quarta-feira, 17 de abril de 2013

CRISTIANO ROMERO HOJE VALOR

Olha, Cristiano, nao esta bom o que o Amadeo te disse sobre o negocio da nova base quebrar a lógica do trabalhador financiando com imposto na folha sua própria aposentadoria. Por um motivo simples: nao eh isso o que ocorre. O trabalhador nao financia sua aposentadoria no sistema atual, ele financia a aposentadoria de outra pessoa que ele nao conhece, um velhinho aposentado em um canto qualquer do Brasil. Os fundos vão todos para o Estado e esse distribui para outras pessoas, então essa parte nao muda muito nao. Continua a mesma coisa, o Estado pega de uns e da para outros, num sistema de transferencia, nao de poupança. Por que a ligação entre um trabalhador jovem do Rio Grande do Sul  com um velhinho que já nao trabalha mais no Amazonas seria de algum modo diferente da entre uma empresa e o mesmo velhinho?

O que realmente faria sentido seria mudar o regime para um de capitalização, onde cada um teria sua  conta própria, aí sim se estabeleceria uma ligação interessante, entre você hoje e você velhinho. Seus incentivos a cuidar dessa conta seriam muito maiores e o governo teria muita dificuldade em meter a mão, com boas ou mas intenções, nesses recursos.

O resto do artigo eh bom, Cristiano, e de fato nao eh uma mudança fiscal interessante essa. Melhor seria flexibilizar esse mercado de trabalho para ter ao mesmo tempo mais criação e mais destruição de vagas. Eh isso que alavanca a economia.

2 comentários:

  1. X, algum comentário?

    http://www.nextnewdeal.net/rortybomb/researchers-finally-replicated-reinhart-rogoff-and-there-are-serious-problems

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  2. Prezado Economista X,

    você tem razão. Nosso sistema previdenciário não é de capitalização, mas de transferência. A questão, aludida pelo Amadeo mas provavelmente mal explorada por mim, é política. Ao trocar a contribuição sobre folha por um tributo sobre faturamento, o governo pode ter enterrado de vez qualquer discussão sobre a fixação de uma idade mínima para aposentadoria em Pindorama. Ademais, a adoção de regras mais rígidas, compatíveis com o fato de nossa população estar envelhecendo.

    Embora o regime não seja de capitalização, há uma conta previdenciária calculada a partir das contribuições de empresas e trabalhadores. Então, na prática, todos contribuímos para a "nossa" aposentadoria. Tudo cai no Tesouro, é verdade, porque o déficit entre contribuições e benefícios é coberto por todos nós por meio da Viúva.

    Adiante, quando o buraco fiscal se tornar intolerável, o governo aumentará as alíquotas adicionais do tributo destinado ao financimento da previdência. E tome-lhe imposto regressivo... Uma lástima.

    Minha pergunta (por favor, não responda!): por que, em vez de desonerar aqui e acolá, a Dilma não usa o capital político dela (80% de popularidade!) para promover uma ampla e profunda reforma tribuária?

    Abraços,

    Cristiano

    P.S.: excelente e divertido blog!

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