domingo, 16 de setembro de 2012

Eu não entendi o que o Mantega falou

O ministro deu entrevista para o Estadão no Domingo.
Tem uma coisa que ele disse que eu não consegui entender. Instado sobre as pressões inflacionárias que podem surgir quando a economia acelerar no último trimestre com um mercado de trabalho apertado, ele disse que não tem problema não porque quando a economia aquecer a produtividade sobe. Ele disse também que a produtividade está crescendo mais rápido que os salários...
Um modelo novo keynes tradicional diz que o custo marginal sobe com o nível de produção e aí os preços aceleram mais e não menos quando a demanda agregada reganha tônus. O que será que ele quis dizer? Que quando a demanda aquece os produtores ficam mais eficientes? Parece que foi isso....mas alguém conhece alguma evidência / modelo com essa curiosa tese?

10 comentários:

  1. Duzinho, os dados da indústria mostram que a produtividade caiu horrores no ciclo. As empresas não demitiram - até pq custa caro. Houve o q um colega nosso tem chamado de "labor hoarding". Resumindo: ministro 1 x professor titular 0

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  2. caralho, toledo, que quando cai Y, Y/L cai menos até o asfalto da paulista sabe -- para usar uma expressão que lhe é cara. E agora quando Y subir no ciclo, L sobe menos o asfalto também sabe. Mas daí para dizer que com mais atividade economica no quarto tri a inflação sobe menos que agora porque lá a produtividade medida desse jeito se eleva, é dureza hein. Voce e o ministro precisam assistir um bom curso de Introdução à Economia. Acho que sua nota seria maior que a dele.

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  3. Carlos,
    Como nao poderia ser diferente, voce esta completamente correto.
    Como exemplo: tente contratar uma diarista, o valor do servico esta 6 vezes mais caro, e nem por isso o servico melhorou.
    Mas nao podemos exigir muito do Ministro, pois a sua atuacao esta entre as piores de todos os tempos. (tem muita gente dizendo que é a pior equipe economica brasileira de todos os tempos)

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  4. A nível de jobless recovery. Se não tem modelo vamos fazer um e ganhar um nobéu. Porque o mundo tem funcionado assim.

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  5. Duzinho, não fica nervoso não. Isso não leva a nada.
    Pegue algum livro que ensine a você um negócio chamado hiato do produto. O FK acha q isso não existe. Aí tudo bem. Mas creio que vc acredita. Conclusão: o Mantega é um gênio.

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  6. Isso é a Lei de Verdoorn. É usada em vários modelos Kaldorianos de crescimento liderado pela demanda agregada. Há vários artigos empíricos mostrando o funcionamento dessa lei...

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  7. A observação sobre o que diz o modelo novo-keynesiano é perfeita. O custo marginal e, consequentemente, os preços, sobem com o aumento da produção. Entretanto, o modelo parte da premissa de que as empresas estão permanentemente no ponto ótimo da contratação de fatores produtivos. Essa é uma premissa muito adequada para caracterizar o comportamento na maior parte do tempo (afinal de contas, as empresa são agentes racionais - ou deveria ser), mas pode haver exceções. Talvez (ênfase no TALVEZ) estejamos diante de uma situação em que, sob uma análise ESTÁTICA, a escolha das empresas quanto à contratação do fator trabalho esteja sendo feita de forma sub-ótima. É a tese do "LABOR HOARDING" proposta pelo Ilan Goldfajn para explicar a pujança do mercado de trabalho em meio à forte desaceleração recente da economia: na fase de expansão anterior, as empresas enfrentaram sérias dificuldades para contratar e manter trabalhadores. Logo, os custos de seaching, training e de oportunidade (não conseguir atender os pedidos por falta de mão-de-obra) as tornaram relutantes em reduzir o pessoal na baixa do ciclo, apostando que estariam bem posicionadas na retomada. Ou seja: é uma estratégia que parece ineficiente do ponto de vista estático, mas que pode ser ótima dinamicamente. Se isso for verdade, é possível que, durante algum tempo, as empresas consigam elevar a produção sem pressionar o custo marginal (pelo menos no que diz respeito ao custo da mão-de-obra).
    De qualquer forma, valem algumas ressalvas: a primeira diz respeito ao fato de que a tese do "labor hoarding" não é exatamente o que o ministro tem em mente quando diz que a produtividade iria crescer com a expansão da produção. De fato, ele acredita no velho argumento de que os investimentos expandem automaticamente a oferta agregada, o que garante naturalmente o aumento da produtividade e, consequentemente, alivia as pressões de preços. Sabemos que isso não funciona: no curto prazo, os investimentos são demanda, pressionam a inflação como qualquer outro gasto (seja ele consumo, exportações ou compras do governo) e levam tempo para aumentar o estoque de capital da economia.
    A segunda ressalva tem a ver com a relevância do argumento do "labor hoarding" em si. Ou seja: na prática, qual é realmente o hiato no mercado de trabalho, levando-se em consideração essa ineficiência "intencional" das empresas? Um forma de tentar responder a essa pergunta seria calcular o hiato no mercado de trabalho levando-se em consideração as horas trabalhadas. Ao calcular esse "hiato-aumentado", notamos que a folga é um puco maior do que a sugerida pela taxa de desemprego. Mas não parece suficientemente grande para fornecer conforto de que não enfrentaremos pressões inflacionárias mais séries no momento em que a recuperação estiver a todo vapor. Além disso, há um problema metodológico nessa análise, já que não é possível separar no cômputo do "hiato-aumentado" o que decorre do efeito do "Labor hoarding" (benigno para a inflação) e o que decorre da queda da produtividade da economia (negativa para a inflação).
    Enfim, resumindo: no horizonte relevante para a política monetária, a inflação vai se comportar como sugere a curva de Phillips novo-keynesiana, e vai acelerar com a retomada da atividade (alías, a inflação que depende do hiato não caiu nesse ciclo de desaceleração recente).

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  8. Very boring this comment. I tried to read, but slept before finishing

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  9. Vamos lá, Marcelo

    "Ou seja: é uma estratégia que parece ineficiente do ponto de vista estático, mas que pode ser ótima dinamicamente"

    CONCORDO!

    "Se isso for verdade, é possível que, durante algum tempo, as empresas consigam elevar a produção sem pressionar o custo marginal (pelo menos no que diz respeito ao custo da mão-de-obra)"

    SEU PARENTESES EH FUNDAMENTAL. E OS OUTROS CUSTOS VARIÁVEIS? ALUGUEIS, MAQUINAS, MANUTENCAO, ENERGIA? ESSES SOBEM. ALEM DISSO, LABOR HOARDING IMPEDE AUMENTO DE CUSTO DE MAO-DE-OBRA SÓ ATÉ A PAGINA 2. NA PAGINA 3, AUMENTAM OS TURNOS, E AÍ SOBE CUSTO MARGINAL

    NAO QUERO SABER DE Y/L, QUERO SABER DE TFP....

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