terça-feira, 30 de abril de 2013

Core Inflation (Wonkish)

Por quê as pessoas falam de core inflation, olham pra núcleos?

Bem, a resposta mais comum é: porque o núcleo é um retrato melhor da tendência da inflação, se deus ajudar meio que livre dos tais choques de oferta...

Não testei isso, mas sei que tem gente que cita uma evidência empírica "desfavorável": o núcleo não parece ser um bom previsor de inflação futura. Mas se tiver muito choque de oferta, não é pra ser mesmo, certo? Nesse caso a inflação sempre estaria acima ou abaixo de seu núcleo; e este apenas acertaria em média...

Agora pergunte a um cara acadêmico da área de monetária por que os BCs deveriam olhar os núcleos...ele vai te responder algo que não tem nada a ver com essa historieta aí.

Nos modelos macro com microfundamentos e preços rígidos, algumas firmas, a todo instante, estão travadas para reajustar preços para seu patamar ótimo, que oscila com as oscilações de demanda agregada (Calvo-pricing). Agora, tem umas firmas que demoram mais para rever preços e outras que demoram menos.  A inflação gera muita distorção para as que demoram mais, pois o preço ótimo, ou ideal, vai mudando muito mas o nego está lá travado no preço fixado na última janela de reajuste que lhe foi aberta, há muito tempo. Para minimizar essa distorção, a recomendação é que a inflação dos caras que reajustam com menor frequência (a core inflation!!!) seja mantida baixa pela politica monetária. Essa é a origem da ideia de ter o núcleo como target, por incrível que possa parecer para um economista não-academico.

Não gostou? Eu te entendo.

DELFIL SENIL


Mesmo quando ele tenta seriamente fazer um comentário econômico, como no Valor de hoje, a senilidade aparece. Quão insighful discussão entre dívida bruta e líquida! Que brilhante a comparação entre salário nominal da indústria e câmbio nominal sem levar em conta ganhos da produtividade! Gênio!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

An agreement has been reached

Dear readers,

After some tense negotiations and a lot of heavy drinking, a settlement has been reached.

I bought this blog from FK, CT and CESG (also known as the 3 fags). These fellows are now my employees and will have to obey orders. The editorial line will be dictated by me and Antoninho alike, two staunch orthodox and well-trained economists.

Heterodoxos evil-doers, beware: the "X Era" has begun. You have two choices: study Mas-Collel or leave the country now. I will not rest until I am done with you.

X, the founder

An important meeting

Dear readers, an important meeting is taking place in just a few hours between X, Antoninho, CT, CESG and FK at an old bar in downtown SP. Antoninho is trying to convince X (that is, me) to abandon his newly formed Blog and return to this site (the readership here fell dramatically without X and Antoninho). I warn in advance that although Antoninho is an old chap, I wont waver about my conditions, which are:  free speech and free languages. CT is free to participate, but he remains forbiden to complain about both my and Antoninho's posts. Let's see where this will take us.


Garrinchas’ Cheap Talk Amplification Theory


Suppose Dilma doesn’t let you raise interest rates as much as you think is needed. Suppose also that although markets are perfectly rational, they are still learning what this CB’s monetary policy is about. (Suppose also that Celso is a fag – actually you don’t need to make this hypothesis, for obvious reasons, which are not related to Economics). Then, by giving out hawkish speeches, the CB can raise the effective interest rate and try to control inflation, even if it does not deliver it. It is nice way to amplify the power of the monetary policy, which works until it doesn’t work anymore. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Argumento para a próxima ata

Esse texto recentíssimo mostra o óbvio de forma rigorosa a partir de um painel grande de dados para os EUA.

Os economistas descobriram que um cidadão com pouco conhecimento financeiro (estamos falando aqui do basicão mesmo) está mais propenso a usar mecanismos "caros" de financiamento (agiotagem, antecipação de restituição, cheque especial, parcelamento "sem juros" etc.).

Os dados mostram que a chance de um cidadão entrar em um empréstimo com juros escorchantes é duas vezes maior se ele não tiver noções de finanças elementares.

Muito bem. Na matriz, segundo os dados do PISA, 23,4% dos estudantes encontram-se no nível mais baixo de proficiência em matemática (ou abaixo dele). Aqui na filial, a fatia é de 69,1%.

