viveu após o inesquecível "Sexta-Feira 13 V, O Capítulo Final".
* * *
E para que a despedida tenha um quê de reinício, encerro com este último comentário, de tom nostálgico.
Na FEA, um dos textos interessantes que tive a oportunidade de ler foi "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica", do Pérsio Arida.
Se bem me recordo, a história iniciava com uma distinção entre o que seria o estilo americano de pesquisa, focado no "estado das artes" e o estilo europeu, centrado na releitura dos clássicos. Daí, havia um arrazoado sobre resolução de controvérsias e assim por diante. Se você não leu, leia.
Reza a lenda que o Pérsio perdeu a vontade de publicar após ver o texto seminal do então Donald McCloskey no Journal of Economic Literature (aqui) que, essencialmente, fazia o mesmo ponto.
A troco de quê estou remexendo o passado?
Acabo de ler este texto sobre a influência das incertezas políticas sobre o desempenho da economia mundial. A turma que compôs o índice é da Universidade de Stanford.
O índice em si é divertido, mas, neste dia macambúzio, o texto sugeriu uma reflexão sobre a capacidade de mudança de tudo nesta vida.
Além de o Donald não ser mais o Donald - pois transformou-se na Deirdre - os economistas americanos demonstram propensão maior a revisitar os clássicos, como fica claro no trecho a seguir:
Hasta la vista babies.Every Sylvester Stallone fan knows that Rocky Balboa never gives up, or rather: “it ain't about how hard ya hit. It's about how hard you can get it and keep moving forward.” (Stallone 2006). However many times Rocky gets hit, he keeps on coming. Even after Apollo Creed floors him with a vicious hammer punch, Rocky jumps up for more punishment. (...) So too with the current US economic recovery: on track in the spring, knocked down in the summer.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
CARTA AOS LEITORES
Prezados leitores, amigos e família
Morri atropelado numa esquina; não pude ver a face de meu algoz. Vocês estão novamente desprotegidos, portanto muito cuidado com o que leem.
Ao CT, FK e CESG, agradeço pela chance de aparecer algumas vezes nesse Blog, que não é de todo ruim.
Um abraço e até uma próxima reencarnação,
Economista X
Morri atropelado numa esquina; não pude ver a face de meu algoz. Vocês estão novamente desprotegidos, portanto muito cuidado com o que leem.
Ao CT, FK e CESG, agradeço pela chance de aparecer algumas vezes nesse Blog, que não é de todo ruim.
Um abraço e até uma próxima reencarnação,
Economista X
Im Flugzeug !
o ministro alemão, o Schauble, viajando num avião com os jornalistas disse que no próximo encontro de ministros europeus ele vai defender a proposta de criar um cargo forte, espécie de ministro da economia, com poderes para vetar os orçamentos nacionais !!! os amigos (?) dele dos outros países estão indo para esse mesmo encontro com outra ideia em mente, eles vão lá para tentar destravar grana para Grécia e para Espanha....
todo mundo se espantou com a fala do alemão no avião, desconectada das preocupações mais prementes. que tipo de sinal o Schauble quis mandar ao falar o que falou im Flugzeug?
todo mundo se espantou com a fala do alemão no avião, desconectada das preocupações mais prementes. que tipo de sinal o Schauble quis mandar ao falar o que falou im Flugzeug?
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Tokyo
Além da cordialidade, impressiona a quantidade de capital,
mesmo quando comparada com cidades americanas. Tudo está novinho, limpinho,
caprichadinho. Não é o que esperava de um país estagnado. Imagino que parte se
deve a usual confusão de crescimento do PIB com o de PIB per capita. Mas o mais
interessante é lembrar da falta de espaço, de que a densidade populacional é
bem maior que a dos EUA, e assim o capital por metro quadrado também deve ser.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Estão dizendo que sou o ...
duzinho. Piada.
Dica 1: não sou da FEA.
Dica 2: sou o irmão mais velho de um economistinha
Dica 3: acho o valter hugo mãe chato prá dedéu
Dica 1: não sou da FEA.
Dica 2: sou o irmão mais velho de um economistinha
Dica 3: acho o valter hugo mãe chato prá dedéu
Poderosos Chefões
Com todas as falhas de mercado passíveis de serem corrigidas por ato governamental que se pode imaginar, ainda não há fórmulas melhores do que a ambição e o egoísmo para resolver o complicado problema da alocação dos recursos.
Não dá outra: faça uma pesquisa e verás que o ser humano costuma produzir mais quando tem a perspectiva de enriquecer se esforçando. No processo há todo tipo de pilantragem que exige correções na marra. Mas, quando a mão pesada erra a dose, o espírito empreendedor desaparece e a aldeia empobrece.
Neste sentido, preocupam os esforços crescentes do governo para fazer com que o Brasil volte a se parecer com o mastodonte que parou de crescer por 20 anos após o "milagre".
O divertido esporte de transferir fortunas de A para B por meio de canetadas é uma forma bastante eficiente de voltar no tempo. Ao que parece as otoridades estão curtindo a brincadeira.
Tanto isso é verdade que em uma entrevista ao Estadão o Ministro da Fazenda, no melhor estilo Siciliano, lembrou os bancos que "se nós estamos preocupados, é bom que [vocês] também se preocupem".
E emendou com a frase que, a meu ver, é uma das grandes pérolas do século:
Isso mesmo, o Ministro da Fazenda achou pertinente explicar que o governo não viola contratos.
E logo após veio mais uma canetada.
E hoje teve mais uma.
Essa historinha singela contada no blog do Guilherme Barros fez as ações de distribuidoras de combustíveis amargarem perdas enormes. A ideia genial do governo é forçar para baixo o preço de venda de combustíveis de uma distribuidora sob o seu controle para fazer com que as empresas privadas façam o mesmo - resolvendo de forma brilhante dois problemas: a inflação e as distorções derivadas da manipulação do preço da gasolina sobre a Petrobras.
Nada melhor que uma manipulação aqui para resolver uma distorção ali. Vamos tocando e comemorando alegremente porque, até agora, o governo não violou nenhum contrato. Boa, não?
Em tempo: nenhuma decisão foi tomada, mas, diante do currículo, dá para acreditar que não virá mais esta atrocidade?
Não dá outra: faça uma pesquisa e verás que o ser humano costuma produzir mais quando tem a perspectiva de enriquecer se esforçando. No processo há todo tipo de pilantragem que exige correções na marra. Mas, quando a mão pesada erra a dose, o espírito empreendedor desaparece e a aldeia empobrece.
Neste sentido, preocupam os esforços crescentes do governo para fazer com que o Brasil volte a se parecer com o mastodonte que parou de crescer por 20 anos após o "milagre".
O divertido esporte de transferir fortunas de A para B por meio de canetadas é uma forma bastante eficiente de voltar no tempo. Ao que parece as otoridades estão curtindo a brincadeira.
Tanto isso é verdade que em uma entrevista ao Estadão o Ministro da Fazenda, no melhor estilo Siciliano, lembrou os bancos que "se nós estamos preocupados, é bom que [vocês] também se preocupem".
E emendou com a frase que, a meu ver, é uma das grandes pérolas do século:
"Desde 2003 não violamos nenhum contrato".
Isso mesmo, o Ministro da Fazenda achou pertinente explicar que o governo não viola contratos.
E logo após veio mais uma canetada.
E hoje teve mais uma.
Essa historinha singela contada no blog do Guilherme Barros fez as ações de distribuidoras de combustíveis amargarem perdas enormes. A ideia genial do governo é forçar para baixo o preço de venda de combustíveis de uma distribuidora sob o seu controle para fazer com que as empresas privadas façam o mesmo - resolvendo de forma brilhante dois problemas: a inflação e as distorções derivadas da manipulação do preço da gasolina sobre a Petrobras.
Nada melhor que uma manipulação aqui para resolver uma distorção ali. Vamos tocando e comemorando alegremente porque, até agora, o governo não violou nenhum contrato. Boa, não?
Em tempo: nenhuma decisão foi tomada, mas, diante do currículo, dá para acreditar que não virá mais esta atrocidade?
O lado realmente negativo das "políticas afirmativas"
A propósito do sempre polêmico tema das cotas, li um artigo interessante neste final de semana, no Wall Street Journal.
Também lá na matriz a discussão sobre a pertinência dessas medidas é normalmente focada na questão de saber se faz ou não sentido adotar políticas que poderiam ser consideradas discriminatórias contra brancos ou quaisquer fatias da população não contempladas.
Esse é o teor da controvérsia aqui na filial, como pode ser visto nesta matéria. Os opositores classificam a medida de injusta contra os não contemplados e os defensores falam em resgate de "dívida histórica".
A conjuntura eleitoral evidentemente ajuda muito a trazer lucidez e profundidade ao debate.
Um problema com este tratamento da questão é que, implicitamente, pressupõe-se que políticas desse tipo trazem apenas benefícios e poucos custos. Afora o rótulo pejorativo de "aluno ou funcionário de cota", normalmente se considera que cotas trazem apenas benefícios aos contemplados.
A pesquisa dos autores do artigo do WSJ mostra que não é bem assim.
A evidência americana revela que os beneficiados por preferências de quaisquer tipos - raciais, habilidades esportivas, conexões - são vítimas de efeitos perversos como: (i) desempenho muito abaixo da média, (ii) abandono de carreiras de "hard science", (iii) níveis elevados de auto-segregação no campus, (iv) auto-estima e confiança intelectual diminuída e (v) e dificuldade muito maior de aprovação em testes para obtenção de licenças (como o da OAB no Brasil).
Todos esses efeitos não soam pouco intuitivos para quem provavelmente pensou mais do que 10 minutos sobre a questão. A parte notável da evidência estatística é a constatação de que o inverso também é válido. Os problemas desaparecem para os mesmos estudantes quando eles entram em escolas em que o aluno mediano tem o mesmo nível de preparação acadêmica. Quando não há o problema que os autores classificam de "mismatch", os sintomas nocivos somem: aumenta a auto-confiança, a chance de escolha de carreira afinada com as aspirações, amizades e casamentos inter-raciais e etc.
Aprendi lendo este artigo, por exemplo, que a proporção de alunos hispânicos e negros que aspiram carreiras em áreas de engenharia e ciências é maior nos EUA - fato confirmado por diversos estudos feitos por psicólogos. Ao receber preferência em escolas de elite, eles têm dificuldade de acompanhar e tendem a migrar para áreas de "humanas" - cujos sistemas de avaliação são menos punitivos. O resultado distorcido é que os alunos brancos têm sete vezes mais chance de entrar em um curso de pós-graduação em engenharia e ciência.
