sexta-feira, 9 de março de 2012

Eu e a Selic

Eu às vezes acertava a Selic no passado. Agora não consigo mais. Fiquei mais burro repentinamente (vejam que esse é um argumento de variação, não de nível), ou a função objetivo do BC está esquisita?

A inflação de curto prazo está tranquila, é verdade, mas e a meta de 4,5% que o Tombini jura de pé junto que persegue? Nesse passo, em 2013 a inflação estará lá perto dos 6%...ah, é verdade que eu mesmo já disse que não tem mais isso de meta de 4,5%....acho que estou com sono.

O governo odeia real forte, e isso poderia ter motivado a acelerada na queda do juro, mas o real até que perdeu um pouco recentemente (vou ter que comprar menos livro na Amazon...)

O governo se preocupa bem com a atividade, mas esse dado de produção industrial de janeiro foi muito influenciado por um evento automobilístico/mineralístico específico, então fico pensando que esse não pode ter sido o "trigger" também.

Caramba, estou muito confuso. Acho que vou começar a dizer que tem meta de juro. É isso, para o próximo jornalista que me ligar vou dizer que tem meta de juro sujeito à restrição da inflação não passar de 6,5%. Aí quando ele me perguntar qual é a meta de juro eu desligo o telefone.

11 comentários:

  1. É Dudu,

    Tô penando pra convencer os europeus que o BC não tá olhando nem pra inflação nem pra atividade na hora de decidir o juros... Vou ter que apelar pro gráfico do Celso mesmo.

    Posso falar uma grande besteira (to do outro lado do Atlântico e pode ser falta de informação mesmo), mas com o desemprego e a capacidade ociosa no nível que estão, imagino que um maior aquecimento da atividade iria repercutir em mais inflação ou aumento das importações, ou não? Ou seja, efeito atividade baixo, mais um complicador pra CC e comprometendo essa meta de juros baixo no médio prazo...

    Abraços,

    Felipe

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  2. Felipe, ola
    Estou bem preocupado com a inflacao para 2013....mas nao tenho medo de conta corrente nao por conta do cambio flutuante.
    Abs

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  3. Dudu,

    A questão das metas acho que há pouco para discutir. Acho que você "resolveu" ela bem. O governo age quando chega perto dos 6% e perto dos 4,5%. É bem por ai.

    O que mais me incomoda, e queria te ouvir (ou, no caso, ler), é a questão da comunicação. Desde que o Tombini assumiu o mercado erra constantemente os ajustes na Selic. Ora, um dos papeis do Bacen não é se comunicar eficientemente com os agentes? É incompetência na comunicação ou na gestão da política monetária? Isso é, os próprios caras estão perdidos na condução da política e mudam de ideia constantemente? Nem vou aqui levantar a hipótese de que tem alguém ganhando grana com isso porque (ainda) acredito nas instituições (em algumas pelo menos).

    Eu ia perguntar isso pro Pérsio ontem, já que ele está há 20-30 anos no setor privado, mas acabou não dando tempo.

    O que você acha?

    Abs,

    Luis

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    1. seguramente,
      um dos papeis do BC eh justamente comunicar de modo claro suas intencoes ao setor privado. e nesse quesito ele tá passando longe!

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    2. No caso, recusando explicar ou desdenhando do mandado que sociedade deu-lhe quanto à política monetária, no geral e de metas de inflação em particular, estaríamos caindo numa esparrela niilista de planejamento central, onde apenas ao líder e acólitos, estes mais ao lado do pescoço e ombros do fotografado, seria dado saber de algo iluminado? Estranho, mas não impossível.

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  4. Vocês não são tarados pela cientificidade dos modelos DSGE?

    O Bacen não publicou um working paper, também presente nos anais da última SBE, que apresenta um novo modelo para replicar e prever as variáveis macroeconômicas do Brasil? Então leiam o artigo, coloquem a rotina no matlab, o valor dos parâmetros e vejam se o modelo é ou não apropriado, se a atual política é ou não condizente com o comportamento daquele modelo.

    Depois reclamam da postura do Delfim/Bresser/Leda Paulani/etc., que dizem simplesmente não acreditar nesses modelos.

    Vocês estão só sofismando, façam uma crítica científica sobre aquele modelo ou então peçam desculpas pro Delfim.

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  5. Bem, atualmente, algo pode estar apontando para nada de meta de inflação, nem de juros e nem de crescimento. O único alvo e sua variável, se for só uma, seria a eleição em São Paulo.
    Vencida, a terra arrasada funcionou. Perdida, a terra arrasada continua.
    Num primeiro momento parecia que meta de centro de inflação teria sido abandonada por certa meta de crescimento. Mas, meta de crescimento abaixo do ponto superior da meta de inflação e também do centro da banda de metas?
    Parece que não deu certo.
    Em suam, não há nem metas e nem tateamento.

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  6. Eu acho meio temeroso afirmar que o governo brasileiro odeia cambio forte. Entao por que raios o boom de credito via bancos estatais, o aumento de dois digitos no salario minimo? Pelas acoes do governo, parece-me muito dificil duvidar que o objetivo primordial que guia a politica economica nao seja a destruicao da competitividade do setor de comercializaveis nao-baseados em recursos naturais (em outras palavras, a manufatura).

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  7. Deus é Engenheiro (mas se nao for Poli ou ITA, a ponte cai)!!

    Se voce quiser, pode assistir meu curso de introducao para graduacao, no qual eu explico para as criancas a importancia de modelos e tambem suas limitações.

    No dia em que o trio Delfim, Paulani e Bresser entenderem um modelo simples de equilibrio geral, aí eu vou parar para ouvir suas criticas à metodologia neoclássica.

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  8. "O", sua tese é bem controversa hein?

    Mas explique-me então porque as medidas administrativas no câmbio e as isenções de impostos para manufatura?

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