Se familiaridade com o básico de finanças estiver associado a conhecimentos elementares de matemática, um estudo semelhante ao americano aplicado no Brasil mostraria, provavelmente, que somos "analfabetos financeiros".

Implicação: investir em educação aumenta a potência da política monetária e diminui ceteris paribus a demanda por crédito.

Como o investimento em educação parece ser uma prioridade do governo, entendo ser este um argumento forte para prever que o juro não vai subir.

Their Mantega



When I was younger and wiser, already working in the market but at old downtown Sampa, I would sometimes see the “bread line” – the giving away food line organized by the São Bento church. Looking at the miserable queue I had mixed feelings, of pity and how selfish were my complaints about life.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Macrovision

I was today at the depths of hell (unique hotel) watching the Itau seminar. Gargamel was boring, as usual, but the rest was kind of fun. Odebrecht said there is no environmental limitations to infrastructure projects, delays are mostly due to the entrepreneurs' fault, their deliberate choice to postpone constructions. Rogoff said the ECB should apply more stimulus, and that the fiscal drag in the US will be worse than expected. Velasco explained the Chileans are unhappy due to economic risks and lack of insurance. Zapatero said many words, without any meaning. And then, to close down, Charles Hamilton said US monetary normalization is in within the horizon of Brazilian monetary policy, and that commodities are an upward risk to Brazilian inflation. Awesome.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Não entendi a piada


Macroeconomia = Identificação


Para os velhos de qualquer idade, Macroeconomia é contar histórias, acreditar que elas são derivadas de uma igualdade contábil, sem perceber que são somente identidades. Confundir o que é endógeno com exógeno, equilíbrio com desequilíbrio. Como serve para comprar o leite das crianças, e o próprio economista acredita no que está fazendo, acho que é uma atividade perfeitamente honesta.

Para os jovens de qualquer idade, é importante pensar em termos de equilíbrio, e identificar os choques exógenos, para daí poder contar a história. Senão, fica tão desonesto que até alguns consultores ficam com vergonha. Nesse caso, mesmo com as brutais limitações, o DSGE ajuda a pensar.

Tem gente que é inteligente o suficiente para dispensar modelos, e consegue fazer a identificação de cabeça. Quando eu tento fazer isso, noto que me confundo várias vezes. Noto também que outras pessoas se confundem, mas não percebem.

Outra coisa é projeção. Um DSGE serve, assim como um AR(1) e o cérebro humano, para fazer uma projeção mais ou menos decente. Como a mistura de várias projeções feitas com diferentes metodologias domina uma única projeção, o DSGE tem serventia.

Ainda outro assunto é fazer cenários, tipo “quanto precisa de juros para trazer a inflação para a meta de 5,5% em dois anos?” ou “quanto essa medida macroprudencial significa em termos de SELIC”. Para isso, o DSGE claramente domina um modelinho do tipo “estrutural” (Phillips sem teoria + IS dinâmica sem investimento/exportações), exatamente pela questão de identificação. (Basta tentar estimar Phillips usando alguma medida usual de hiato que você já começa a perceber que esse modelinho não presta, subestima o poder da política monetária e a persistência das variáveis.) Nesse sentido, acho que o DSGE ajuda sim a aplicar Pré, apostar na inclinação da curva entre 2015 e 17, etc. Mas claro que não é panacéia, e que o Brasil tem dimensões continentais.

Non Cristiano Romero, non !

Cristiano Romero, vous avez tort.

La parte la moins fiable du modèle SAMBA, c'est justement celle de l'economie international. On ne devrait pas donc l'utiliser comme Monsieur Bleu et vous l'ont fait.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Perguntas aos professores titulares

Como consultor tenho inveja de quem domina os DSGE.

A abundância de choques e parâmetros arbitrários desses modelos permitem ao usuário explicar com senhoridade qualquer fenômeno observado.

Pergunta 1: vocês realmente entendem melhor o mundo com essa tranqueira?

Pergunta 2: qual o choque do SAMBA que está explicando o desempenho do meu querido Palmeiras?

NOT YET USEFUL FOR POLICY ANALYSIS (EXTREMELY WONKISH)

I know i should have read it before. But I am lazy. Ok, to the point: Chari Kehoe and McGrattan paper is a must read for all of you guys (fagots like FK and FG) in love with this farsical thing dubbed SAMBA here in the tropics. If you have 1/2 of my IQ (most of you readers do not reach this threshold, let´s be honest) you will understand the main points. Summing up: those million shocks plugged into the SAMBA model are not really structural, and hence the model should not be used for policy analysis.