Recomendo fortemente a leitura para quem quiser coletar dados para formar opinião sobre esse assunto delicado.
Também lá na matriz a discussão sobre a pertinência dessas medidas é normalmente focada na questão de saber se faz ou não sentido adotar políticas que poderiam ser consideradas discriminatórias contra brancos ou quaisquer fatias da população não contempladas.
Esse é o teor da controvérsia aqui na filial, como pode ser visto nesta matéria. Os opositores classificam a medida de injusta contra os não contemplados e os defensores falam em resgate de "dívida histórica".
A conjuntura eleitoral evidentemente ajuda muito a trazer lucidez e profundidade ao debate.
Um problema com este tratamento da questão é que, implicitamente, pressupõe-se que políticas desse tipo trazem apenas benefícios e poucos custos. Afora o rótulo pejorativo de "aluno ou funcionário de cota", normalmente se considera que cotas trazem apenas benefícios aos contemplados.
A pesquisa dos autores do artigo do WSJ mostra que não é bem assim.
A evidência americana revela que os beneficiados por preferências de quaisquer tipos - raciais, habilidades esportivas, conexões - são vítimas de efeitos perversos como: (i) desempenho muito abaixo da média, (ii) abandono de carreiras de "hard science", (iii) níveis elevados de auto-segregação no campus, (iv) auto-estima e confiança intelectual diminuída e (v) e dificuldade muito maior de aprovação em testes para obtenção de licenças (como o da OAB no Brasil).
Todos esses efeitos não soam pouco intuitivos para quem provavelmente pensou mais do que 10 minutos sobre a questão. A parte notável da evidência estatística é a constatação de que o inverso também é válido. Os problemas desaparecem para os mesmos estudantes quando eles entram em escolas em que o aluno mediano tem o mesmo nível de preparação acadêmica. Quando não há o problema que os autores classificam de "mismatch", os sintomas nocivos somem: aumenta a auto-confiança, a chance de escolha de carreira afinada com as aspirações, amizades e casamentos inter-raciais e etc.
Aprendi lendo este artigo, por exemplo, que a proporção de alunos hispânicos e negros que aspiram carreiras em áreas de engenharia e ciências é maior nos EUA - fato confirmado por diversos estudos feitos por psicólogos. Ao receber preferência em escolas de elite, eles têm dificuldade de acompanhar e tendem a migrar para áreas de "humanas" - cujos sistemas de avaliação são menos punitivos. O resultado distorcido é que os alunos brancos têm sete vezes mais chance de entrar em um curso de pós-graduação em engenharia e ciência.
Recomendo fortemente a leitura para quem quiser coletar dados para formar opinião sobre esse assunto delicado.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
petrobras e inflação
a graça foster foi pra cima do manteiga, avisando e detalhando os investimentos que serão cortados se ele seguir barrando o reajuste de combustíveis.
os preços precisam subir, precisam sinalizar os reais custos de se encher o tanque, isso é economics 101! e, para reafirmar o óbvio: a petrobás é uma empresa de capital misto com enormes desafios de investimento pela frente.
enaltecer o pré-sal e impedir aumento de preços de combustível é um oxímoro, será que o guido não percebe isso?
vai aumentar a inflação para perto de 6% ano que vem, mas isso não é problema da petrobrás, e sim do BC (que aliás, não parece estar muito preocupado com a inflação perto de 6%...diga-se que perto do Fábio e do Celso, eu sou uma pombinha, mas 4,5% de inflação estaria de bom tamanho, não dá pra chamar inflação desse tamanho de inflação de neoliberal)
os preços precisam subir, precisam sinalizar os reais custos de se encher o tanque, isso é economics 101! e, para reafirmar o óbvio: a petrobás é uma empresa de capital misto com enormes desafios de investimento pela frente.
enaltecer o pré-sal e impedir aumento de preços de combustível é um oxímoro, será que o guido não percebe isso?
vai aumentar a inflação para perto de 6% ano que vem, mas isso não é problema da petrobrás, e sim do BC (que aliás, não parece estar muito preocupado com a inflação perto de 6%...diga-se que perto do Fábio e do Celso, eu sou uma pombinha, mas 4,5% de inflação estaria de bom tamanho, não dá pra chamar inflação desse tamanho de inflação de neoliberal)
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
O PIB vai crescer mais do que 3% no ano que vem?
Liguei para o FK antes dele embarcar para Tokyo e ele disse para não ficar preocupado. Como o PIB cresceu 0,5% nos últimos 12 meses, é quase certo que há ociosidade para acomodar todos os estímulos - mesmo que o mundo fique no mesmo lenga-lenga. Tudo bem. Mas será que não vai ser um vôo de galinha, abrindo espaço para o juro cair ainda mais? Os dados de crédito estão feios.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Estabilidade não linear ...
faz lembrar a época da inflação "inercialmente acelerada".
Quem tem mais do que 40 lembra.
Talvez também o imbecil que postou antes de mim.
Quem tem mais do que 40 lembra.
Talvez também o imbecil que postou antes de mim.
Economista X
Os três bobocas liberais me convidaram para participar do Blog. Eles sabem que eu sou melhor que eles em Economia, e pediram uma ajuda. Eu aceitei, mas com uma condicionalidade: não faço compromissos, não pego leve, não respondo comentários imbecis de leitores idiotas e vou esculachar quem falar imbecilidade econômica, sem dó. Sei muito bem modelos matemáticos, econometria e história. Leio todos os jornais e papers técnicos. Sou foda e só ficarei aqui enquanto os três bobocas não encherem minha paciência. Sou uma espécie de Ombudsman sem qualquer respeito pelos intelectualmente mais fracos. Sou o economista X.
domingo, 7 de outubro de 2012
Cost Disease
de madrugada eu ando lendo um livro do Baumol, que eu confesso que pensei já estivesse morto. ele virou assistant professor 60 anos atrás...e publicou um livro agora em 2012!
o livro tem uma sacada teórica antiga (mas interessante) e exemplos legais. vale a pena ler.
resumo aqui o ponto nevrálgico: há cinquenta anos, a inflação de serviços que requerem muito labor input de modo estrutural (educação, saúde, manutenções de todos os tipos, etc) tem sido muito mais forte que o CPI cheio porque enquanto nas manufaturas a produtividade sobe via automação, esse processo é muito limitado nos tais serviços labor-intensives. mas qual o canal ligando produtividade relativa de dois setores à inflação relativa? a produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. o problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura. isso implica em preços finais mais altos para esses serviços (na manufatura isso não acontence pois a produtividade subiu junto com os salários). assim, os altíssimos preços dos serviços médicos, dos concertos de música, da educação, e de outras atividades muito labor-intensive são o resultado natural do progresso na produtividade dos outros setores da economia.
mas o ponto todo é que não é pra se preocupar muito com isso. com a produtividade total em alta, podemos usufruir de maior consumo em manufaturas e em serviços! em cinquenta anos, os serviços médicos e de educação vão tomar mais de 50% dos orçamentos familiares, mas os outros 50% que sobrarem serão suficientes, graças ao incremento da produtividade, para comprar todo o resto....
o livro tem uma sacada teórica antiga (mas interessante) e exemplos legais. vale a pena ler.
resumo aqui o ponto nevrálgico: há cinquenta anos, a inflação de serviços que requerem muito labor input de modo estrutural (educação, saúde, manutenções de todos os tipos, etc) tem sido muito mais forte que o CPI cheio porque enquanto nas manufaturas a produtividade sobe via automação, esse processo é muito limitado nos tais serviços labor-intensives. mas qual o canal ligando produtividade relativa de dois setores à inflação relativa? a produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. o problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura. isso implica em preços finais mais altos para esses serviços (na manufatura isso não acontence pois a produtividade subiu junto com os salários). assim, os altíssimos preços dos serviços médicos, dos concertos de música, da educação, e de outras atividades muito labor-intensive são o resultado natural do progresso na produtividade dos outros setores da economia.
mas o ponto todo é que não é pra se preocupar muito com isso. com a produtividade total em alta, podemos usufruir de maior consumo em manufaturas e em serviços! em cinquenta anos, os serviços médicos e de educação vão tomar mais de 50% dos orçamentos familiares, mas os outros 50% que sobrarem serão suficientes, graças ao incremento da produtividade, para comprar todo o resto....
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Pentágono da Política Econômica
Tripé é sexualmente chulo. A nova política econômica é definida pelas cinco restrições:
1) Inflação abaixo de 6,5%
2) Juro menor que 7,5%
3) Câmbio maior que R$/US$ 2,00
4) Crescimento do PIB maior que 4%
5) Dívida líquida cadente (i.e., menor que a do período anterior como proporção do PIB)
Com base nisso, a Dilma resolve um Simplex e obtém o pentágono (no hiperespaço das variáveis macro) que define o locus da solução.
As perguntas relevantes são:
(a) Quando o Brasil sai fora do pentágono? (minha resposta: somente em 2014)
(b) Por qual a aresta do pentágono? (minha resposta: não conto por enquanto)
1) Inflação abaixo de 6,5%
2) Juro menor que 7,5%
3) Câmbio maior que R$/US$ 2,00
4) Crescimento do PIB maior que 4%
5) Dívida líquida cadente (i.e., menor que a do período anterior como proporção do PIB)
Com base nisso, a Dilma resolve um Simplex e obtém o pentágono (no hiperespaço das variáveis macro) que define o locus da solução.
As perguntas relevantes são:
(a) Quando o Brasil sai fora do pentágono? (minha resposta: somente em 2014)
(b) Por qual a aresta do pentágono? (minha resposta: não conto por enquanto)
Botellón
Uma vez discutimos o desemprego dos jovens na Espanha como indício de revolução. Essa NEET rate mede algo mais adequado que a unemployment rate, pois coloca aqueles que ainda estão estudando e na casa do papai na conta.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
OMT e mercado primário: o retorno
Eu e outros economistinhas estamos confusos com a possibilidade
do OMT ajudar países como Portugal, que estão ganhando acesso ao mercado.
