Pelo que li vai tirar 0,3% de indicadores mensais dos EUA,
tipo industrial product e retail, no mês de outubro. Daí teria um payback igual
durante os meses de novembro e dezembro. O PIB do quarto tri ficaria inalterado.
Se ajudar o Obama está valendo.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
alan Greenspan e seu escudeiro, o antonio madeira
meu colega antonio madeira acha o alan um deus; eu acho que ele (o alan, nao o madeira) está mais para o diabo.
o alan reagiu rápido em 1987, e em 1998 montou aquele arranjo lá com os bancos privados para não "quebrar geral" depois do LTCM. eu concedo que nesses dois episódios ele foi bem.
mas o legado de longo prazo dele é outro. ele presidiu o FED, e portanto foi um importante influenciador de para onde a política de regulamentação financeira caminhou, durante um longo período. e como poucos hoje contestam, a regulacao caminhou para a merda...
o antonio madeira argumenta que o alan não aprova lei, quem aprova é o congresso, que ele (o alan, nao o madeira) nao tem nada a ver com isso. é verdade que o alan nao aprova lei, como até o asfalto da paulista sabe. mas o alan foi formador de ideias, e afirmava de pé junto que os novos derivativos que foram surgindo debaixo do nariz dele aumentavam a eficiência do sistema, ajudavam a minimizar riscos !!! hoje parece risível essa afirmacao, mas ele e o madeira não se dão por vencidos não.
o antonio madeira coloca a culpa no governo, como bom austríaco que é. na verdade, ele encampa a tese do rajan, de que o governo forçou as irmãs a emprestarem muito para os pobres porque ele, o governo, nao vinha conseguindo debelar a crescente desigualdade de renda com politicas mais inteligentes de longo prazo. credito e circo para apaziguar os pobres, eh o resumo dessa historia. aí, claro, deu em merda, porque muito credito foi alocado para quem nao poderia pagar.
mas os bancos PRIVADOS entraram nessa antes das irmãs, madeira. e meteram o pé também. e o governo não manda neles, eles nao fizeram para ajudar os pobres, caro madeira, caro alan. por que eles fizeram isso, por que se alavancaram pra cacete? para ganhar mais na conta de que se desse merda a sociedade bancaria a conta (moral hazard).
por que o FED nao fez nada? ah, o madeira responde: porque ele nao tinha mandato para interferir em todos os "bancos". ué, por que entao o alan nao reclamava disso veementemente? o alan depois de sair de lá confessou que ficou surpreso com o fato de os bancos privados nao administrarem melhor seus proprios riscos...ou seja, ele confiava nisso. isso prova seu despreparo intelectual. tem uma coisa em economia que chama problema de agente-principal, alan. o principal eh o acionista do banco, esse nao quer mesmo que a instituicao tome muito risco; mas o agente dele, que toca o dia-a-dia tem incentivos diferentes (madeira, tem um amigao seu que gosta muito da frase "people respond to incentives") e nao esta muito preocupado com o longo prazo da instituicao porque o bonus dele eh funcao de resultados imediatos. o alan nao compreendia esses incentivos perversos? ele nao sabe que a um problema de acao coletiva que dificulta a acao dos acionistas e entao eh importante pra cacete o governo regular essa porra?
por fim, um dos principais argumentos levantados pelo antonio madeira para elogiar o alan eh que ele presidiu a politica monetaria numa epoca de baixa volatilidade e forte crescimento. eu nao acho que esses anos bons foram por causa do alan. nesses anos que ele estava lá, a produtividade da economia norte-americana deu um show de bola, na area da tecnologia da inovacao. a tfp bombou, por conta de coisas que nao tem nada a ver com politica monetaria. a volatilidade caiu tambem por um tempo, eh verdade, mas qual o periodo que devo considerar? para quem acha que o alan (e outros coleguinhas ditos liberais que parecem que nao estudaram micro direito) ajudou a armar a bomba relogio pos-2008, é preciso incluir o período recente na contabilidade da "gestao alan"...nao fica bem na foto nao, posso garantir
"alan greenspan, o maestro desafinado e inconsequente" ---- vou escrever um livro, acho.