I dont like however their bashing of the Taylor Rule. Taylor is a nice guy, a hard worker. Further, assuming monetary policy shocks are a random walk sounds weird to me...why do they like it? Well, because then you do not need to artificially insert inertia into the calvo pricing mechanism (the usual strange assumption made by Smets and Wouters followers is that the guys not readjusting optimally do readjust automatically using past inflation) to get an inflation series sufficiently persistent so as to match the data.

Salut,

X

ps. celsô, je suis arrive a ton pays de naissance et je profite pour appendre un peu plus la langue italienne. on peut dire "ciao" aussi quand on arrive!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Modificando R-R

Em vez de usar nível da dívida, uma variável melhor para medir sustentabilidade -  que considere crescimento passado, déficit primário e juro,  - deveria funcionar legal. Tem de resolver endogeneidade, o resultado fica menos simples e explícito, mas faz bem mais sentido. Claro que estou pensando no Brasil durante as décadas passadas.

Central Bank Globalization

Like my friend X I am surprised by how much the international economy affect our Central Bank decisions. This is certainly very different from the time I was Governor.
One possibility is that nowadays the central bankers are much more in touch than before. I imagine that Tombini and Awazu have so many meeting with the other bankers that they become influenced, and tend to put more weight on the global economy than they should.
But what really stinks about it is not that they end up choosing the wrong policy. Rather, that the gringos end up doing better than us in the Brazilian fixed income market.

PERGUNTA AO SENHOR LUIZ PEREIRA, DO BC

Monsieur Bleu,

O senhor veio a público dizer que seu voto contrário à elevação da Selic foi uma questão de discordância de "quando", não de "se". Caramba, me explica isso. O que faltava na composição do cenário inflacionário para seu "quando" ser agora? Não, não venha com essa de crise externa...olhe os VIXs. Ok, tudo bem, eu concedo...a crise externa te preocupa...mas aí o BC não poderia reduzir os juros se a crise de fato ocorresse? Pensando bem, a sua justificativa só vale se você achar que a crise externa é o cenário mais provável, algo iminente. Aí, de fato, não faz sentido restaurar o juro para o neutro para derrubá-lo depois de amanha. Mas não sei porque eu desconfio que você não atribui tanta probabilidade para a tal crise externa. Onde estou errando? Fiquei confuso de novo. Phoda. Ou bem eu estou ficando velho e caduco, ou esse governo faz mais confusão do que os outros. Reconheço que não tenho uma estratégia de identificação clara para separar os dois efeitos.

Salut

X

tumachi na cnn

http://edition.cnn.com/video/#/video/international/2013/04/17/dnt-brazil-tomato-war.cnn
Infelizmente, com tantos especialistas na mesa, acabaram me escolhendo.

Juros com Produtividade Baixa

Antoninho pediu ao X, mas eu vou dar pitaco. Produtividade baixa está sim associada com juros naturais baixos, um conceito de Wicksell, que se relaciona a produtividade marginal do capital.
Mas você está correto que para manter a inflação controlada quando há uma queda na produtividade é necessário elevar os juros. Isto ocorre porque o hiato do produto fica positivo (falta de ociosidade), consequência da elevação do custo marginal, além do próprio efeito inflacionário do choque negativo.

Os Srs. Bicalho, Menezes, e Pessoa/Lisboa...

...não me convenceram. O argumento, feito independentemente, e com técnicas diferentes, é que é possível conciliar o desemprego cadente com o PIB porcaria, se levarmos em conta (i) razões demográficas, i.e., menos população em idade ativa, e (ii) mudança econômica da indústria para os serviços, um setor mais intenso em mão de obra.

Antes de nada, deixe-me dizer que não sou suspeito para falar do assunto. Os quatro economistas são, em minha opinião, brilhantes. Além do mais considero todos meus amigos. Mas ainda assim não comprei.

Claro que os dois fatores mencionados vão na direção correta. Mas duvido que têm intensidade suficiente. Eles são efeitos lentos, bem mais lentos que ajustes econômicos no mercado de trabalho que são causados por usuais choques de demanda ou oferta. Por essa razão, a explicação para os níveis observados de desemprego tampouco pode estar baseada em um racional de desequilíbrio.