Primeiro eu achei irrelevante o assunto, porque o mercado primário iria reagir
a promessa do BCE comprar no secundário, e iria abrir automaticamente. Mas agora o Draghi veio com o papo que o “OMT não é um substituto para o acesso ao
mercado primário”, sugerindo que ele só vai ajudar depois de um bom tempo do
mercado primário estar funcionando. Não entendo como ele vai definir o que é
acesso ao mercado primário, se ele for muito rigoroso o OMT se torna inútil.
Não há prova de envolvimento do Hitler no holocausto
Mais uma notícia que temos que comentar aqui no ACTL EM.
O Coringa diz que não há provas de envolvimento do Darth Vader no mensalão, contrariando a visão do Batman.
Pensando bem, ele tem toda razão.
Creio que não existe nenhuma ata, ou gravação que prove de forma cabal as maracutaias. Como in dubio pro reu, inocente-se o Darth.
Parênteses: a existência de foto/vídeo provavelmente não alteraria a opinião do Coringa. Recentemente a casa do povo inocentou uma deputada que foi flagrada recebendo uma graninha. Se rola lá, why not?
Vejam aqui que tem gente que argumenta que o holocausto não ocorreu porque não existe uma ordem escrita para a política de genocídio. Será que o Coringa, advogado justo que é, não inocentaria o Hitler também?
Péralá.
O julgamento do mensalão é importante porque está na hora de definirmos aqui na republiqueta a linha que divide o que é uma dúvida razoável do que é uma dúvida não razoável para crimes do colarinho branco, certo?
O Coringa diz que não há provas de envolvimento do Darth Vader no mensalão, contrariando a visão do Batman.
Pensando bem, ele tem toda razão.
Creio que não existe nenhuma ata, ou gravação que prove de forma cabal as maracutaias. Como in dubio pro reu, inocente-se o Darth.
Parênteses: a existência de foto/vídeo provavelmente não alteraria a opinião do Coringa. Recentemente a casa do povo inocentou uma deputada que foi flagrada recebendo uma graninha. Se rola lá, why not?
Vejam aqui que tem gente que argumenta que o holocausto não ocorreu porque não existe uma ordem escrita para a política de genocídio. Será que o Coringa, advogado justo que é, não inocentaria o Hitler também?
Péralá.
O julgamento do mensalão é importante porque está na hora de definirmos aqui na republiqueta a linha que divide o que é uma dúvida razoável do que é uma dúvida não razoável para crimes do colarinho branco, certo?
O Retorno de "FK, o Retorno"
Comemorei neste post o que seria o retorno do FK ao ACTL EM.
Para quem ainda não sabe, o FK costumava produzir 60 litros diários de sabedoria com facilidade.
Talvez a época das vacas gordas esteja chegando ao fim. Vejam foto recente do FK em uma defesa de tese lá na FEA.
Para quem ainda não sabe, o FK costumava produzir 60 litros diários de sabedoria com facilidade.
Talvez a época das vacas gordas esteja chegando ao fim. Vejam foto recente do FK em uma defesa de tese lá na FEA.
Colapso do preço de commodities?
Sempre que acordo otimista demais dou uma olhada no blog do Michael Pettis.
Além de ajudar a baixar a bola o garoto supostamente entende daquilo que ninguém mais entende: China. O blog é muito bom para saber o que está rolando lá desde que se leve em conta que a pegada dele é sinistramente pessimista. Ninguém pode acusar o Pettis de inconsistência. Desde 2007 não há um post sequer que não seja dedicado a ver o lado escuro de tudo
Neste longo post ele prevê que os preços de commodities despencarão até 2015. A tese é baseada em três argumentos:
1. Defasagens grandes da resposta da oferta ao estímulo de demanda de vários anos atrás: se entendi direito tem mina abrindo hoje que só faria sentido com preços bem mais altos;
2. O crescimento chinês vai diminuir e vai mudar de composição, penalizando o consumo de metais;
3. A china vem acumulando estoques de metais há anos e, segundo ele, vai se transformar em vendedora líquida de metais.
Previsões do tipo radical - que o Pettis, Roubini e etc curtem- costumam ser piores do que a média. Quem as leva a sério costuma se dar mal.
O Roubini começou a prever o colapso vários anos antes dele ocorrer (e colocava ênfase no "desbalanceamento" entre EUA e China e não na questão do subprime, que realmente foi a que pegou). Quem acreditou logo de cara provavelmente quebrou antes de ver a aposta dar certo.
Este fato está bem documentado em um livro (já antigo) e imperdível do Philip Tetlock, com excelente revisão feita pelo New Yorker - não deixem de ler.
Com relação aos preços de metais, se a premissa de que a China deverá crescer no futuro bem menos do que os 5%-7% que a maioria espera estiver correta, é bem possível que ocorra um colapso mesmo. Outra razão que ele não cita é o fato de que o dólar provavelmente vai ganhar força no futuro, deprimindo os preços em dólares.
Agora, olhando para o curto prazo - onde a vista alcança um pouco mais - esta montanha de liquidez e uma retomada (mesmo que cíclica) da China após a transição deverá dar um belo gás na inflação de commodities metálicas no ano que vem.
Além de ajudar a baixar a bola o garoto supostamente entende daquilo que ninguém mais entende: China. O blog é muito bom para saber o que está rolando lá desde que se leve em conta que a pegada dele é sinistramente pessimista. Ninguém pode acusar o Pettis de inconsistência. Desde 2007 não há um post sequer que não seja dedicado a ver o lado escuro de tudo
Neste longo post ele prevê que os preços de commodities despencarão até 2015. A tese é baseada em três argumentos:
1. Defasagens grandes da resposta da oferta ao estímulo de demanda de vários anos atrás: se entendi direito tem mina abrindo hoje que só faria sentido com preços bem mais altos;
2. O crescimento chinês vai diminuir e vai mudar de composição, penalizando o consumo de metais;
3. A china vem acumulando estoques de metais há anos e, segundo ele, vai se transformar em vendedora líquida de metais.
Previsões do tipo radical - que o Pettis, Roubini e etc curtem- costumam ser piores do que a média. Quem as leva a sério costuma se dar mal.
O Roubini começou a prever o colapso vários anos antes dele ocorrer (e colocava ênfase no "desbalanceamento" entre EUA e China e não na questão do subprime, que realmente foi a que pegou). Quem acreditou logo de cara provavelmente quebrou antes de ver a aposta dar certo.
Este fato está bem documentado em um livro (já antigo) e imperdível do Philip Tetlock, com excelente revisão feita pelo New Yorker - não deixem de ler.
Com relação aos preços de metais, se a premissa de que a China deverá crescer no futuro bem menos do que os 5%-7% que a maioria espera estiver correta, é bem possível que ocorra um colapso mesmo. Outra razão que ele não cita é o fato de que o dólar provavelmente vai ganhar força no futuro, deprimindo os preços em dólares.
Agora, olhando para o curto prazo - onde a vista alcança um pouco mais - esta montanha de liquidez e uma retomada (mesmo que cíclica) da China após a transição deverá dar um belo gás na inflação de commodities metálicas no ano que vem.
Relançamento do Blog
Como é praxe, eu não pedi autorização ou aprovação dos outros liberais. Com esse novo título eu me sentirei mais animado a postar minhas ideias profundas sobre a economia brasileira e internacional, sem dar crédito aos autores originais. Vou aproveitar e estrear com a seguinte:
A melhora da difusão da indústria sugere que a economia brasileira está mesmo se recuperando.
A melhora da difusão da indústria sugere que a economia brasileira está mesmo se recuperando.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Frase em um email do Sr. Antonio Madeira
Recebi um email de um amigo chamado Antonio Madeira. Ele é um sujeito bem conservador. Não sei se a frase é dele, ou se ele leu na sua segunda bíblia, o FT. Aí vai:
"Not all germans believe in God, but all of them believe in the Bundesbank"
"Not all germans believe in God, but all of them believe in the Bundesbank"
terça-feira, 2 de outubro de 2012
catador de lata
as pessoas pagam impostos para as prefeituras arranjarem um sistema de coleta de lixos, mas são raros os casos em que se paga mais de acordo com o volume de lixo gerado. resulta daí, desse custo marginal zero, que se produz muito lixo. e tem uns lixos que geram mais externalidades negativas do que outros. garrafa de refrigerante, feita de plástico, é um lixo que agride mais a natureza e dá mais trabalho para lidar que casca de banana. a coisa de reciclar ajuda bem a lidar com o problema da garrafa plástica ou latas de cerveja, mas se eu não tenho benefício privado de fazer isso, por quê me dar ao trabalho? se eu for "consciente", eu faço pelo bem-estar dos outros, mas a regra geral que rege nosso padrão de comportamento é que olhamos mais para nossos umbigos; e reciclar é meio trabalhoso. como atenuar esse problema? pode dar um subsidío para quem recicla, mas essa coisa é meio difícil de observar e, mais importante, prover subsídio implica ou aumentar imposto em algum lugar, ou gastar menos com outra coisa (educação, saúde). pode meter um imposto punitivo nas latas e garrafas plásticas. com isso, diminuirá o número de produtos vendidos nesse tipo de recipiente, é verdade, mas por outro lado, uma vez pago o custo na hora da compra do produto, eu não tenho mais nenhum incentivo ex-post a reciclar...a melhor solução me parece ser taxar o produto vendido em garrafas plásticas e latinhas pesadamente, e depois rebater parte desse imposto em um centro reciclador onde as pessoas levariam latas e garrafas plásticas para receber uma grana de volta. aí sim se geraria incentivos ex-post a reciclar, e o Estado não gastaria liquidamente nada (o subsídio na hora da devolução da lata é pago via imposto mais alto na hora da compra da lata).
em países pobres, curiosamente, isso tudo é menos um problema. por um motivo ruim, mas não deixa de ser verdade que políticas públicas incentivando reciclagem sejam menos prementes nesses países. em locais pobres, têm mais catadores de lixo para resolver, "via mercado", o problema. isso porque mesmo a renda baixíssima dessa tarefa acaba atraindo um considerável número de pessoas sem outras opções de trabalho. se você, leitor, pertence aquele grupo dos "políticamente corretos", você está fulo da vida com isso. mas eu não estou nem aí. o politicamente correto é chato demais, e muitas vezes é burro também.
em países pobres, curiosamente, isso tudo é menos um problema. por um motivo ruim, mas não deixa de ser verdade que políticas públicas incentivando reciclagem sejam menos prementes nesses países. em locais pobres, têm mais catadores de lixo para resolver, "via mercado", o problema. isso porque mesmo a renda baixíssima dessa tarefa acaba atraindo um considerável número de pessoas sem outras opções de trabalho. se você, leitor, pertence aquele grupo dos "políticamente corretos", você está fulo da vida com isso. mas eu não estou nem aí. o politicamente correto é chato demais, e muitas vezes é burro também.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Será que a Alemanha vai vazar?