antonio, topas uma co-autoria?
o alan reagiu rápido em 1987, e em 1998 montou aquele arranjo lá com os bancos privados para não "quebrar geral" depois do LTCM. eu concedo que nesses dois episódios ele foi bem.
mas o legado de longo prazo dele é outro. ele presidiu o FED, e portanto foi um importante influenciador de para onde a política de regulamentação financeira caminhou, durante um longo período. e como poucos hoje contestam, a regulacao caminhou para a merda...
o antonio madeira argumenta que o alan não aprova lei, quem aprova é o congresso, que ele (o alan, nao o madeira) nao tem nada a ver com isso. é verdade que o alan nao aprova lei, como até o asfalto da paulista sabe. mas o alan foi formador de ideias, e afirmava de pé junto que os novos derivativos que foram surgindo debaixo do nariz dele aumentavam a eficiência do sistema, ajudavam a minimizar riscos !!! hoje parece risível essa afirmacao, mas ele e o madeira não se dão por vencidos não.
o antonio madeira coloca a culpa no governo, como bom austríaco que é. na verdade, ele encampa a tese do rajan, de que o governo forçou as irmãs a emprestarem muito para os pobres porque ele, o governo, nao vinha conseguindo debelar a crescente desigualdade de renda com politicas mais inteligentes de longo prazo. credito e circo para apaziguar os pobres, eh o resumo dessa historia. aí, claro, deu em merda, porque muito credito foi alocado para quem nao poderia pagar.
mas os bancos PRIVADOS entraram nessa antes das irmãs, madeira. e meteram o pé também. e o governo não manda neles, eles nao fizeram para ajudar os pobres, caro madeira, caro alan. por que eles fizeram isso, por que se alavancaram pra cacete? para ganhar mais na conta de que se desse merda a sociedade bancaria a conta (moral hazard).
por que o FED nao fez nada? ah, o madeira responde: porque ele nao tinha mandato para interferir em todos os "bancos". ué, por que entao o alan nao reclamava disso veementemente? o alan depois de sair de lá confessou que ficou surpreso com o fato de os bancos privados nao administrarem melhor seus proprios riscos...ou seja, ele confiava nisso. isso prova seu despreparo intelectual. tem uma coisa em economia que chama problema de agente-principal, alan. o principal eh o acionista do banco, esse nao quer mesmo que a instituicao tome muito risco; mas o agente dele, que toca o dia-a-dia tem incentivos diferentes (madeira, tem um amigao seu que gosta muito da frase "people respond to incentives") e nao esta muito preocupado com o longo prazo da instituicao porque o bonus dele eh funcao de resultados imediatos. o alan nao compreendia esses incentivos perversos? ele nao sabe que a um problema de acao coletiva que dificulta a acao dos acionistas e entao eh importante pra cacete o governo regular essa porra?
por fim, um dos principais argumentos levantados pelo antonio madeira para elogiar o alan eh que ele presidiu a politica monetaria numa epoca de baixa volatilidade e forte crescimento. eu nao acho que esses anos bons foram por causa do alan. nesses anos que ele estava lá, a produtividade da economia norte-americana deu um show de bola, na area da tecnologia da inovacao. a tfp bombou, por conta de coisas que nao tem nada a ver com politica monetaria. a volatilidade caiu tambem por um tempo, eh verdade, mas qual o periodo que devo considerar? para quem acha que o alan (e outros coleguinhas ditos liberais que parecem que nao estudaram micro direito) ajudou a armar a bomba relogio pos-2008, é preciso incluir o período recente na contabilidade da "gestao alan"...nao fica bem na foto nao, posso garantir
"alan greenspan, o maestro desafinado e inconsequente" ---- vou escrever um livro, acho.
antonio, topas uma co-autoria?
