quarta-feira, 28 de março de 2012

Corte Contraproducente de Gastos


A história que vou desmascarar é que um corte de gastos do Governo é contraproducente, que na verdade leva a uma piora da situação fiscal. O argumento, de gente como Wolfgang Munchau, Martin Wolf e Dilma Rousseff, é que um corte de gasto leva a uma queda no PIB. Com isso, a relação dívida sobre PIB fica pior. Mas está errado.

Na figurinha ilustro como se comportam as séries no mundo real. O eixo horizontal refere-se a tempo. O eixo vertical a alguma unidade monetária. O experimento exógeno é cortar gastos do governo, a partir de um certo momento. Com isso, o inicialmente PIB desaba, mas depois volta a crescer. A relação dívida PIB piora no primeiro momento, mas depois começa a cair.

A lição é que não vale reclamar do ajuste no primeiro momento. Há que se esperar um pouco, até que todos estejamos mortos, para ver os verdadeiros efeitos do ajuste.


4 comentários:

  1. Se a dívida é considerada constante e o PIB já estava subindo antes do corte, a relação Div/PIB já estava caindo, certo?
    Se após o choque o PIB voltou a subir na mesma velocidade, a relação Div/PIB voltou a cair, certo? Então o corte de gastos, neste caso, só retardou a queda da relação Div/PIB, ou não?

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  2. Não, no meu exemplo a dívida não era constante, ela subia com o PIB. Mas mesmo se tivesse caindo, o corte de gastos faria com que caisse mais rapidamente.

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  3. O comentário acima mostra a importância de se usar um modelo consistente de fluxos e estoques, como sugeriu o Oreiro no Valor dessa semana.

    Se não estou enganado, a razão déficit primário sobre PIB que estabiliza a razão dívida sobre PIB no patamar D é igual a [(g-i)/(1+g)] * D

    em que g é a taxa potencial de crescimento e i é o juro real.

    Supondo que g = i, a razão divida PIB será constante se o governo tiver deficit zero.

    Partindo dessa situação, se ele começar a praticar superavit e o efeito de curto prazo sobre o crescimento for nulo, a divida começará a cair como bem mostra o professor.

    Se é assim, tanto faz agora criar um efeito de curto prazo que momentaneamente deprima o PIB em relação ao potencial. Se ele voltar a trajetória potencial, como implícito na figura, isso significa que o crescimento momentaneamente baixo será compensado por taxas elevadas no futuro.

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  4. Tem um americano chamado Lorêncio Verão, de Arvard, que discorda. Como ele é norte-americano e é de Arvard, ele deve estar certo e voce errado. Ele escreveu com um amiguinho que chama alguma coisa "de longo". http://www.brookings.edu/~/media/Files/Programs/ES/BPEA/2012_spring_bpea_papers/2012_spring_BPEA_delongsummers.pdf

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