Ouvi uma vez o argumento de que os créditos contabilizados no sistema de compensação europeu (TARGET2) eram um óbice à eventual decisão de saída da Alemanha (e de seus irmãos ricos, Finlândia, Luxemburgo e Holanda).
Os créditos monstruosos - coisa da ordem de 35% do PIB no caso da Alemanha - indicavam a imbricação entre "ricos" e "pobres" e mais do que ultrapassavam o ponto a partir do qual dívidas tornam-se problemas dos credores.
Sujeito simples que sou, aceitei imediatamente algo que me soava bastante intuitivo (também testemunhei gente mais inteligente do que eu caindo na armadilha). Errei mais uma vez.
O economista Paul De Grauwe e uma colega mostraram de forma simples e cristalina que o tamanho do problema do ponto de vista dos ricos é bem menor do que os créditos no TARGET2 (na verdade, o problema equivale "apenas" ao superávit em transações correntes acumulado - tenho um pouco de vergonha de ter que escrever esta obviedade).
Parênteses: tinha a intenção de reproduzir ipsis litteris o argumento n'O Consciência no início da semana mas descobri ontem que o Martin Wolf fez o serviço.
A ideia é banal: basta o Bundesbank converter Euros em Marcos apenas aos residentes alemães (talvez aos alemães não residentes também). Desse modo, por exemplo, um espanhol que depositou dinheiro em um banco alemão transformando-se em especulador com taxas de câmbio receberia no final o saldo em Euros (que, justamente, deveriam ser trocados por Pesetas).
A partir daí é muito simples concluir que a fragilidade da posição alemã é proporcional apenas à disposição do país em exportar liquidamente BMWs e afins - coisa que depende só da própria alemanha e que ela curte fazer apesar de ver os vizinhos destroçados.
Muito bem. Dá para concluir daí que a saída da Alemanha não é tão difícil como parece. E, a julgar pela atmosfera na Espanha, parece que o cenário está cada vez mais próximo.
Mas também dá para olhar o negócio sob o prisma Velhinha de Taubaté: se a Angela Merkel imprimir milhões de versões do texto do Paul De Grauwe e mandar um helicóptero distribuir na periferia pode ser que os fluxos especulativos diminuam e até que o público fique mais tranquilo na própria Alemanha, aumentando a chance de tudo dar certo.
É mole?
Os créditos monstruosos - coisa da ordem de 35% do PIB no caso da Alemanha - indicavam a imbricação entre "ricos" e "pobres" e mais do que ultrapassavam o ponto a partir do qual dívidas tornam-se problemas dos credores.
Sujeito simples que sou, aceitei imediatamente algo que me soava bastante intuitivo (também testemunhei gente mais inteligente do que eu caindo na armadilha). Errei mais uma vez.
O economista Paul De Grauwe e uma colega mostraram de forma simples e cristalina que o tamanho do problema do ponto de vista dos ricos é bem menor do que os créditos no TARGET2 (na verdade, o problema equivale "apenas" ao superávit em transações correntes acumulado - tenho um pouco de vergonha de ter que escrever esta obviedade).
Parênteses: tinha a intenção de reproduzir ipsis litteris o argumento n'O Consciência no início da semana mas descobri ontem que o Martin Wolf fez o serviço.
A ideia é banal: basta o Bundesbank converter Euros em Marcos apenas aos residentes alemães (talvez aos alemães não residentes também). Desse modo, por exemplo, um espanhol que depositou dinheiro em um banco alemão transformando-se em especulador com taxas de câmbio receberia no final o saldo em Euros (que, justamente, deveriam ser trocados por Pesetas).
A partir daí é muito simples concluir que a fragilidade da posição alemã é proporcional apenas à disposição do país em exportar liquidamente BMWs e afins - coisa que depende só da própria alemanha e que ela curte fazer apesar de ver os vizinhos destroçados.
Muito bem. Dá para concluir daí que a saída da Alemanha não é tão difícil como parece. E, a julgar pela atmosfera na Espanha, parece que o cenário está cada vez mais próximo.
Mas também dá para olhar o negócio sob o prisma Velhinha de Taubaté: se a Angela Merkel imprimir milhões de versões do texto do Paul De Grauwe e mandar um helicóptero distribuir na periferia pode ser que os fluxos especulativos diminuam e até que o público fique mais tranquilo na própria Alemanha, aumentando a chance de tudo dar certo.
É mole?
Férias coletivas para o pessoal do COPOM?
Hoje saiu o RTI.
Segundo o BC, no cenário em que o juro fica em 7,5%, a inflação de 2013 é 4.9%
No cenário em que o juro sobe para quase 9%, ela fica em 4.8% em 2013.
Game over.
Dado esse estado de extrema tranquilidade da inflação e dada a insensibilidade da inflação aos juros, proponho férias coletivas para o pessoal do COPOM, afinal todos somos humanos.
Segundo o BC, no cenário em que o juro fica em 7,5%, a inflação de 2013 é 4.9%
No cenário em que o juro sobe para quase 9%, ela fica em 4.8% em 2013.
Game over.
Dado esse estado de extrema tranquilidade da inflação e dada a insensibilidade da inflação aos juros, proponho férias coletivas para o pessoal do COPOM, afinal todos somos humanos.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Você conhece alguém na Goldman, ou no Estadão?
Eu gosto de ler o Estadão, quando dá tempo.
Hoje no caderno de economia saiu um negócio totalmente errado. O assunto é a queda de 50% nas taxas dos cartões de crédito. Reproduzo: "Nas contas dos analistas da Goldman...Eles mostraram uma preocupação com o risco de uma seleção adversa, com atração de clientes problemáticos à procura de melhores condições de financiamento, o que pode elevar os custos de crédito" (pag.B5)
É O CONTRÁRIO, pai do Céu...
Quando o juro cai, a composição do pool de tomadores de recursos melhora, pois bons devedores que optavam por não pegar crédito a taxas mais altas, com juro menor sentem-se mais dispostos a tal. Assim, a qualidade média da carteira melhora e a inadimplência cai. É quando os juros sobem que ocorre a seleção adversa, pois os juros mais altos afastam os bons tomadores mas não os que planejam dar calote ou têm em mente investir o recurso em algo bem arriscado (taxa de retorno esperado elevada, mas altíssima variância).
Por favor, alguém faria o obséquio de comunicar isso aos repórteres do Estadão e ao pessoal da Goldman? Pode também recomendar a leitura de um livro de Introdução à Economia? Pode ser o meu livro de Introdução? Aí eu ganho uns dois reais por ter escrito esse post. Obrigado.
Hoje no caderno de economia saiu um negócio totalmente errado. O assunto é a queda de 50% nas taxas dos cartões de crédito. Reproduzo: "Nas contas dos analistas da Goldman...Eles mostraram uma preocupação com o risco de uma seleção adversa, com atração de clientes problemáticos à procura de melhores condições de financiamento, o que pode elevar os custos de crédito" (pag.B5)
É O CONTRÁRIO, pai do Céu...
Quando o juro cai, a composição do pool de tomadores de recursos melhora, pois bons devedores que optavam por não pegar crédito a taxas mais altas, com juro menor sentem-se mais dispostos a tal. Assim, a qualidade média da carteira melhora e a inadimplência cai. É quando os juros sobem que ocorre a seleção adversa, pois os juros mais altos afastam os bons tomadores mas não os que planejam dar calote ou têm em mente investir o recurso em algo bem arriscado (taxa de retorno esperado elevada, mas altíssima variância).
Por favor, alguém faria o obséquio de comunicar isso aos repórteres do Estadão e ao pessoal da Goldman? Pode também recomendar a leitura de um livro de Introdução à Economia? Pode ser o meu livro de Introdução? Aí eu ganho uns dois reais por ter escrito esse post. Obrigado.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
It's the stock, stupid !
Uma conversa outro dia sobre operações monetárias heterodoxas (kiwis)
-- a merda dessas operações é que quando o FED parar de comprar, vai ter um spike nas taxas, você vai ver!
-- não creio....que modelo você tem na cabeça pra dizer isso?
-- modelo, modelo, pára com essa bobagem de economista, é o fluxo que dá a taxa e ponto final!
-- por que então oscilações de déficit público não tem impacto discernível na taxa de juro paga pelo FED? Nenhum paper acha isso nos dados, lamento te informar.
-- paper, paper, se nao tá em paper então é errado?
-- well...
-- explica aí então essa teoria tua vai!
-- nao é minha, é do Tobin, um cara que ganhou o nobel. dado os fatores que afetam a decisao de alocação de portfolio, configuram-se as demandas de mercado por diferentes classes de ativos. agora, se o governo retira do mercado parte dos treasuries, por exemplo, a oferta desse bicho se reduz para um patamar menor. mesma demanda e menor oferta aumenta o preço, ou seja, caem os juros. então o fluxo é importante apenas na medida que ele impacta o estoque daquele tipo de ativo. se o governo simplesmente pára de comprar titulos adicionais, o estoque NÃO se reduz, a relação entre oferta e demanda se mantém e assim o juro não dispara. sacou?
-- entao a queda dos juros tampouco tem a ver com os "kiwis"?
-- os kiwis afetaram percepção de ruptura financeira e assim mudaram os parametros que determinam as demandas relativas pelos ativos, então eu não tiraria essa conclusão não. além disso, os kiwis foram tão expressivos que afetaram a oferta de treasuries de modo expressivo sim.
-- caramba, não to entendendo direito então..
-- vai ler o paper do Tobin e depois a gente conversa, ok?
-- tá bom, mas para com essa coisa de minúsculas, cacete, você não é o valter hugo mãe.
-- a merda dessas operações é que quando o FED parar de comprar, vai ter um spike nas taxas, você vai ver!
-- não creio....que modelo você tem na cabeça pra dizer isso?
-- modelo, modelo, pára com essa bobagem de economista, é o fluxo que dá a taxa e ponto final!
-- por que então oscilações de déficit público não tem impacto discernível na taxa de juro paga pelo FED? Nenhum paper acha isso nos dados, lamento te informar.
