Não há como responder com certeza a pergunta que o mercado hoje se faz: "havendo o parlamento grego aprovado a tal cláusula de ação coletiva, podem os que investidores privados que não participarem do swap de dívida soberana acionarem os CDS"?
Eu acho que sim, que podem e que vão acionar, mas como vai ter um rolo jurídico aqui, é difícil ser categórico sobre o resultado final. Mas vai ter bagunça.
Para mim, que gosto mais de teoria e menos de conjuntura, o mais interessante é entender se as CACs ajudam ou não o emissor a se financiar mais barato. A resposta não é óbvia, dado a existência de dois efeitos opostos. O ponto é o seguinte: a dívida com CAC minimiza os custos associados à turbulência gerada por um default, dado que o problema de coordenação na renegociação com os credores no período que se segue ao anúncio do calote é bem menos agudo. Isso vem para o bem e para o mal. Por um lado, o fato de acordos pós-default serem mais céleres com CACs do que sem elas minimiza os custos de desorganização econômica que o devedor sofre quando aplica o calote, o que por sua vez aumenta o valor do seu ativo ex-ante. Mas, por outro, ao diminuir o sofrimento associado ao default, as CACs o tornam uma opção mais atraente para o devedor. Ah, e o credor obviamente entende isso.
Qual efeito prevalece?
O Eichengreen e o Mody sugerem nesse artigo (http://www.nber.org/papers/w7458) que depende do rating de crédito do emissor. Para um nego com baixo rating de crédito, predomina o "efeito picareta", e os juros são mais altos, enquanto para emissores vistos como de menor risco, predomina o outro e os juros são menores.
Caro professor CESG,
ResponderExcluirSob o risco de vc me mandar prestar FUVEST novamente, caso a minha dúvida seja de difícil resposta, gostaria de saber qual o incentivo de um país colocar cláusulas CACS em seus papéis na emissão, contaminando os preços, se eles podem inserir essa cláusula ex-post, via parlamento, ao menos uma vez (depois, quando a utiliza, ele se "revela" picareta ao mercado.
Saudacões equatoriais,
FG, Anpec 2013