O Bráulio Borges acaba de chamar atenção para alguns números do último Monitor Fiscal preparado pelo FMI. O gráfico abaixo mostra a evolução do déficit público brasileiro com ajuste para o ciclo econômico - ou seja, levando em conta o fato de que as contas do governo variam com os vaivéns da economia.
Números positivos significam que as despesas são maiores do que as receitas e que, portanto, a política fiscal tem caráter expansionista. Ainda assim, é interessante observar que 2012 deverá fechar com um resultado atipicamente "austero".
Abrindo parênteses, note-se que o FMI espera que o Brasil crescerá 2,5% neste ano. Se isso ocorrer será um milagre - veja artigo recente no Hora do Povo que mostramos no post anterior. Projeção mais razoável, de algo entre 1,5% e 2,0%, levaria a um déficit ajustado pelo ciclo ainda menor do que o apontado.
Isso quer dizer que o governo está "apertando o cinto", certo? Nãnãninãnina. Focando-se o comportamento do Governo Central, observa-se que as despesas incluindo transferências a Estados e Municípios seguem crescendo em ritmo anualizado entre 6% e 7%, já descontando o efeito da inflação - ritmo bem superior ao do crescimento da economia.
Uma explicação possível é o fato de FMI usar o conceito de Déficit Nominal - que inclui
as depesas com juros. A queda expressiva dos juros - parte dela
estrutural - representaria então uma "economia" de gastos. O problema é que, olhando os dados do BC, observo que a proporção de gastos com juros cresceu quase monotonicamente desde janeiro do ano passado, saindo de 3,4% do PIB para 4,4% do PIB em abril.
Não tem jeito, terei que consultar um economista para saber o que se passa.
Uma parte da resposta é que é preciso ajustar a despesa de juro pelo ciclo também. A despesa de juro hoje é 0,5% do PIB maior do que a média de 12 meses.
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