-- paper, paper, se nao tá em paper então é errado?
-- well...
-- explica aí então essa teoria tua vai!
-- nao é minha, é do Tobin, um cara que ganhou o nobel. dado os fatores que afetam a decisao de alocação de portfolio, configuram-se as demandas de mercado por diferentes classes de ativos. agora, se o governo retira do mercado parte dos treasuries, por exemplo, a oferta desse bicho se reduz para um patamar menor. mesma demanda e menor oferta aumenta o preço, ou seja, caem os juros. então o fluxo é importante apenas na medida que ele impacta o estoque daquele tipo de ativo. se o governo simplesmente pára de comprar titulos adicionais, o estoque NÃO se reduz, a relação entre oferta e demanda se mantém e assim o juro não dispara. sacou?
-- entao a queda dos juros tampouco tem a ver com os "kiwis"?
-- os kiwis afetaram percepção de ruptura financeira e assim mudaram os parametros que determinam as demandas relativas pelos ativos, então eu não tiraria essa conclusão não. além disso, os kiwis foram tão expressivos que afetaram a oferta de treasuries de modo expressivo sim.
-- caramba, não to entendendo direito então..
-- vai ler o paper do Tobin e depois a gente conversa, ok?
-- tá bom, mas para com essa coisa de minúsculas, cacete, você não é o valter hugo mãe.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Geografia
Mexico is the new China.
China is the new Russia.
Russia is the new Europe.
Europe is the new Japan.
Japan is the new…?
Japan is the new…?
Target de PIB nominal
Esse argumento eh do Haldane, do BoE.
Quando o policymaker não tem muita certeza sobre a natureza do choque macroeconomico -- oferta ou demanda -- meta de PIB nominal é uma boa. Suponha uma meta de 5%. Se a deficiência for de demanda, a política monetária leva o país a um crescimento, digamos, de 3,5% e uma inflação de 1,5%. Se a deficiência for de oferta, o país termina com uma inflação de 3,5% e um crescimento de 1,5%. De todo modo, a inflação fica em patamar razoável.
Ela fica mais volátil que no sistema de metas de inflação, contudo. Mas no sistema de metas de inflação, se o policymaker acha que tem um problema de oferta e ele está errado, a economia sofre à toa, diz o argumento. Mas o meu ponto é: aí, nesse caso, a inflação ficará abaixo da meta no fim do dia e o policymaker reverte curso depois. O que eu não entendo no ponto do Haldane é o seguinte: no sistema de metas de PIB nominal o cara também precisa ter uma idéia da natureza do problema para calibrar a política de juros voltada para atingir um certo alvo de PIB nominal, certo? Por exemplo, se não tiver um problema de demanda e ele baixar os juros, vai correr o risco de o PIB nominal ficar mais elevado que a meta de PIB nominal. Do mesmo jeito que no sistema de metas. Me parece que essa minha crítica não é válida no caso em que a teoria quantitativa funciona perfeitamente e a velocidade de circulação é constante. Aí, de fato, determinando M, determina-se PY e ponto final....
Quando o policymaker não tem muita certeza sobre a natureza do choque macroeconomico -- oferta ou demanda -- meta de PIB nominal é uma boa. Suponha uma meta de 5%. Se a deficiência for de demanda, a política monetária leva o país a um crescimento, digamos, de 3,5% e uma inflação de 1,5%. Se a deficiência for de oferta, o país termina com uma inflação de 3,5% e um crescimento de 1,5%. De todo modo, a inflação fica em patamar razoável.
Ela fica mais volátil que no sistema de metas de inflação, contudo. Mas no sistema de metas de inflação, se o policymaker acha que tem um problema de oferta e ele está errado, a economia sofre à toa, diz o argumento. Mas o meu ponto é: aí, nesse caso, a inflação ficará abaixo da meta no fim do dia e o policymaker reverte curso depois. O que eu não entendo no ponto do Haldane é o seguinte: no sistema de metas de PIB nominal o cara também precisa ter uma idéia da natureza do problema para calibrar a política de juros voltada para atingir um certo alvo de PIB nominal, certo? Por exemplo, se não tiver um problema de demanda e ele baixar os juros, vai correr o risco de o PIB nominal ficar mais elevado que a meta de PIB nominal. Do mesmo jeito que no sistema de metas. Me parece que essa minha crítica não é válida no caso em que a teoria quantitativa funciona perfeitamente e a velocidade de circulação é constante. Aí, de fato, determinando M, determina-se PY e ponto final....
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Qual é o seu monopólio favorito? O meu é o Controlar
Me lembro de ter lido em um dos livros do Robert Barro um artigo em que ele pedia aos leitores para escolher aquele que, em sua opinião, seria o monopólio americano favorito. Não me lembro direito qual a escolha do Barro. Vou procurar.
O critério é simples: monopólio bom é aquele que você gostaria de ser dono.
Lembrei-me dessa história agorinha mesmo porque estou preenchendo os dados para fazer a inspeção veicular referente a 2012.
De início é bom esclarecer que acho boa a ideia de monitorar os veículos para melhorar a qualidade do ar. Acho também excelente passar a tarefa ao setor privado que, certamente, é mais capaz do que o setor público para tocar o negócio de forma eficiente.
Agora, porque diabos o governo concedeu um monopólio a uma empresa ao invés de fazer concessões a diversas empresas, como parece ser o caso em países sérios?
Quando o monopólio é natural, uma forma de minimizar os danos é fazer um processo competitivo de outorga de concessões. Isso é um "second best". Como a inspeção não é um monopólio natural - na verdade, há outras empresas que têm o equipamento para fazer testes antes da inspeção para quem quiser - perde-se uma chance de saber o custo marginal verdadeiro.
Não vou nem falar aqui do fato de que as corroças não precisam fazer a inspeção, que todos os dias tomamos belas baforadas de caminhões que parecem estar pegando fogo e que, no início, o dinheiro era devolvido para quem não apresentava problemas.
A solução ótima é tão simples e tão evidente que não dá para não pensar que estamos tratando aqui de mais uma maracutaia para onerar desnecessariamente o contribuinte.
O critério é simples: monopólio bom é aquele que você gostaria de ser dono.
Lembrei-me dessa história agorinha mesmo porque estou preenchendo os dados para fazer a inspeção veicular referente a 2012.
De início é bom esclarecer que acho boa a ideia de monitorar os veículos para melhorar a qualidade do ar. Acho também excelente passar a tarefa ao setor privado que, certamente, é mais capaz do que o setor público para tocar o negócio de forma eficiente.
Agora, porque diabos o governo concedeu um monopólio a uma empresa ao invés de fazer concessões a diversas empresas, como parece ser o caso em países sérios?
Quando o monopólio é natural, uma forma de minimizar os danos é fazer um processo competitivo de outorga de concessões. Isso é um "second best". Como a inspeção não é um monopólio natural - na verdade, há outras empresas que têm o equipamento para fazer testes antes da inspeção para quem quiser - perde-se uma chance de saber o custo marginal verdadeiro.
Não vou nem falar aqui do fato de que as corroças não precisam fazer a inspeção, que todos os dias tomamos belas baforadas de caminhões que parecem estar pegando fogo e que, no início, o dinheiro era devolvido para quem não apresentava problemas.
A solução ótima é tão simples e tão evidente que não dá para não pensar que estamos tratando aqui de mais uma maracutaia para onerar desnecessariamente o contribuinte.
domingo, 16 de setembro de 2012
Eu não entendi o que o Mantega falou
O ministro deu entrevista para o Estadão no Domingo.
Tem uma coisa que ele disse que eu não consegui entender. Instado sobre as pressões inflacionárias que podem surgir quando a economia acelerar no último trimestre com um mercado de trabalho apertado, ele disse que não tem problema não porque quando a economia aquecer a produtividade sobe. Ele disse também que a produtividade está crescendo mais rápido que os salários...
Um modelo novo keynes tradicional diz que o custo marginal sobe com o nível de produção e aí os preços aceleram mais e não menos quando a demanda agregada reganha tônus. O que será que ele quis dizer? Que quando a demanda aquece os produtores ficam mais eficientes? Parece que foi isso....mas alguém conhece alguma evidência / modelo com essa curiosa tese?
Tem uma coisa que ele disse que eu não consegui entender. Instado sobre as pressões inflacionárias que podem surgir quando a economia acelerar no último trimestre com um mercado de trabalho apertado, ele disse que não tem problema não porque quando a economia aquecer a produtividade sobe. Ele disse também que a produtividade está crescendo mais rápido que os salários...
Um modelo novo keynes tradicional diz que o custo marginal sobe com o nível de produção e aí os preços aceleram mais e não menos quando a demanda agregada reganha tônus. O que será que ele quis dizer? Que quando a demanda aquece os produtores ficam mais eficientes? Parece que foi isso....mas alguém conhece alguma evidência / modelo com essa curiosa tese?
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Campeões Nacionais
Para que o CESG não me demita, inaugurarei a nova fase de comentários com assunto que foge completamente à minha estreita zona de conforto. A chance de estar falando besteira é grande, mas a ideia do blog é justamente essa, não?
Muito bem. Vira e mexe leio estórias sobre o excesso de capacidade da siderurgia no Mundo - por exemplo, aqui. Nestes casos, preços baixinhos inviabilizam as operações menos eficientes e esta é a forma democrática do mercado recomendar aos empresários aplicar o dinheiro em outros setores.
De forma análoga, ouço frequentemente que a restrição de energia é um dos problemas que o Brasil terá que enfrentar para continuar crescendo. Salvo engano, no ano passado falava-se - com a confiança peculiar, a despeito da tragédia no Japão - em tocar projetos de energia nuclear, tralalá, trololó.
Beleza: invista no setor de energia e estará fazendo um bem ao país e a seu bolso.
Se eu fosse um estrategista - como o respeitado FK - recomendaria retirar recursos do setor siderúrgico e alocar recursos no setor elétrico. Felizmente, neste caso, o mundo está alocando pessoas direito e ninguém presta atenção em meus palpites para investimento em bolsa.
No dia 5 de setembro, o governo elevou a alíquota de importação de diversos produtos, incluindo a siderurgia. Fiz uma continha de padaria pegando três empresas do setor que vieram à minha cabeça. A moçada ganhou a bagatela de R$ 9,4 bilhões cinco dias após a medida - este número subestima a quantia real de dinheiro que mudou de mãos.