POF no IPCA
O Daniel me aponta que parte do efeito da POF sobre o IPCA foi devido à mudança de peso dos automóveis, que variou muito esse ano. De acordo com as contas do Chiquinho isso explica uns 0,3. O resto foi mesmo um efeito permanente, da troca de um item que tem sempre inflação alta (educação) por outro com inflação sempre baixa (duráveis?).
Pegando a deixa do Tobas fui conferir a metodologia do IPCA. De fato, embora a agregação de produtos em subitens seja geométrica, a de subitens em itens é aritmética, e sofre do efeito típico de Laysperes: Conforme banana fica mais cara o indivíduo come ainda mais banana.
Pegando a deixa do Tobas fui conferir a metodologia do IPCA. De fato, embora a agregação de produtos em subitens seja geométrica, a de subitens em itens é aritmética, e sofre do efeito típico de Laysperes: Conforme banana fica mais cara o indivíduo come ainda mais banana.
Para conferir, fiz o caso de um sujeito que consome dois
bens, bananas e merda, com pesos inicialmente iguais na cesta. A banana tem
inflação anual de 3,5%, a merda de 5,5%. Em vez de dar sempre 4,5%, a inflação
vai subindo com o tempo, devido à metodologia. No gráfico, a diferença acumulada das duas medidas,
convexa como o esperado, para ser comparado com o do post anterior.
Mais relevante, note-se que a inflação vai subindo, conforme
se afasta temporalmente da revisão da POF.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Controle fiscal do IPCA - II
Antes de começar a mostrar respostas impulso, do jeito que o
Madeira quer, eu perguntei para o Chico como foi 2012. Se entendi, e fiz a
contas mais ou menos corretamente, o efeito da redução do IPI sobre linha
branca e sobre automóveis tirou uns 0,1% e 0,4% da inflação, respectivamente. Assim,
em 2012, o IPCA seria 0,5% a mais do que será, devido às renúncias fiscais. E o
superávit primário uns 0,6% a menos, ou algo assim.
Teve também a mudança da POF que já tirou 0,7%, mas isso não conta. (Somando
tudo, seria suficiente para tirar a inflação da banda.)
Surpreso com o efeito da POF eu fiz o gráfico abaixo,
novamente com a ajuda do Chiquinho, que mostra o efeito acumulado da mudança,
desde fev/2009. (Para antes de dez/2011 o Chico calculou o IPCA retroativo
com a nova POF; para depois de jan/2012 recalculou o IPCA com a POF antiga.
Daí, eu fiz a diferença entre o IPCA obtido com as POFs velha e nova.)
Curiosa essa tendência. Alguém sabe o porquê? Trata-se da correção do Laysperes que, com o passar do tempo, acaba dando mais peso para os produtos com maior inflação?
Curiosa essa tendência. Alguém sabe o porquê? Trata-se da correção do Laysperes que, com o passar do tempo, acaba dando mais peso para os produtos com maior inflação?
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Morri de novo...
Veio um cara encapuzado aqui no inferno, usando suspensórios, e meteu uma bala na minha testa, falando que eu não podia criticar pessoas do governo. Eu achei que não ia acontecer nada comigo, pois já fui assassinado uma vez e vivi. Mas minha cabeça começou a doer e a sangrar. A bala do cara era de prata, como me informou o diabo...
Melhor desistir de tentar ajudar o país e ir rodar um VAR bayesiano.
Adeus
Melhor desistir de tentar ajudar o país e ir rodar um VAR bayesiano.
Adeus
Censura
Caro economista X,
Eu, que sou o único com cabeça nessa porcaria, decidi censurar alguns de seus blogs. A partir de agora os blogs do senhor estão sujeito a minha aprovação.
Aproveito o ensejo para reiterar os meus protestos da mais elevada estima e incontida admiração,
FK
Eu, que sou o único com cabeça nessa porcaria, decidi censurar alguns de seus blogs. A partir de agora os blogs do senhor estão sujeito a minha aprovação.
Aproveito o ensejo para reiterar os meus protestos da mais elevada estima e incontida admiração,
FK
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Controle Fiscal do IPCA
A pergunta é: por quanto tempo o Governo consegue segurar o
IPCA através de renúncias fiscais?
