terça-feira, 16 de abril de 2013

"X" vs. Delfim

Acordei cedo e pela janela vi a marca X estampada nas nuvens. Soube que a sociedade precisava de mim. Ao ler o Delfim no Valor, entendi porque.

Vamos lá:

1 - Ele disse que as gordas aposentadorias dos servidores atrapalham a inflação. ERRADO, Delfim. Em países com gastos com aposentadorias maiores que os nossos, e mesmo onde o gasto público é bem rígido, a inflação é ao mesmo tempo bem mais baixa que a nossa. É déficit que causa inflação, déficit, e não gasto elevado. Corolário: aumentos do déficit aumentam a inflação (conhecem o país?).

2 - Ele reclamou que grupos privados se protegem com sucesso no Brasil e isso pega na taxa de inflação. Estrutura de mercado com pouca concorrência afeta a eficiência e o nível de preços, mas não a taxa de inflação.

ps1 - é verdade que nos modelos de DSGE tem uns choques de mark-up (que ninguém nunca soube justificar direito o que representam) que tem efeitos persistentes sobre a inflação. Mas o Delfim não estava mencionando isso, ele estava falando de mudança da taxa de inflação num novo SteadyState com mark-ups menores.

3 - Nesse terceiro item eu não tenho certeza o que ele quis dizer....bom, ele menciona um paper e diz que se liberalizássemos mais o mercado de trabalho, ajudaria na inflação. O que eh verdade: maior liberalização levaria seguramente a menor duração do desemprego e muito provavelmente a menor taxa de desemprego estrutural. Aí, no ciclo, o desemprego oscilaria de fato em patamares mais baixos. Mas as oscilações do desemprego entorno desse novo potencial não teriam porque afetar a inflação com uma elasticidade diferente.

Acho que o Valor Economico precisa montar uma coluna para mim, para eu corrigir os equívocos cometidos teóricos por seus colunistas. Seria visando o bem da sociedade. Aceito seguir no anonimato, sem louros, sem dinheiro. É a minha sina.

9 comentários:

  1. Qual é, X? reclamando da proposta de liberalização do mercado de trabalho?? Você está de implicância com o gordo...

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  2. Dudu, ops, X: em tese, em um ambiente com menor concorrência, o repasse de eventuais alívios nos preços ao produtor para os preços ao consumidor é menor, criando uma maior resistência (para baixo) da inflação desses bens, que acaba tendo efeitos sobre toda a inflação da economia, via indexação formal e informal de preços, salários e contratos.

    Usando como exemplo prático a conjuntura atual brasileira: talvez a excessiva concentração em alguns setores ajude a explicar porque a forte deflação do IPA Agro não esteja chegando (ou demorando muito ou chegando pouco) no IPCA Alimentação.

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  3. Você não sabe ler, senhor CESG?
    Eu disse que sou contra liberalizar mercados de trabalho e de bens? Porra, eu só disse que não tem nada (ou pouco) a ver com inflação. Não amola, CESG, vai estudar mais. Leia "Equilibrium Unemployment", do C.Pissarides.

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  4. Os blogueiros poderiam se unir contra as bobagens ditas pelos nossos economistas mais famosos. O X vigiaria o Delfim, o FK o Belluzo, o CESG o Mantega, o Alex o Tombini e o O o Oreiro. Seriam uma espécie de Vingadores tupiniquins.

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    1. Como FK e CESG são vagabundos e o Alex tem mais o que fazer, eu e o "O" daremos conta do recado.

      O Brasil precisa de nós nesse momento em que os Siths heterodoxos estão no comando.

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  5. Ah, outra coisa: estrutura de mercado pode não afetar a taxa de inflação, mas MUDANÇAS na estrutura de mercado podem afetá-la, ao menos temporariamente.

    Anônimo das 15:32

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  6. Isso mesmo, mudanças sim, mas temporariamente, como disse o Anônimo. E insisto (está me ouvindo bem, SENHOR FGENTA?): isso não é equivalente aos mark-up shocks dos modelos de dsge bayesianos a la Smets-Wouters.

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  7. Alguma sugestão de livro que sintetize "todas" as "boas" teorias sobre as causas da inflação?

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  8. No fundo, o que está preocupando todo mundo é a inflação e seu comportamento. E claro, o quanto será, quando e durará quanto tempo. Pode parecer redundância e implicância. Mas, além de todas as dúvidas sobre a inflação, alguém poderia explicar o porquê das autoridades governamentais tratarem a inflação como um ente? Isso mesmo: um ente.
    Há poucos dias a própria presidente falou, em dos seus discursos, que "...não iremos negociar com a inflação...".
    Bem, alguém habilitaria-se a explicar como é que não se negocia com a inflação (o ente)? Ou explicaria o "nós"? "Nós", quem? Ou seriam "os nós" que estão correndo na economia?

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