Naturalmente, diversos fatores têm contribuído para a oscilação das cotações de empresas do setor. Mas não resta dúvida que o fator determinante foi a canetada. No dia da medida protecionista, os papéis de uma empresa valorizaram 18%.
Quem compra os produtos do setor para produzir máquinas, veículos, edificações etc. ficou mais pobre. Ou para falar o idioma moderno, perdeu.
Ou seja, o governo escolheu empobrecer uma parte da sociedade para enriquecer outra, beneficiando um setor que parece produzir em abundância no mundo.
No outro extremo, há o zum zum sobre as mudanças que estão sendo propostas para o setor elétrico. Ninguém ainda sabe ao certo e, de acordo com a presidente, a moçada está entendendo errado e exagerando no pessimismo.
Pode ser que sim. Mas, outra continha de padaria com meia dúzia de empresas do setor mostra o desaparecimento de mais de R$ 10 bi em apenas um dia. Li estimativas de números duas vezes maior. Ou seja, quem estava investindo neste setor crítico viu uma parcela importante do dinheiro desaparecer.
Na literatura, este tipo de política é batizada de escolha de campeões. Canetadas que fazem uma galera de sorte ganhar rios de dinheiro em detrimento da tchurma azarada. A longo prazo, esse tipo de arbitrariedade é associado a crescimento menor.
Certamente a história verdadeira deve ser muito mais rica em detalhes do que esta versão estilizada que estou contando. E, para ser sincero, tenho achado a gestão atual bem melhor do que a anterior quando se trata do futuro do país a longo prazo. Talvez eu seja um daqueles que está deixando a chefe irritada.
Agora, é duro engolir que esse tipo de volatilidade é só inguinoranssa dos investidores em entender o que se passa, não?
Muito bem. Vira e mexe leio estórias sobre o excesso de capacidade da siderurgia no Mundo - por exemplo, aqui. Nestes casos, preços baixinhos inviabilizam as operações menos eficientes e esta é a forma democrática do mercado recomendar aos empresários aplicar o dinheiro em outros setores.
De forma análoga, ouço frequentemente que a restrição de energia é um dos problemas que o Brasil terá que enfrentar para continuar crescendo. Salvo engano, no ano passado falava-se - com a confiança peculiar, a despeito da tragédia no Japão - em tocar projetos de energia nuclear, tralalá, trololó.
Beleza: invista no setor de energia e estará fazendo um bem ao país e a seu bolso.
Se eu fosse um estrategista - como o respeitado FK - recomendaria retirar recursos do setor siderúrgico e alocar recursos no setor elétrico. Felizmente, neste caso, o mundo está alocando pessoas direito e ninguém presta atenção em meus palpites para investimento em bolsa.
No dia 5 de setembro, o governo elevou a alíquota de importação de diversos produtos, incluindo a siderurgia. Fiz uma continha de padaria pegando três empresas do setor que vieram à minha cabeça. A moçada ganhou a bagatela de R$ 9,4 bilhões cinco dias após a medida - este número subestima a quantia real de dinheiro que mudou de mãos.
Naturalmente, diversos fatores têm contribuído para a oscilação das cotações de empresas do setor. Mas não resta dúvida que o fator determinante foi a canetada. No dia da medida protecionista, os papéis de uma empresa valorizaram 18%.
Quem compra os produtos do setor para produzir máquinas, veículos, edificações etc. ficou mais pobre. Ou para falar o idioma moderno, perdeu.
Ou seja, o governo escolheu empobrecer uma parte da sociedade para enriquecer outra, beneficiando um setor que parece produzir em abundância no mundo.
No outro extremo, há o zum zum sobre as mudanças que estão sendo propostas para o setor elétrico. Ninguém ainda sabe ao certo e, de acordo com a presidente, a moçada está entendendo errado e exagerando no pessimismo.
Pode ser que sim. Mas, outra continha de padaria com meia dúzia de empresas do setor mostra o desaparecimento de mais de R$ 10 bi em apenas um dia. Li estimativas de números duas vezes maior. Ou seja, quem estava investindo neste setor crítico viu uma parcela importante do dinheiro desaparecer.
Na literatura, este tipo de política é batizada de escolha de campeões. Canetadas que fazem uma galera de sorte ganhar rios de dinheiro em detrimento da tchurma azarada. A longo prazo, esse tipo de arbitrariedade é associado a crescimento menor.
Certamente a história verdadeira deve ser muito mais rica em detalhes do que esta versão estilizada que estou contando. E, para ser sincero, tenho achado a gestão atual bem melhor do que a anterior quando se trata do futuro do país a longo prazo. Talvez eu seja um daqueles que está deixando a chefe irritada.
Agora, é duro engolir que esse tipo de volatilidade é só inguinoranssa dos investidores em entender o que se passa, não?
FK, o retorno
O leitor deve estar perguntando: qual o sentido de colocar uma foto do FK em um post - ainda mais uma foto antiga, tirada em Jackson Hole no ano passado?
Duas razões:
1. O CESG ameaçou expulsar-me do blog; disse que não aguenta mais carregar o peso sozinho, postando historinhas tipo fraconomics;
2. Achei que ele tinha razão e entrei no blog para dar uma conferida. Foi com grande satisfação que constatei o que pode ser a volta do FK.Uma coisinha aqui, outra ali, sem o viço do passado, é claro, mas enquanto há vida ...
Vou tentar postar algo menos inútil hoje no final do dia.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Ex-presos e negros
Quando um empregador sabe que um candidato à vaga na sua empresa passou um tempo preso na cadeia, ele tende a rejeitar o cara. Essa dificuldade de um ex-infrator encontrar emprego decente após cumprir sua pena é um incentivo perverso para o cara voltar ao crime, o que obviamente é ruim para a sociedade como um todo. Então há um grande debate sobre se deve ou não ser possível/legal para um empregador demandar o histórico criminal dos candidatos.
O problema social de não se poder demandar o histórico criminal de um sujeito é que isso pode gerar aumento de discriminação em outras dimensões.
Os dados sugerem que há uma maior proporção de negros com histórico de criminalidade, comparativamente aos brancos. Se o empregador não puder ter acesso ao histórico de criminalidade na hora de contratar, ele vai forçosamente usar essa informação sobre a proporção de negros infratores na população total de infratores como instrumento, e tenderá assim a favorecer alguém branco na hora da contratação, ainda que ele não seja em si preconceituoso em suas preferências. Em outras palavras, ele praticará discriminação estatística, prejudicando os negros. Em resumo: na tentativa de ajudar o ex-infrator, essa lei acaba prejudicando os negros.
O problema social de não se poder demandar o histórico criminal de um sujeito é que isso pode gerar aumento de discriminação em outras dimensões.
Os dados sugerem que há uma maior proporção de negros com histórico de criminalidade, comparativamente aos brancos. Se o empregador não puder ter acesso ao histórico de criminalidade na hora de contratar, ele vai forçosamente usar essa informação sobre a proporção de negros infratores na população total de infratores como instrumento, e tenderá assim a favorecer alguém branco na hora da contratação, ainda que ele não seja em si preconceituoso em suas preferências. Em outras palavras, ele praticará discriminação estatística, prejudicando os negros. Em resumo: na tentativa de ajudar o ex-infrator, essa lei acaba prejudicando os negros.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
OMT
Para os alemães, OMT significa "Outrageous Monetary Transactions".
A imprensa e boa parte do establishment político caiu matando em cima da decisão do BCE de monetizar problemas fiscais de países membros. Pergunto: faz sentido puxar tanto a corda assim? Não é pior no médio prazo para o futuro da União Européia deixar o pessoal alemão tão p. da vida? 53% de um grupo de entrevistados na Alemanha gostaria de ver a corte suprema lá rejeitar o ESM. Isso deveria preocupar.
A imprensa e boa parte do establishment político caiu matando em cima da decisão do BCE de monetizar problemas fiscais de países membros. Pergunto: faz sentido puxar tanto a corda assim? Não é pior no médio prazo para o futuro da União Européia deixar o pessoal alemão tão p. da vida? 53% de um grupo de entrevistados na Alemanha gostaria de ver a corte suprema lá rejeitar o ESM. Isso deveria preocupar.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Pena de morte
Ando lendo de madrugada um livro do Harold Winter, sobre economia do crime.
To no capítulo de "pena de morte". Ele levanta a seguinte questão: para um cara que já matou 3, qual o deterrent effect da pena de morte?
"Na margem", matar o quarto tem custo quase zero (talvez aumente um pouco a chance do cara ser pego, então não é zero).
Para remediar isso ele propõe gradações na maneira de implementar a pena de morte, tipo assim: matou 1, morte por injeção; dois, por enforcamento; três, por choque elétrico; quatro, ......
To no capítulo de "pena de morte". Ele levanta a seguinte questão: para um cara que já matou 3, qual o deterrent effect da pena de morte?
"Na margem", matar o quarto tem custo quase zero (talvez aumente um pouco a chance do cara ser pego, então não é zero).
Para remediar isso ele propõe gradações na maneira de implementar a pena de morte, tipo assim: matou 1, morte por injeção; dois, por enforcamento; três, por choque elétrico; quatro, ......
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
OMT e acesso ao mercado primário
O Draghi diz que o OMT - “Outright monetary transaction”, novo nome
do SMP, programa para compra de títulos dos soberanos periféricos – só atuará
em países que estão com acesso no mercado primário, ou pelo menos “regaining
market access”. Mas, dada a comunicação entre os mercados primário e
secundário, imagino que vai ficar fácil para Portugal começar a emitir títulos
agora. Nem se diga Irlanda.
Tombinão, já deu, se quiser pode parar
Li
a ata buscando algum comentário que justificasse a confiança do BC sobre recuperação
da atividade. Ele sabia do PIB de merda quando escreveu o “máxima parcimônia”.
Não encontrei nada, nenhuma justificativa, somente um negócio de concessão de
serviços públicos estimulando o investimento, que não vale nada. Minha
conclusão é que a parada na queda dos juros é política, i.e., a missão
política foi cumprida.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Summers x FK (wonkish)
Sobre o debate Summers x FK:
Equivalência ricardiana só leva a multiplicador zero em caso de agentes homogêneos, vida infinita, e num mundo sem rigidezes e onde o PIB cai do céu em forma de dotação.
Com agentes heterogêneos, taxar pessoas que não estão debt-constraint e transferir para outras que estão pode ter impacto sim sobre alocações. Com rigidez de preços, expansão dos gastos públicos pode levar a aumento de demanda agregada mesmo com queda de consumo privado. A restrição orçamentária do governo fecharia nesse caso justamente via aumento do PIB. E se ao invés de dotação tiver uma função de produção com trabalho como insumo, o pessoal mais radical do RBC vai dizer que o gasto do governo, empobrecendo as pessoas via mais impostos esperados, leva a maior oferta de trabalho e, portanto, a maior PIB. Nesse último canal, nem o FK acredita...
Bom saber que Antoninho vive..
Equivalência ricardiana só leva a multiplicador zero em caso de agentes homogêneos, vida infinita, e num mundo sem rigidezes e onde o PIB cai do céu em forma de dotação.
Com agentes heterogêneos, taxar pessoas que não estão debt-constraint e transferir para outras que estão pode ter impacto sim sobre alocações. Com rigidez de preços, expansão dos gastos públicos pode levar a aumento de demanda agregada mesmo com queda de consumo privado. A restrição orçamentária do governo fecharia nesse caso justamente via aumento do PIB. E se ao invés de dotação tiver uma função de produção com trabalho como insumo, o pessoal mais radical do RBC vai dizer que o gasto do governo, empobrecendo as pessoas via mais impostos esperados, leva a maior oferta de trabalho e, portanto, a maior PIB. Nesse último canal, nem o FK acredita...
Bom saber que Antoninho vive..
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Larry S. called
-- Hi, Carlos
--- What's up Larry?
--- I wonder whether FK saw my paper with De Longo, convincingly showing fiscal consolidation is a self-defeating strategy even if the government's objective is solely to stabilize debt/gdp...
---Oh yes, he read it.
--- And?
----He said it sucks, Larry. You know FK is a firm believer of Ricardian Equivalence. He teaches his students that the multiplier is zero: more spending is totally offset by higher expected tax rates in the future.
--- But with ultra-low interest rates, government infrastructure in tatters and hysteresis in the labor market the multiplier cant possibly be zero, for god's sake!
--- Oh, almost fogot, FK said the hysteresis assumption is cheap...he added you guys should be very desperate to resort to that. Take that out and your results vanish, he said, with a sort of derisive smile in his face.
--- The problem with FK is that he is so arrogant he can't see beyond his stupid RBC model with no market failures. Antoninho de Botucatu was always right in this regard. I deeply lament he passed away recently.
--- What's up Larry?
--- I wonder whether FK saw my paper with De Longo, convincingly showing fiscal consolidation is a self-defeating strategy even if the government's objective is solely to stabilize debt/gdp...
---Oh yes, he read it.
--- And?
----He said it sucks, Larry. You know FK is a firm believer of Ricardian Equivalence. He teaches his students that the multiplier is zero: more spending is totally offset by higher expected tax rates in the future.
--- But with ultra-low interest rates, government infrastructure in tatters and hysteresis in the labor market the multiplier cant possibly be zero, for god's sake!
--- Oh, almost fogot, FK said the hysteresis assumption is cheap...he added you guys should be very desperate to resort to that. Take that out and your results vanish, he said, with a sort of derisive smile in his face.
--- The problem with FK is that he is so arrogant he can't see beyond his stupid RBC model with no market failures. Antoninho de Botucatu was always right in this regard. I deeply lament he passed away recently.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Olhando as grandes tetas
De qualquer janela de Jackson City a vista
impressiona. Bernanke vai olhar para elas, pensar no custo de aumentar a
expectativa de inflação, olhar para elas de novo, torcer para que os últimos
dados não sejam somente um ruído, dar uma última olhada, não falar nada, e
voltar para DC.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Juros nominais na Dinamarca < 0
O Banco Central da Dinamarca meteu o juro nominal oficial de curto prazo abaixo de zero...isso mesmo, não estou falando de mercado secundário, estou falando da Selic deles. Quer por seu dinheirinho no overnight da Dinamarca? Tem que pagar pelo privilégio!
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Una culona inchiavabile
Acordei de manhã com duas ideias, não chupadas do Gavekal.
Primeiro, a verdadeira batalha da Europa será travada na Itália. Isto porque
sua elite, diferentes da dos outros países europeus, não é política ou
financeira, mas industrial. Por isso, os custos de saída do Euro não são tão
gigantes. Segundo, a batalha começa já no fim desse ano, quando o Berlusconi se
candidatar (a eleição é até abril/2013), com uma campanha propondo a saída da
Itália.
Second best (wonkish)
Em economia, tem uma coisa chamada teorema do second-best. A ideia eh a seguinte: se por um motivo qualquer, um certo impedimento digamos, uma das variáveis endógenas de um modelo qualquer não puder assumir o valor "ideal" dela, o melhor é que as outras variáveis endógenas também não sejam escolhidas de a modo a assumir seu valor ideal, mesmo estando essas desimpedidas para fazê-lo!
Achei no livro City Economics, do O'Flatherly, um exemplo legal que ilustra o conceito: quando voce toma banho, voce escolhe de modo ideal uma combinação de volume de água, x, e de temperatura, T. Essa combinação vem de uma mistura de volumes ideais de águas quente, xq, e fria, xf. Agora imagine que a torneira quente não está funcionando direito (por conta de um impedimento exógeno). O que voce faz? Voce mantem xf no nível ideal anterior, ou aumenta-o para reestabelecer x ao patamar prévio?? Não! Isso deixaria você mais próximo do nível x de volume ótimo, mas muito longe de T, a temperatura que você julga ideal. O melhor procedimento é: você fecha um pouco a torneira fria, o que leva x para um valor menor (x-delta), para assim impedir que T caia muito. Porque deu pau na temperatura, o volume também deixa de ser o anterior. Quando uma variável trava, o second-best (ou, novo ótimo restrito) consiste em empurrar também a outra para um patamar diferente do seu first-best.
Achei no livro City Economics, do O'Flatherly, um exemplo legal que ilustra o conceito: quando voce toma banho, voce escolhe de modo ideal uma combinação de volume de água, x, e de temperatura, T. Essa combinação vem de uma mistura de volumes ideais de águas quente, xq, e fria, xf. Agora imagine que a torneira quente não está funcionando direito (por conta de um impedimento exógeno). O que voce faz? Voce mantem xf no nível ideal anterior, ou aumenta-o para reestabelecer x ao patamar prévio?? Não! Isso deixaria você mais próximo do nível x de volume ótimo, mas muito longe de T, a temperatura que você julga ideal. O melhor procedimento é: você fecha um pouco a torneira fria, o que leva x para um valor menor (x-delta), para assim impedir que T caia muito. Porque deu pau na temperatura, o volume também deixa de ser o anterior. Quando uma variável trava, o second-best (ou, novo ótimo restrito) consiste em empurrar também a outra para um patamar diferente do seu first-best.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
what a difference 3 weeks make
Se fosse referente a hoje, após tres semanas de dados bons, duvido que a minuta do FOMC seria tão dovish
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Choro por ti Argentina
O Marco Laes - um dos maiores especialistas em commodities que conheço - diz que as perspectivas para o preço da celulose não são boas. Dou uma olhada na Bloomberg para ver o que os analistas estão falando para as principais empresas do setor e percebo que, de fato, as recomendações de venda superam as de compra.
Muito bem, esta notícia pode mudar o quadro. Dando seguimento às medidas de modernização que têm sido implementadas nos últimos anos, o governo argentino resolveu expropriar uma gráfica que imprime papel moeda. A julgar pelas preferências reveladas pela administração, a gráfica operará a todo vapor daqui para frente, beneficiando o combalido setor de papel e celulose.
A maior medida do sucesso da estratégia que vem sendo adotada pela administração da Cristina Kirschner é o prêmio cobrado por um dólar no mercado paralelo - um cliente disse essa semana que o ágio estaria beirando 50% (nesta matéria do WSJ, de meados de julho, o prêmio estaria em 35%).
Coisa que os leitores com mais de 40 anos já viram por aqui - e, com a ajuda cósmica, esperemos que as novas gerações não vejam.
O hard landing dos nossos irmãos não é brincadeira. A figura abaixo mostra o indicador mensal de atividade do Indec - uma espécie de PIB. Pode até ser que os dados sejam massageados - como pregam alguns. Mas o tombo não deve ter sido tão diferente, a julgar pelo baixíssimo dinamismo de nossas exportações para lá (a Argentina é o principal mercado consumidor dos nossos produtos manufaturados).
Muito bem, esta notícia pode mudar o quadro. Dando seguimento às medidas de modernização que têm sido implementadas nos últimos anos, o governo argentino resolveu expropriar uma gráfica que imprime papel moeda. A julgar pelas preferências reveladas pela administração, a gráfica operará a todo vapor daqui para frente, beneficiando o combalido setor de papel e celulose.
A maior medida do sucesso da estratégia que vem sendo adotada pela administração da Cristina Kirschner é o prêmio cobrado por um dólar no mercado paralelo - um cliente disse essa semana que o ágio estaria beirando 50% (nesta matéria do WSJ, de meados de julho, o prêmio estaria em 35%).
Coisa que os leitores com mais de 40 anos já viram por aqui - e, com a ajuda cósmica, esperemos que as novas gerações não vejam.
O hard landing dos nossos irmãos não é brincadeira. A figura abaixo mostra o indicador mensal de atividade do Indec - uma espécie de PIB. Pode até ser que os dados sejam massageados - como pregam alguns. Mas o tombo não deve ter sido tão diferente, a julgar pelo baixíssimo dinamismo de nossas exportações para lá (a Argentina é o principal mercado consumidor dos nossos produtos manufaturados).
Certamente este modelo de expropriações, intimidações, controles, prisões e etc tem adeptos (tenho um amigo Argentino que mora aqui e acha que eles estão batendo um bolão - não no basquete). Na época em que eu via a cotação do dólar paralelo estampada na primeira página dos matutinos, havia a máxima de que "eles eram a gente amanhã", inspirada em uma propaganda de vodka e o fato deles anteciparem as mágicas que depois tentávamos.
Agora que o governo correta (mas tardiamente) parece atacar de frente algumas raízes da falta de competitividade por aqui, turbinando, por exemplo, as concessões e acabando de uma vez por todas com o tabu anti-privatizações, dá para apostar que a "regra" já não vale mais. Oxalá.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Que Mário?
O Mário, aquele do BCE, disse ontem que fará o que for necessário para proteger a moeda comum. Os spreads do título de 10 anos da Espanha cairam 50 pontos base logo em seguida.
