quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Colapso do preço de commodities?

Sempre que acordo otimista demais dou uma olhada no blog do Michael Pettis.

Além de ajudar a baixar a bola o garoto supostamente entende daquilo que ninguém mais entende: China. O blog é muito bom para saber o que está rolando lá desde que se leve em conta que a pegada dele é sinistramente pessimista. Ninguém pode acusar o Pettis de inconsistência. Desde 2007 não há um post sequer que não seja dedicado a ver o lado escuro de tudo

Neste longo post ele prevê que os preços de commodities despencarão até 2015. A tese é baseada em três argumentos:

1. Defasagens grandes da resposta da oferta ao estímulo de demanda de vários anos atrás: se entendi direito tem mina abrindo hoje que só faria sentido com preços bem mais altos;

2. O crescimento chinês vai diminuir e vai mudar de composição, penalizando o consumo de metais;

3. A china vem acumulando estoques de metais há anos e, segundo ele, vai se transformar em vendedora líquida de metais.

Previsões do tipo radical - que o Pettis, Roubini e etc curtem- costumam ser piores do que a média. Quem as leva a sério costuma se dar mal.

O Roubini começou a prever o colapso vários anos antes dele ocorrer (e colocava ênfase no "desbalanceamento" entre EUA e China e não na questão do subprime, que realmente foi a que pegou). Quem acreditou logo de cara provavelmente quebrou antes de ver a aposta dar certo.

Este fato está bem documentado em um livro (já antigo) e imperdível do Philip Tetlock, com excelente revisão feita pelo New Yorker - não deixem de ler.


Com relação aos preços de metais, se a premissa de que a China deverá crescer no futuro bem menos do que os 5%-7% que a maioria espera estiver correta, é bem possível que ocorra um colapso mesmo. Outra razão que ele não cita é o fato de que o dólar provavelmente vai ganhar força no futuro, deprimindo os preços em dólares.

Agora, olhando para o curto prazo - onde a vista alcança um pouco mais - esta montanha de liquidez e uma retomada (mesmo que cíclica) da China após a transição deverá dar um belo gás na inflação de commodities metálicas no ano que vem.

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