Em outras palavras, as mudanças causadas por efeitos demográficos ou setoriais seriam rapidamente canceladas por contratações ou demissões motivadas por razões econômicas (choques de oferta/demanda). Por exemplo, suponha que um monte de gente subitamente aparece no mercado de trabalho. Daí, o salário cai e as empresas contratam o excedente, renormalizando a taxa de desemprego. A mesma coisa acontece se as pessoas desaparecerem do mercado, devido a demografia ou a mudança setorial.

Meu chute é que essas duas histórias, demografia e mudança setorial, não conseguem explicar que desemprego igual a 12% em 2002 e igual 5% agora são ambos consistentes com equilíbrios de mercado. Alternativamente, que mesmo a crise de 2009 e a arrancada de 2010 não foram capazes de ajustar o mercado de trabalho, que o desemprego continuou caindo durante todo o período.

domingo, 21 de abril de 2013

CB independence

Antoninho, my bro, now that we scared the 3 little homossexual pigs away from their own blog, let's talk some serious stuff here. I've got a question for you: do you believe this CB independence talk will go somewhere? And if it does, will it help? My reasoning is this: if all CB's directors continue to be appointed from within the bureaucracy, there can be no such a thing as an independent CB, no matter what the law says about staggered 6 years mandates.
And even under the current legal arrangement, if we were there, threatening to quit, the Selic would already be at 11%.

ps. i fled to an english speaking country here in Africa...it is fucking hot here my friend!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Produtividade e Juros


First, something to relax, since it is Friday: Celso, you are a fag.
Now, please help me out, Dr. X. I’ve listened from a gringo schmuck, who came here into my office, that it is good to receive interest in Mexico because the reforms will increase productivity and lower the neutral interest rate. I also remember some weird Brazuca (who looked like a serial killer) saying that Brazil interest rates are lower because productivity is now lower, due to Dilma’s “micromanagement”.
Who is right? If productivity goes down the interest rate increases or decreases? I don’t know shit about neutral interest rate. But I’m pretty sure that negative productivity asks for more interests.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Copom: não poderia ter sido pior

Duro esse Copom aí. O BC elevou cosmeticamente a taxa de juro e ainda assim com placar dividido, sinalizando que a alta que virá nos próximos meses será modestíssima, provavelmente 75 ou 100 pts. E tudo em conta gotas. Com isso, ele não desfaz a imagem de que é político, não segura demanda agregada e não ancora as expectativas. Aumenta um pouco o ônus da dívida, apenas isso. Lamentável.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

25

Awesome. Once again I was right and Loyo wrong.

Forward Guidance Here?

Celso woke up. I don't think it was because of my post. But, in any case,  I repeat: fag!
On a less relevant topic, I wonder why Tombini is so worried about open mouth operations. During my time as the Governor, we used open market operations only. I understand that, in the case of the US, it is important to use forward guidance due to interest boundary, and thus open mouth is inevitable. But that is not true here. I wonder if our Central Bank started to use open mouth because its initial written reports were kink of blunt, and the market was getting confused and upset. Now, it is true, people in the market seem happier with CB communication, even though it is done thru vicentes, leitoes e safatles.

Erro de link

Na profissão de consultor, os "erros de link" são usados para justificar grandes barbeiragens.

Muito bem, acabaram de me mandar este texto mostrando que o Rogoff e a Reinhart pisaram feio na bola para obter o limiar de dívida de 90% do PIB a partir do qual o crescimento vai para o saco.

Além de excluir seletivamente alguns anos, usar um critério de ponderação para lá de duvidoso, os grandes acadêmicos escreveram uma fórmula no Excel que excluiu da média alguns países. Detalhe: todos os equívocos favoreceram as conclusões.

Perto disso, os estudos que fiz na época em que ainda era economista deveriam ser publicados na Econometrica.

* * *

O Dudu realmente acha que o Economista X é outra pessoa. Pelos menos o FK não esconde o alter ego.

CRISTIANO ROMERO HOJE VALOR

Olha, Cristiano, nao esta bom o que o Amadeo te disse sobre o negocio da nova base quebrar a lógica do trabalhador financiando com imposto na folha sua própria aposentadoria. Por um motivo simples: nao eh isso o que ocorre. O trabalhador nao financia sua aposentadoria no sistema atual, ele financia a aposentadoria de outra pessoa que ele nao conhece, um velhinho aposentado em um canto qualquer do Brasil. Os fundos vão todos para o Estado e esse distribui para outras pessoas, então essa parte nao muda muito nao. Continua a mesma coisa, o Estado pega de uns e da para outros, num sistema de transferencia, nao de poupança. Por que a ligação entre um trabalhador jovem do Rio Grande do Sul  com um velhinho que já nao trabalha mais no Amazonas seria de algum modo diferente da entre uma empresa e o mesmo velhinho?

