A nova projeção
para dívida grega é 190% do PIB, ou algo próximo disso. O Official Sector Involvement ocorreria
através da compra de dívida em posse do ECB pelo “valor de mercado atual”, i.e., sem deixar o preço subir
conforme a dívida é comprada.
O Nuno
Sampaio estava me explicando que a ideia seria a Troica emprestar uma grana
para a Grécia que estaria necessariamente vinculada a compra da dívida. O ECB
veria por quanto ele comprou a dívida e a venderia por um centavo a mais. Dessa
forma não estaria sofrendo prejuízo, e assim não estaria descumprindo seus
estatutos. Não sei qual o preço de hoje
da dívida (aparentemente nem mercado ela tem) mas, digamos que seja 30% do valor de
face. Dessa forma, após feita a operação, a Grécia não teria mais dívida, e
ficaria devendo para a Troica somente 30% do valor da dívida original. Mágica.
Com o superávit futuramente gerado, ela aos poucos pagaria a Troica.
Um ponto aparentemente
contrário a operação é o fato do ECB não se aproveitar da subida de preço
enquanto a dívida é comprada. Isto seria injusto com os donos do ECB – os países
europeus. Mas esses países já haviam prometido devolver a Grécia os lucros
provenientes dessa operação. Portanto, essa crítica não se aplica.
O
verdadeiro ponto malandro da operação, que faz a mágica acontecer, é
estocástico. Quando o ECB comprou a dívida grega com desconto, estava sendo remunerado pela possibilidade da
Grécia defaultar. Mas quando a Troica a comprar (ou, equivalentemente, emprestar o grana), ela deixará de ser remunerada por essa possibilidade, já que irá cobrar
juros módicos. Caso, no final, a Grécia acabe defaultando, a Tróica tomaria o prejú. (E se ela não defaultar, o preço estava justo)
Assim como a
LTRO, será uma forma elegante para fazer os alemães fingirem que estão sendo
enganados.
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