segunda-feira, 22 de abril de 2013

Os Srs. Bicalho, Menezes, e Pessoa/Lisboa...

...não me convenceram. O argumento, feito independentemente, e com técnicas diferentes, é que é possível conciliar o desemprego cadente com o PIB porcaria, se levarmos em conta (i) razões demográficas, i.e., menos população em idade ativa, e (ii) mudança econômica da indústria para os serviços, um setor mais intenso em mão de obra.

Antes de nada, deixe-me dizer que não sou suspeito para falar do assunto. Os quatro economistas são, em minha opinião, brilhantes. Além do mais considero todos meus amigos. Mas ainda assim não comprei.

Claro que os dois fatores mencionados vão na direção correta. Mas duvido que têm intensidade suficiente. Eles são efeitos lentos, bem mais lentos que ajustes econômicos no mercado de trabalho que são causados por usuais choques de demanda ou oferta. Por essa razão, a explicação para os níveis observados de desemprego tampouco pode estar baseada em um racional de desequilíbrio.

Em outras palavras, as mudanças causadas por efeitos demográficos ou setoriais seriam rapidamente canceladas por contratações ou demissões motivadas por razões econômicas (choques de oferta/demanda). Por exemplo, suponha que um monte de gente subitamente aparece no mercado de trabalho. Daí, o salário cai e as empresas contratam o excedente, renormalizando a taxa de desemprego. A mesma coisa acontece se as pessoas desaparecerem do mercado, devido a demografia ou a mudança setorial.

Meu chute é que essas duas histórias, demografia e mudança setorial, não conseguem explicar que desemprego igual a 12% em 2002 e igual 5% agora são ambos consistentes com equilíbrios de mercado. Alternativamente, que mesmo a crise de 2009 e a arrancada de 2010 não foram capazes de ajustar o mercado de trabalho, que o desemprego continuou caindo durante todo o período.

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