terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Moeda e Inflação III


É possível perder controle sobre a inflação mesmo com a presença de grande capacidade ociosa? Sim.

No arcabouço tradicional (Curva IS, Curva de Phillips e Taylor Rule), estamos acostumados que hiato do produto negativo (ociosidade) implica em menos inflação. Mas escondida nessa sabedoria está a hipótese de que a política do Banco Central obedece ao Princípio de Taylor, de elevar os juros nominais mais do que o aumento da inflação. Se esse princípio não for satisfeito, mesmo que o Banco Central esteja reagindo ao hiato, o equilíbrio “colapsa”. Podemos interpretar isso como uma situação em que as expectativas dos agentes sobre o futuro levam imediatamente a hiperinflação hoje.

Embora menos elegante que esse meu argumento, o artigo do Leeper (http://www.nber.org/papers/w16799) explora o caso em que a economia tem problemas fiscais que, no limite, implicarão no uso de inflação para fazer o ajuste. Na figura, a curva negra indica um caso que em 2040 o Governo passa a necessitar de 8,5% de inflação para equilibrar suas as contas (via imposto inflacionário).

A curva vermelha é que é interessante. Ela é construída num exemplo em que a política monetária sempre é ativa (i.e., sempre satisfaz o Princípio de Taylor), mas em que os agentes econômicos colocam uma pequena probabilidade de que poderão eventualmente passar por uma situação de problema fiscal (em que a política monetária ficaria passiva). Essa expectativa sobre o futuro contamina o presente, fazendo a inflação já começar a subir hoje. E isso pode ocorrer mesmo que no longo prazo a política monetária volte a ser ativa.

Bonitinho, não?



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