Eu estou lendo um livro do Tyler Cowen sobre esse tema.
A pergunta central é: a globalização homogeiniza tudo e, nessa dimensão, deixa o mundo mais desinteressante? Todo mundo toma coca-cola em todos os quinhões do globo, e aquela bebida típica que nossos antepassados faziam, ah, essa sumiu....
Em linhas gerais essa é a essência do argumento cético.
De fato, deve ter um pouco disso mesmo acontecendo nesse mundo mais global. Mas por outro lado, a maioria dos movimentos culturais que se tornaram característicos de certas regiões nos últimos 60 anos se beneficiaram -- e muito -- de influências culturais de alhures, fundindo-se com essas num caldo miscigenado que deu origens a novas e diversas tendências. Isso não teria ocorrido num ambiente de isolamento cultural que preservasse as raízes locais. Na música isso é claro e óbvio.
E por que se a diversidade cultural entre lugares diferentes, em um mesmo momento do tempo, é algo que os céticos da globalização valorizam, a diversidade cultural num mesmo local ao longo do tempo (que ocorre dinamicamente como resultado desse "comércio internacional"), essa fruto da globalização, não o seria??
Mais importante na minha opinião é outro aspecto que o Tyler Cowen enfatiza. Suponha que de fato estejamos num mundo mais homogêneo, no qual a diversidade na cross-section seja menor. Essa menor "diversidade objetiva" se traduz em menor "diversidade concreta", experimentada pela sociedade? NÃO ! Em um mundo onde cada um mora na sua aldeia, teremos aldeias culturalmente bem diversas, mas ninguém usufruirá dessa diversidade objetiva. A globalização seguramente impulsionou, e muito, a diversidade concreta a que as pessoas têm acesso, mesmo que em parte isso tenha ocorrido às custas de uma menor diversidade objetiva.
Definitivamente, em Economia não há almoço grátis.
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