O que realmente faria sentido seria mudar o regime para um de capitalização, onde cada um teria sua  conta própria, aí sim se estabeleceria uma ligação interessante, entre você hoje e você velhinho. Seus incentivos a cuidar dessa conta seriam muito maiores e o governo teria muita dificuldade em meter a mão, com boas ou mas intenções, nesses recursos.

O resto do artigo eh bom, Cristiano, e de fato nao eh uma mudança fiscal interessante essa. Melhor seria flexibilizar esse mercado de trabalho para ter ao mesmo tempo mais criação e mais destruição de vagas. Eh isso que alavanca a economia.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Celso, you fagget

Heard thru the grapevine Claudio Adilson is going to LCA. I don't see the logic. He won't give any contribution to the macro debate. It must be a sexual thing. Congratulations, Celso, for getting out and becoming one of us.

Finalmente a perfeição

Caros FK e Dudu,

Depois de anos de experimentação, creio que tanto o título quanto o layout do blog atingiram a perfeição.

Permitam-me um pedido: vamos deixar como está daqui para frente para ajudar a consolidar a imagem de seriedade que estamos construindo.

Abraços,

C

"X" vs. Delfim

Acordei cedo e pela janela vi a marca X estampada nas nuvens. Soube que a sociedade precisava de mim. Ao ler o Delfim no Valor, entendi porque.

Vamos lá:

1 - Ele disse que as gordas aposentadorias dos servidores atrapalham a inflação. ERRADO, Delfim. Em países com gastos com aposentadorias maiores que os nossos, e mesmo onde o gasto público é bem rígido, a inflação é ao mesmo tempo bem mais baixa que a nossa. É déficit que causa inflação, déficit, e não gasto elevado. Corolário: aumentos do déficit aumentam a inflação (conhecem o país?).

2 - Ele reclamou que grupos privados se protegem com sucesso no Brasil e isso pega na taxa de inflação. Estrutura de mercado com pouca concorrência afeta a eficiência e o nível de preços, mas não a taxa de inflação.

ps1 - é verdade que nos modelos de DSGE tem uns choques de mark-up (que ninguém nunca soube justificar direito o que representam) que tem efeitos persistentes sobre a inflação. Mas o Delfim não estava mencionando isso, ele estava falando de mudança da taxa de inflação num novo SteadyState com mark-ups menores.

3 - Nesse terceiro item eu não tenho certeza o que ele quis dizer....bom, ele menciona um paper e diz que se liberalizássemos mais o mercado de trabalho, ajudaria na inflação. O que eh verdade: maior liberalização levaria seguramente a menor duração do desemprego e muito provavelmente a menor taxa de desemprego estrutural. Aí, no ciclo, o desemprego oscilaria de fato em patamares mais baixos. Mas as oscilações do desemprego entorno desse novo potencial não teriam porque afetar a inflação com uma elasticidade diferente.

Acho que o Valor Economico precisa montar uma coluna para mim, para eu corrigir os equívocos cometidos teóricos por seus colunistas. Seria visando o bem da sociedade. Aceito seguir no anonimato, sem louros, sem dinheiro. É a minha sina.

Atentamente


I’m thankful to X for inviting me to this blog. However, X, if you say something stupid, as usual, you won’t be spared. But on my first post I just want to point out the naivety of FK.
Things are not like you think, FK. When I was at the BC, sunk down the bureaucratic duties, I didn’t have time to think so much about the monetary policy. When COPOM meeting was close, I had a quick talk with a DEPEP guy I trusted to check the risks involved. Then I thought what would be the best policy for the country, tried not to get my hands tied, remembered always that I could change my mind and change everything in the next month.
I read a research report yesterday concluding that Tombini said “atentamente” to signal he will raise 50, since the curve was already pricing 25 and he does not want to disappoint the market. (If he would raise only 25 he shouldn’t have said a word). That is simply wrong. But Tombini definetely didn’t think that, he probably did not know what the curve was pricing on Friday, and the only thing he remembered was that he had signaled he would raise in May. Since he changed his mind to raise interest tomorrow, he decided to signal that. But it could be both 25 or 50. Now that the curve is pricing 50, it is costly for him to raise only 25, but he didn’t think of it before.

