segunda-feira, 5 de novembro de 2012

OSI: o novo calote grego


A nova projeção para dívida grega é 190% do PIB, ou algo próximo disso. O Official Sector Involvement ocorreria através da compra de dívida em posse do ECB pelo valor de mercado atual, i.e., sem deixar o preço subir conforme a dívida é comprada.

O Nuno Sampaio estava me explicando que a ideia seria a Troica emprestar uma grana para a Grécia que estaria necessariamente vinculada a compra da dívida. O ECB veria por quanto ele comprou a dívida e a venderia por um centavo a mais. Dessa forma não estaria sofrendo prejuízo, e assim não estaria descumprindo seus estatutos.  Não sei qual o preço de hoje da dívida (aparentemente nem mercado ela tem) mas, digamos que seja 30% do valor de face. Dessa forma, após feita a operação, a Grécia não teria mais dívida, e ficaria devendo para a Troica somente 30% do valor da dívida original. Mágica. Com o superávit futuramente gerado, ela aos poucos pagaria a Troica.

Um ponto aparentemente contrário a operação é o fato do ECB não se aproveitar da subida de preço enquanto a dívida é comprada. Isto seria injusto com os donos do ECB – os países europeus. Mas esses países já haviam prometido devolver a Grécia os lucros provenientes dessa operação. Portanto, essa crítica não se aplica.

O verdadeiro ponto malandro da operação, que faz a mágica acontecer, é estocástico. Quando o ECB comprou a dívida grega com desconto, estava sendo remunerado pela possibilidade da Grécia defaultar. Mas quando a Troica a comprar (ou, equivalentemente, emprestar o grana), ela deixará de ser remunerada por essa possibilidade, já que irá cobrar juros módicos. Caso, no final, a Grécia acabe defaultando, a Tróica tomaria o prejú. (E se ela não defaultar, o preço estava justo)

Assim como a LTRO, será uma forma elegante para fazer os alemães fingirem que estão sendo enganados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário