quarta-feira, 31 de outubro de 2012

POF no IPCA

O Daniel me aponta que parte do efeito da POF sobre o IPCA foi devido à mudança de peso dos automóveis, que variou muito esse ano. De acordo com as contas do Chiquinho isso explica uns 0,3. O resto foi mesmo um efeito permanente, da troca de um item que tem sempre inflação alta (educação) por outro com inflação sempre baixa (duráveis?).

Pegando a deixa do Tobas fui conferir a metodologia do IPCA. De fato, embora a agregação de produtos em subitens seja geométrica, a de subitens em itens é aritmética, e sofre do efeito típico de Laysperes: Conforme banana fica mais cara o indivíduo come ainda mais banana.

Para conferir, fiz o caso de um sujeito que consome dois bens, bananas e merda, com pesos inicialmente iguais na cesta. A banana tem inflação anual de 3,5%, a merda de 5,5%. Em vez de dar sempre 4,5%, a inflação vai subindo com o tempo, devido à metodologia.  No gráfico, a diferença acumulada das duas medidas, convexa como o esperado, para ser comparado com o do post anterior.

Mais relevante, note-se que a inflação vai subindo, conforme se afasta temporalmente da revisão da POF.


5 comentários:

  1. Bacana...
    Só pra ver se eu entendi direito: isso invalidaria o argumento do Alexandre (que com a mudança dos pesos a meta deveria ser reduzida)? Ou não tem nada a ver?! hehehe
    Abçs
    BMX

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  2. Não sei qual é o argumento do Alexandre. Mas vc está certo: de acordo com o exercício a meta deveria ser aumentada...

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  3. Não dêem a ideia para o Mantega. Assim, em 3 anos teríamos meta de 5.5 com teto de 7.5?

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  4. Meus caros,
    Apesar do atraso, o Alexandre está certo. O mesmo fenômeno econômico, aos pesos antigos, geraria um índice maior que aquele gerado com os novos pesos. Quando se fala em meta de inflação, não se refere ao cálculo contábil do índice em si e sim de se alcançar determinado fenômeno econômico. Assim, mantendo tudo mais constante, a troca dos pesos deveria ser acompanhada pela diminuição da meta quantitativa de inflação. Como isto não ocorreu, pode-se dizer que as metas mudaram.
    Saudações
    PS: Pode parecer chatice, mas um bom embassamento teórico é importante para entendermos alguma coisa (e não estou criticando os donos deste blog, que é muito bom). Falo isto para defender uma olhada mais criteriosa (por parte dos alunos) no conceito de variável aleatória.

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  5. Qto a cesta, creio que na medodologia do IPCA, o consumo de banana não aumenta com o preço! O que aumenta é a participação dela no gasto. Acabamos por ter de aceitar como hipótese que a renda aumentou na mesma proporção do preço.

    O que uma nova POF fará é corrigir o conjunto pela renda maior (ou menor) que a inflação 'correta' e o ajuste de substituição/elasticidade de troca de banana por 'merda'.

    Sobre inflação x meta, acredito que, apesar da inflação IPCA superestimar a inflação 'correta', todos tomam decisões (eg. sindicatos, bancos, famílias etc) em função dele (ou do INPC - quase a mesma coisa). Na prática estamos falando de dilemas similar ao dos EUA (CPI x PCE). Não é duvidável que usem o argumento da inflação superestimada para fins políticos. Ora... Ela sempre foi maior em qualquer governo. A maior parte do problema é questão de nível. Não duvido que se a moda pega, vão usar de argumento para um IPCA de 6% contra meta de 4.5%.

    Ab,

    Tobias

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