Objetivos e Restrições do BC


i)                 Colocar a inflação na meta de 5,5%
ii)                Não deixar a inflação furar o teto de 6,5%
iii)               Combinação de (i) com não elevar juros em ano eleitoral
iv)               Combinação de (ii) com não elevar juros em ano eleitoral
v)                Ganhar (parte da) credibilidade perdida
vi)               Retornar os juros reais para o neutro, seja lá quanto ele for
vii)             Responder às críticas da imprensa, de que furou o teto da meta
Eu achava que era (iv), agora estou perdido.
Se for (i), (ii) ou (iv) acho que ele não precisaria ter feito nada. (Por isso errei)
Ser for (iii), (vi) ou (vii), ele deveria dar algumas de 25bps.
Se for (v), dar algumas de 50bps.

Anticiclica?

Estou lendo no Valor que o Augustin disse que essa pirueta fiscal nova eh coerente com a implementação de uma política Fiscal Anticiclica. Nao seja irônico, secretario. Onde esta o desenho institucional dizendo que quando o crescimento da economia for mais forte o superávit primário será maior? Onde a esta a outra perna da política anticiclica? Por enquanto, meus amigos, eh só aumento de gasto mesmo. Triste.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Uma pergunta

De que adiantara subir um pouco a Selic se 1) o credito publico seguir nessa toada tresloucada, 2) o cambio nao puder apreciar (via equacao de paridade) e 3) o fiscal continuar expansionista?

quinta-feira, 11 de abril de 2013

EXPLIQUE-SE MELHOR, SENHOR MESQUITA

O Mário Mesquita, ex-BC, escreveu um texto no Valor de hoje. Sobre Japão. Em uma parte ele disse que um dos temores de uma forte política de expansão quantitativa por lá é uma suposta alta dos juros depois que levaria, por sua vez, a um aumento do fardo da dívida.

Expansões monetárias violentas não levam a queda de juro nominal, senhor Mesquita?

Eu acho que o pensamento do colunista senhor Mesquita foi esse aqui: esse negócio de dobrar base gera inflação e aí o BOJ vai reagir mais adiante subindo juros, e então o endividamento crescerá mais ainda. Foi isso, Senhor Mário?

Mas pergunte-se o seguinte, por obséquio: o que ele BOJ quer não é justamente gerar mais inflação??? Então por que ele reagiria depois?? É um cenário possível, claro, mas aí a hipótese é de que o BOJ quer inflação mas não quer...um BOJ esquizofrênico...é isso?

Ah, não é isso X, seu ESTÚPIDO, é que ele BOJ não quer muita inflação, muita não pode. Ok, mas se ela disparar, digamos para 4%, ele pode subir o juro para 2%, ou 3%, e ainda assim o juro real, que é o que importa para a dívida, será negativo, não é mesmo?

Senhor Mesquita, estou confuso. Aiutami!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

"Capisce" o "capite", signor Dib?

O senhor Dib escreveu um texto com o título "É A OFERTA, ESTÚPIDO".
Através de um dos três porquinhos chegou-me a informação de que o objetivo do senhor Dib era me ofender pessoalmente com esse texto. Pode ser especulação de gente intrigueira, mas a certa altura do texto -- uma verdadeira peça de redação digna de uma Piauí -- o senhor Dib larga um "capisce?". Foi a essa altura que mesmo não querendo tive que crer na tese da agressão pessoal, pois estivesse ele querendo retoricamente se comunicar com seus leitores, o mais correto teria sido a forma "capite?" (vocês entendem?). Não sei se o senhor Dib ama a língua italiana como eu, mas de todo modo fiquei com uma pulga atrás da orelha. Antes de prosseguir: senhor Dib, não tenho nada pessoal contra o senhor (critico outros economistas que se equivocam também, como os conselheiros belluzo e delfim). Meu papel é apenas defender a indefesa sociedade de ideias e teses erradas. O senhor errou ao argumentar que a Selic não deve subir, e eu obviamente não pude deixar passar em branco. Foi só isso, essa é a minha sina, sou uma espécie de batman da economia. Não desrespeito os outros no plano pessoal. Porém, não gosto de ser chamado de ESTÚPIDO.

