quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Três Metodologias para Cálculo do Juro Neutro


Para este post, suponha como arcabouço o modelo básico novo keynesiano, formado de três equações: (i) curva de Phillips, que liga inflação a hiato, (ii) curva IS, que liga hiato a juro real, (iii) regra de Taylor, que liga juro nominal a inflação e hiato.

Note que não há nada sobre capital, investimento ou poupança nesse modelo. Assim, o conceito de “juro neutro” não se relaciona com equilíbrio do mercado de capital (físico). O juro real neutro é definido como aquele que, se partirmos de uma situação de equilíbrio, não faz a inflação aumentar ou diminuir.

Neste mundo, há três possibilidades para cálculo do juro neutro:

1)      Estime a curva IS, e depois veja quais os juros que zeram o hiato. A dificuldade aqui é ter uma boa medida de hiato. Atualmente, por exemplo, você está achando que o hiato está ficando cada vez mais negativo - mas está completamente errado...

2)      Estime a regra de Taylor, e veja os juros que zeram hiato e igualem inflação à meta. A dureza é que a "verdadeira" meta de inflação fica mudando com o tempo. É difícil acreditar que o Tombini tenha a mesma meta que o Bevilaqua tinha, por exemplo.

3)      Assim como o Laubach e Williams (RESTAT 2003), utilize o filtro de Kalman para estimar juro neutro e hiato do produto simultaneamente, num modelo que considera choques de oferta e demanda, e corretamente os trata como não-observáveis. O chato aqui é a instabilidade dessa estimação para o Brasil - pelo menos na minha experiência pessoal -, o que talvez seja devido à insuficiência de dados.

2 comentários:

  1. E estimar a 2a opção utilizando a meta como variável de estado?

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  2. Seria legal, mas vc tem que arrumar um jeito de identificar isso direito, senão o juro neutro e a meta se confundirão

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