quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ex-presos e negros

Quando um empregador sabe que um candidato à vaga na sua empresa passou um tempo preso na cadeia, ele tende a rejeitar o cara. Essa dificuldade de um ex-infrator encontrar emprego decente após cumprir sua pena é um incentivo perverso para o cara voltar ao crime, o que obviamente é ruim para a sociedade como um todo. Então há um grande debate sobre se deve ou não ser possível/legal para um empregador demandar o histórico criminal dos candidatos.

O problema social de não se poder demandar o histórico criminal de um sujeito é que isso pode gerar aumento de discriminação em outras dimensões.

Os dados sugerem que há uma maior proporção de negros com histórico de criminalidade, comparativamente aos brancos. Se o empregador não puder ter acesso ao histórico de criminalidade na hora de contratar, ele vai forçosamente usar essa informação sobre a proporção de negros infratores na população total de infratores como instrumento, e tenderá assim a favorecer alguém branco na hora da contratação, ainda que ele não seja em si preconceituoso em suas preferências. Em outras palavras, ele praticará discriminação estatística, prejudicando os negros. Em resumo: na tentativa de ajudar o ex-infrator, essa lei acaba prejudicando os negros.

3 comentários:

  1. E vc acha que isso já não acontece plenamente?

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  2. Posts de micro, "à la sob a lupa", são bem mais legais.

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  3. Já passou da hora do Parlamento debruçar-se sobre este assunto e resolvê-lo.
    Em realidade, ser negro e ex-presidiário, é caminho quase certo para não arranjar emprego.
    Sendo negro, só, já há problemas. Um pouco amainados, porém, ainda ocorrem.
    Assim, sem um trabalho sério do Parlamento sobre este assunto, não há soluções à vista. E nem a prazo.
    Ou seja a possibilidade de recuperação torna-se muito mais difícil.
    Não trata-se de escrever estatutos, implementar cotas, porcentuais etc. Isso só agrava a situação.

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