segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Banda de Inflação II (meio complicado)


Estive matutando sobre a ideia do CESG. Daí fiz o seguinte experimento.

1)    Escrevi um modelo novo-keynesiano bem simples (as três equações usuais). Calibrei a curva IS e a curva de Phillips como o Leeper (NBER 11874). Mas usei duas calibrações distintas para a Regra de Taylor. Na primeira, assumi que o coeficiente da inflação é 1,5 (como usual). Na segunda, assumi que esse coeficiente é 1,001, o mínimo necessário para que o equilíbrio esteja bem definido.

2)      Primeiro, simulei esse modelo assumindo que o Banco Central sempre segue a primeira regra de Taylor. Obtive a distribuição estocástica das variáveis, e guardei a da inflação.

3)      Depois, simulei o modelo assumindo que o Banco Central segue a primeira Regra de Taylor somente quando a inflação é maior do que 1 ou menor do que -1. (O zero é, por definição, a inflação igual à meta). No caso em que a inflação está entre -1 e 1, assumi que o Banco Central segue a segunda Regra de Taylor, isto é, “praticamente não reage” à inflação. Também guardei para esse caso a distribuição estocástica da inflação.

Na figura abaixo os histogramas para a inflação nas duas simulações. Azul é o item 2, vermelho o item 3. A simulação do item 3, que eu ouso chamar de banda de inflação (apesar dos caveats, que discuto depois da figura) implica em inflação bem mais volátil do que o item 2. Grosso modo, o desvio padrão da inflação sobe de 1% para 3% com a mudança de “meta de inflação” para “banda de inflação”. Há algumas coisas para se pensar e melhorar, mas fiquei impressionado com a relevância quantitativa do resultado.



O que mais me incomoda é que esse exercício não corresponde exatamente ao que o CESG está propondo. Acho que o CESG gostaria que o Banco Central ficasse totalmente parado quando a inflação está próxima à meta. Por outro lado, apesar de heterodoxo, o CESG provavelmente iria preferir que os agentes fossem racionais, e soubessem que o Banco Central muda de política dependendo do nível inflação.

No meu exercício, implicitamente estou assumindo que os agentes esperam que a política em curso seja perpétua, independente da inflação. Isto ocorre porque simplesmente grudei as soluções de dois problemas, resolvidos independentemente, com aproximação linear-quadrática. O certo seria resolver o problema completo, via iteração de Bellman, numa aproximação por estado discreto. (Algum leitor se habilita?)

Outro assunto é assimetria (skewness) da inflação. Por hipótese, tudo aqui foi simétrico. Mas devíamos pensar em formas de política monetária que criem distribuições inflacionárias mais realistas.

2 comentários:

  1. Esse FK é esperto.
    Com agentes racionais antecipando os dois possíveis "estados" da política monetária, a variância no "estado picareta" deve cair bem....a questão é saber quanto.

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  2. Tio,

    É só deslocar a meta de 4.5% para 5.5% e bola pra frente...até aqui na Inglaterra a gente ja' sacou isso..


    The Anchor

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