Sobre o "É A OFERTA, ESTÚPIDO":

1- está escrito que a economia não pode estar em pleno emprego porque o PIB só cresceu .9% ano passado. Bom, se 5% não é pleno emprego para uma economia com um mercado de trabalho meio rígido como a nossa, qual seria essa taxa? 3%? Somos então o país com menor desemprego estrutural do planeta!!! Senhor Dib e leitores, estudem a literatura sobre desemprego estrutural, comprem o livro do Pissarides, prêmio Nobel, é muito bom.

2 - está escrito mais ou menos assim: com o setor de serviços crescendo apenas 1,7% em 2012, não é possível ter inflação de demanda. Não? A inflação foi causada pelo vento então? Ah, não, deve ter sido a soja...é isso, foi a soja que pressionou os serviços.

3 - senhor dib, o senhor acredita em hiato do produto HP? e em papai noel também?

4 - o texto sugere que não há pressão de demanda na economia e vaticina que o BC não vai/não deve subir a Selic...senhor Dib, o senhor sabe que isso implica dizer que o juro real atual não é inferior ao juro neutro? O senhor fez esse singelo link? Seu juro neutro é menor que 2%, senhor Dib? Se sim, o senhor é a pessoa mais otimista que existe (vejam que eu escrevi otimista, não ESTÚPIDA)

Mi pare che Lei non capisca nulla, signor. Perché non prova fare lo scrittore?

É mesmo difícil aceitar que se está errado publicamente, ainda mais no meio dos economistas. Entendo que seja constrangedor para o senhor Dib ver sua tese heterodoxa naufragar. Mas não posso fugir ao meu destino, que é proteger o Brasil nesse debate, custe o que custar.

Em vez de repassar, aumento de margem


Não me lembro se foi o Belluzo ou o X que me ensinou. Se houver queda de imposto o preço final do bem vai acabar caindo, qualquer que seja o nível de competição de mercado. Pense numa condição de Lerner, que relaciona preço, custo marginal e elasticidade. Se a elasticidade for constante (ainda que baixa), uma queda no custo marginal (imposto) causa uma queda de igual magnitude (percentual no preço). Não tem essa história que vai implicar em aumento de margem para sempre.
Mas o Pakes (não o Márcio, o Ariel) me ensinou que elasticidade sobe com o preço. Com a queda de impostos (e dos preços) a elasticidade fica menor, aumento os incentivos para o repasse. Ou seja, a queda do preço final será maior que a queda no imposto.

Batata Inglesa e Melão

Além do tumati, o Nello's devia tirar a batata inglesa do nhoque (no gráfico, a batata do IPCA sobre o índice cheio, dessazonalizada). Essas importantes commodities são mean-reverting com vida média curta, e vão voltar à tendência ainda esse ano. Bom chute é uma queda de 40%, como o peso é 0,6%, dá 0,24% de deflação.
Além dessa profunda análise, também aprendi que o consumo japonês tem baixa elasticidade ao Nikkei (uns 0,03), mas que bens de luxo são sim bastante elásticos, sobretudo o melão. Se vc não aproveitou a queda no Yen ou a alta do Nikkei está ainda em tempo de comprar melão no Japão.

O BELLUZO FALOU UMA COISA ERRADA

No Estadão de hoje, o conselheiro Belluzo argumenta que a inflação esta alta no Brasil porque a economia esta passando por uma mudança de preços relativos. Isso esta ERRADO. Uma mudança de preços relativos implica que os preços dos serviços precisam crescer, digamos, dois pontos percentuais a mais que os outros preços na economia, para que haja um redirecionamento de fatores de produçao para la. Mas isso pode se dar com varias combinações, como 2% e 4%, 3% e 5%, 6% e 8%, cosi via. 

Senhor Belluzo, isso nao justifica inflação alta porque o que importa para mudança de alocação de recurso eh apenas a diferença. pescou?


Caso o conselheiro nao seja um leitor assíduo desse importante blog, alguém poderia dar um forward desse post para ele? Muito obrigado.

terça-feira, 9 de abril de 2013

QUAL EH A TUA, DELFIM?

