terça-feira, 2 de outubro de 2012

catador de lata

as pessoas pagam impostos para as prefeituras arranjarem um sistema de coleta de lixos, mas são raros os casos em que se paga mais de acordo com o volume de lixo gerado. resulta daí, desse custo marginal zero, que se produz muito lixo. e tem uns lixos que geram mais externalidades negativas do que outros. garrafa de refrigerante, feita de plástico, é um lixo que agride mais a natureza e dá mais trabalho para lidar que casca de banana. a coisa de reciclar ajuda bem a lidar com o problema da garrafa plástica ou latas de cerveja, mas se eu não tenho benefício privado de fazer isso, por quê me dar ao trabalho? se eu for "consciente", eu faço pelo bem-estar dos outros, mas a regra geral que rege nosso padrão de comportamento é que olhamos mais para nossos umbigos; e reciclar é meio trabalhoso. como atenuar esse problema? pode dar um subsidío para quem recicla, mas essa coisa é meio difícil de observar e, mais importante, prover subsídio implica ou aumentar imposto em algum lugar, ou gastar menos com outra coisa (educação, saúde). pode meter um imposto punitivo nas latas e garrafas plásticas. com isso, diminuirá o número de produtos vendidos nesse tipo de recipiente, é verdade, mas por outro lado, uma vez pago o custo na hora da compra do produto, eu não tenho mais nenhum incentivo ex-post a reciclar...a melhor solução me parece ser taxar o produto vendido em garrafas plásticas e latinhas pesadamente, e depois rebater parte desse imposto em um centro reciclador onde as pessoas levariam latas e garrafas plásticas para receber uma grana de volta. aí sim se geraria incentivos ex-post a reciclar, e o Estado não gastaria liquidamente nada (o subsídio na hora da devolução da lata é pago via imposto mais alto na hora da compra da lata).

em países pobres, curiosamente, isso tudo é menos um problema. por um motivo ruim, mas não deixa de ser verdade que políticas públicas incentivando reciclagem sejam menos prementes nesses países. em locais pobres, têm mais catadores de lixo para resolver, "via mercado", o problema. isso porque mesmo a renda baixíssima dessa tarefa acaba atraindo um considerável número de pessoas sem outras opções de trabalho. se você, leitor, pertence aquele grupo dos "políticamente corretos", você está fulo da vida com isso. mas eu não estou nem aí. o politicamente correto é chato demais, e muitas vezes é burro também.

  

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