Esqueçam o esquálido ESM, o BCE é o único ator com poder de fogo suficiente para reverter as expectativas de default na Espanha. Se ele deixar claro um commitment para compra ilimitada de títulos, os juros caem mesmo. E aí pode ser, pode ser, que com as reformas em andamento a coisa não termine em vinagre (mas a Grécia sai).
O problema é que esse mesmo Draghi deixou claro em diversas outras ocasiões que as intervenções do BCE no mercado de títulos eram esporádicas e limitadas. Ele vai precisar, portanto, provar que mudou. E palavras não vão bastar nesse caso.
Esqueçam o esquálido ESM, o BCE é o único ator com poder de fogo suficiente para reverter as expectativas de default na Espanha. Se ele deixar claro um commitment para compra ilimitada de títulos, os juros caem mesmo. E aí pode ser, pode ser, que com as reformas em andamento a coisa não termine em vinagre (mas a Grécia sai).
O problema é que esse mesmo Draghi deixou claro em diversas outras ocasiões que as intervenções do BCE no mercado de títulos eram esporádicas e limitadas. Ele vai precisar, portanto, provar que mudou. E palavras não vão bastar nesse caso.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
kiwi não ajudará saúde dos americanos
As empresas americanas estão sentadas numa montanha de cash e não investem porque tem medo do penhasco fiscal. Os juros de 10 anos estão em ridículos 1,5%. Os bancos tem recursos e gostariam de emprestar, mas ninguém quer tomar emprestado. A expectativa de inflação de médio prazo está "de boa" (como dizem meus alunos), longe da deflação.
Em vista disso, para que serviria o kiwi de 7 de setembro anúnciado pelo fk?? Para derrubar o juro para 1,4%? O que isso resolveria?
Em vista disso, para que serviria o kiwi de 7 de setembro anúnciado pelo fk?? Para derrubar o juro para 1,4%? O que isso resolveria?
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Kiwi 3
Alguma hora mostro que o BLUES continua dizendo que a economia americana vai continuar patinando. Mantenho minha previsão que o Kiwi 3 será dia 7 de setembro. E para confundir, divido a figura abaixo, que o João Vaz me mandou, sobre o breakeven de inflação 5y5y (entre o ano 5 e 10).
Conjuntura no Séc. XXI
Apenas para ilustrar o blábláblá do Duzinho, com a colaboração sempre valiosa do impecável Carlos Urso, uma comparação entre Europa e China:
Lembrando que a produção industrial da Alemanha expandiu-se, em média, algo entre 6% e 7% ao ano nos últimos três meses. A nossa está parada há dois anos.
Conjuntura no século XV
Esse é um texto sobre conjuntura econômica, na virada do século XV
Até meados do século XV a China era tecnologicamente mais sofisticada que a Europa, tinha agricultura mais eficiente e possuía ampla frota de navios maiores e mais poderosos que as baracaças européias.
Mas na virada do século, a Europa inverteu o jogo: descobriu a América e começou a passar o Oriente na corrida do desenvolvimento. Por quê?
Tem gente que diz que foi porque o Renascimento Europeu incitou a descoberta e a pesquisa empírica -- o que não teria acontecido na China, que justamente nessa época voltou-se mais para dentro (mas isso suscita obviamente um segundo "por que?").
Na Europa, segundo alguns autores como o D.North, havia mais competição entre Soberanos, competição que teria favorecido a aceitação de ideias inovadoras que pudessem colocar um país à frente dos seus vizinhos rivais.... até a louca ideia de viajar na direção oeste num mundo que poderia ser quadrado com um puta de um penhasco no final acabou sendo aceita e financiada! Ok, mas por conta de ventos e distância, viajar do Mediterrâneo até a América era uma empreitada meio que tranquila expost...
Os chineses navegaram muito até a metade do século XIV, mas os povos e as condições das regiões que eles encontraram nas redondezas não eram lá essas coisas. Segundo o Ian Morris, autor do formidável "Why the west rules", eles, decepcionados, tomaram a decisão racional de parar de gastar dinheiro com essas incursões que não levavam a nada. De novo, os caras circularam bastante antes, foram sim ousados, mas no fim foram convencidos de que não valia a pena...tomaram a decisão racionalmente acertada!
E afinal, quais as chances de que um navio chinês terminaria aportando na América? Bem baixas, por conta da geografia, correntezas e ventos.
Os chineses não foram pouco ousados nem burros, eles foram racionais. Nada racional foi o Colombo, mas como ele estava perto da América, esse "erro" acabou virando o curso da história.
Até meados do século XV a China era tecnologicamente mais sofisticada que a Europa, tinha agricultura mais eficiente e possuía ampla frota de navios maiores e mais poderosos que as baracaças européias.
Mas na virada do século, a Europa inverteu o jogo: descobriu a América e começou a passar o Oriente na corrida do desenvolvimento. Por quê?
Tem gente que diz que foi porque o Renascimento Europeu incitou a descoberta e a pesquisa empírica -- o que não teria acontecido na China, que justamente nessa época voltou-se mais para dentro (mas isso suscita obviamente um segundo "por que?").
Na Europa, segundo alguns autores como o D.North, havia mais competição entre Soberanos, competição que teria favorecido a aceitação de ideias inovadoras que pudessem colocar um país à frente dos seus vizinhos rivais.... até a louca ideia de viajar na direção oeste num mundo que poderia ser quadrado com um puta de um penhasco no final acabou sendo aceita e financiada! Ok, mas por conta de ventos e distância, viajar do Mediterrâneo até a América era uma empreitada meio que tranquila expost...
Os chineses navegaram muito até a metade do século XIV, mas os povos e as condições das regiões que eles encontraram nas redondezas não eram lá essas coisas. Segundo o Ian Morris, autor do formidável "Why the west rules", eles, decepcionados, tomaram a decisão racional de parar de gastar dinheiro com essas incursões que não levavam a nada. De novo, os caras circularam bastante antes, foram sim ousados, mas no fim foram convencidos de que não valia a pena...tomaram a decisão racionalmente acertada!
E afinal, quais as chances de que um navio chinês terminaria aportando na América? Bem baixas, por conta da geografia, correntezas e ventos.
Os chineses não foram pouco ousados nem burros, eles foram racionais. Nada racional foi o Colombo, mas como ele estava perto da América, esse "erro" acabou virando o curso da história.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
O FMI e a Austeridade do Governo Brasileiro
O Bráulio Borges acaba de chamar atenção para alguns números do último Monitor Fiscal preparado pelo FMI. O gráfico abaixo mostra a evolução do déficit público brasileiro com ajuste para o ciclo econômico - ou seja, levando em conta o fato de que as contas do governo variam com os vaivéns da economia.
Números positivos significam que as despesas são maiores do que as receitas e que, portanto, a política fiscal tem caráter expansionista. Ainda assim, é interessante observar que 2012 deverá fechar com um resultado atipicamente "austero".
Abrindo parênteses, note-se que o FMI espera que o Brasil crescerá 2,5% neste ano. Se isso ocorrer será um milagre - veja artigo recente no Hora do Povo que mostramos no post anterior. Projeção mais razoável, de algo entre 1,5% e 2,0%, levaria a um déficit ajustado pelo ciclo ainda menor do que o apontado.
Isso quer dizer que o governo está "apertando o cinto", certo? Nãnãninãnina. Focando-se o comportamento do Governo Central, observa-se que as despesas incluindo transferências a Estados e Municípios seguem crescendo em ritmo anualizado entre 6% e 7%, já descontando o efeito da inflação - ritmo bem superior ao do crescimento da economia.
Uma explicação possível é o fato de FMI usar o conceito de Déficit Nominal - que inclui as depesas com juros. A queda expressiva dos juros - parte dela estrutural - representaria então uma "economia" de gastos. O problema é que, olhando os dados do BC, observo que a proporção de gastos com juros cresceu quase monotonicamente desde janeiro do ano passado, saindo de 3,4% do PIB para 4,4% do PIB em abril.
Não tem jeito, terei que consultar um economista para saber o que se passa.
Números positivos significam que as despesas são maiores do que as receitas e que, portanto, a política fiscal tem caráter expansionista. Ainda assim, é interessante observar que 2012 deverá fechar com um resultado atipicamente "austero".
Abrindo parênteses, note-se que o FMI espera que o Brasil crescerá 2,5% neste ano. Se isso ocorrer será um milagre - veja artigo recente no Hora do Povo que mostramos no post anterior. Projeção mais razoável, de algo entre 1,5% e 2,0%, levaria a um déficit ajustado pelo ciclo ainda menor do que o apontado.
Isso quer dizer que o governo está "apertando o cinto", certo? Nãnãninãnina. Focando-se o comportamento do Governo Central, observa-se que as despesas incluindo transferências a Estados e Municípios seguem crescendo em ritmo anualizado entre 6% e 7%, já descontando o efeito da inflação - ritmo bem superior ao do crescimento da economia.
Uma explicação possível é o fato de FMI usar o conceito de Déficit Nominal - que inclui as depesas com juros. A queda expressiva dos juros - parte dela estrutural - representaria então uma "economia" de gastos. O problema é que, olhando os dados do BC, observo que a proporção de gastos com juros cresceu quase monotonicamente desde janeiro do ano passado, saindo de 3,4% do PIB para 4,4% do PIB em abril.
Não tem jeito, terei que consultar um economista para saber o que se passa.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Clipping
Para aqueles que ainda não sabem, a linha editorial d'O Consciência está passando por reformas. O CEO Fabio Kanczuk e a equipe inteira, hoje com 328 pessoas, estará reunida em um hotel nesta semana.
Enquanto os novos contornos não são estabelecidos, ao invés de propalar opiniões próprias, prefiro relatar aos leitores a opinião de terceiros.
É fácil porque o ofício de consultor torna obrigatório o acompanhamento sistemático dos melhores periódicos como, The Economist, Wall Street Journal, Financial Times e, naturalmente,
Contribuição do intimorato Carlos Urso.
Enquanto os novos contornos não são estabelecidos, ao invés de propalar opiniões próprias, prefiro relatar aos leitores a opinião de terceiros.
É fácil porque o ofício de consultor torna obrigatório o acompanhamento sistemático dos melhores periódicos como, The Economist, Wall Street Journal, Financial Times e, naturalmente,
Contribuição do intimorato Carlos Urso.
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