Olha, Delfim, nao foi legal o que você escreveu no Valor hoje. Equivale a chamar os outros de idiota. Eu, economista x, nao sou idiota e tenho duvidas sobre a autonomia do BC sim. O governo criou essas duvidas, nao os mercados que você tanto critica. A presidente disse que quem fala de inflação eh o Mantega e afirmou num lampejo de sinceridade ( que revelou sua ignorância sobre teoria economica) que nao existe tradeoff entre crescimento e inflação no curto prazo, tudo o mais constante. O que você quer que as pessoas acreditem, dado isso e dado que a inflação esta gordinha que só ela?

O pessoal técnico do BC eh muito bom mesmo, tenho amigos lá competentes. Mas nao sao apenas eles que sabem rodar modelo de dsge, Delfim! Se liga, po!

Pare de torcer, e volte a analise rigorosa (nao consigo por a crase no iPad)! Baixe o dynare no matlab e rode seus próprios modelos de dsge, eh relativamente fácil para uma pessoa inteligente como você.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O ECONOMISTA DARWIN DIB ESTÁ EQUIVOCADO


o economista darwin dib disse em recente artigo com sucesso midiático que a inflação é de oferta no brasil, que portanto o BC está correto em não reagir. isso está errado, por favor avisem seus amigos, todos vocês, essas ideias são perigosas para o brasil. e o economista darwin diz que a sua não é uma proposição heterodoxa!!!
bem, houve um choque de alimentos nos EUA no fim do primeiro semestre de 2012 que fez a inflação de alimentos acelerar, é a mais pura verdade. mas o que o bc aqui deveria ter feito?? elevado um pouco o juros e deixado câmbio absorver o choque! mas não, ele moveu essas duas variáveis na direção oposta, transformando um choque de oferta em inflação de demanda. se não fosse inflação de demanda, não teriam subido tanto os núcleos e a difusão, senhor dib!
o senhor darwin também diz que não dá pra chamar de inflação de demanda porque o pib subiu apenas 1%, então haveria folga na economia, hiato do produto negativo, etc, bla, bla. ISSO TAMBÉM ESTÁ ERRADO. os mercados de fatores estão pressionados, até o nuci subiu de novo, meu deus. e mercado de trabalho nem se fala....como assim tem slack na economia, senhor dib? qual mercado de fatores está folgado?? tanto não tem que o que ocorreu aqui foi uma redução expressiva da balança comercial, com as importações subindo para satisfazer a fúria da demanda interna. isso tudo, principalmente, ao longo do segundo semestre.
façam uma corrente contra a heterodoxia, passem esse post para um amigo, familiar, até mesmo para seus inimigos.

Tres Livros

Eu queria recomendar uns livros para a galera:

"Bankers' new clothes", que explica direitinho a polêmica debt vs. equity financing (minha impressão conversando com muitos economistas eh que muita gente boa na verdade não entende esse ponto direito)

"Economic Theory", do Becker. Esse livro é um verdadeiro deleite, ensina economia mesmo. Claro, é um livro de teoria da escolha, de micro, mas mesmo quem já passou pelo Mas-Collel e afins vai aprender aqui.

"Naked Statistics", do Wheleen. O começo eh básico demais, então vai cansar quem já souber estatística, mas depois fica muito bom. O capítulo 5 e 1/2 é um primor.

terça-feira, 2 de abril de 2013

AlexandreS

Dilma,

A vida é feita de tradeoffs, escolhas. Almoços grátis são raros, Dilma.
Para segurar um pouco essa inflação, precisa esfriar a demanda, Dilma, não tem jeito não. Cortes de impostos aliviam a inflação no curto prazo, mas ao aumentarem o déficit fiscal, pioram a inflação no médio prazo. O Schwartsman está correto Dilma, precisa subir os juros, em uns 300 pontos. Deixa o Tombini livre para agir Dilma, pois a confiança no BC está indo pro saco. Isso tem um preço altíssimo: ao enraizar expectativas de inflação mais altas, fica mais custoso reduzir a inflação depois. Os juros terão que subir mais ainda no futuro se você não agir logo. Esquece esse papo de choque de oferta. Houve, mas foi no começo do ano passado, não dá pra usar esse argumento mais. Nos outros países a inflação de alimentos está fraquinha, fraquinha. Foi a sua política cambial do segundo semestre que acelerou a inflação das commodities aqui, em reais. Foi o erro do governo, presidente, não o choque de oferta nos EUA, que nos legou essa inflação na casa dos 6,5%.

Presidente, aja logo, ainda é tempo. Liga pro Alexandre. Se quiser, liga pros dois Alexandres.