A resposta tem que considerar os diferentes canais de
impacto das renúncias sobre a inflação (o direto e o fiscal), e a
sustentabilidade da dívida. Acho que vai dar uns 5 posts. Eu começo com a
relação estática entre impacto no IPCA (direto, i.e., peso no índice) e fiscal.
Na tabela (chupei algumas informações do Itaú), coloco o
efeito sobre o superávit primário (em % do PIB) para que o IPCA seja reduzido
em 1%:
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
O SENHOR CELSO TOLEDO
É o terceiro dos neo-bobocas...
O cidadão decreta o fim desse blog um dia após meu falecimento por atropelamento e depois disso o blog revive das cinzas, nas mãos do outro neo-boboca, o FK (um louco filhote de Prescott que acredita que a grande recessão foi um choque adverso de produtividade!!!!!!!)
A credibilidade de coveiro do Dr. Toledo ficou arranhada. Mas ao contrário do que dizem, a do Dr. Tombini, o homem da convergência não-linear que enterrou o sistema de metas de inflação, não ficou não. Dizem que ele virará ministro, como prêmio por sua habilidade no lido com a pá de cal.
Quando o diabo permitir, venho aqui me manifestar. É mais divertido ver esse show de horror protagonizado por vocês humanos do que ficar morgando no inferno relendo o Mas-Collel.
HA, HA, HA !
O cidadão decreta o fim desse blog um dia após meu falecimento por atropelamento e depois disso o blog revive das cinzas, nas mãos do outro neo-boboca, o FK (um louco filhote de Prescott que acredita que a grande recessão foi um choque adverso de produtividade!!!!!!!)
A credibilidade de coveiro do Dr. Toledo ficou arranhada. Mas ao contrário do que dizem, a do Dr. Tombini, o homem da convergência não-linear que enterrou o sistema de metas de inflação, não ficou não. Dizem que ele virará ministro, como prêmio por sua habilidade no lido com a pá de cal.
Quando o diabo permitir, venho aqui me manifestar. É mais divertido ver esse show de horror protagonizado por vocês humanos do que ficar morgando no inferno relendo o Mas-Collel.
HA, HA, HA !
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Pastore (Wonkish)
Um dia desses ouvi o Pastore, líder inconteste de nossa
profissão. Depois, olhando o material, fiquei perturbado com uma regressão de
hiato da produção industrial (filtro HP) como função de custo unitário do
trabalho e outras coisas (juros, etc.). Não sei bem o argumento que ele estava
fazendo, mas o que estava escrito na apresentação é que o hiato é sobretudo uma função do custo
unitário, e não das outras coisas.
Tipicamente usamos hiato para a equação da inflação - imagino que é para isso que ele o estava usando. Mas, de
acordo com a teoria, o correto é ter custo marginal na Curva de Phillips. Com algumas
hipótese fracas (tecnologia Cobb-Douglas), o custo marginal vira custo unitário. E com algumas hipóteses heroicas (tipo economia fechada sem capital) o custo unitário pode
ser transformado em hiato.
Por que fazer uma regressão do hiato no custo unitário? O
correto não seria usar o próprio custo unitário, em vez do hiato, na curva de Phillips?
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Blues para o The Anchor
O Blues continua reclamando, dizendo que o crescimento será
em torno de 1,5%. Para esse tri eu coloquei o valor do meu tracking, 1,8%, mas
o Blues dizia que ia ser 1,4%. JPMorgan revisando para baixo devido ao Cliff mais
profundo. Sexta feira o dado sai, daí vai dar para refazer as contas e fazer uma projeção mais ousada.
O Consenso
1)
No Brasil, após agosto excelente setembro
decepciona
2)
Pessoal em dúvida sobre a força da retomada
3)
Nos EUA, após agosto horrível setembro está bem
legal
4)
Housing surpreendendo para cima, mas faz pouca
diferença na projeção
5)
Obama ganha, democratas no Senado, republicanos
na House
6)
Fiscal Cliff esperado está mais profundo, com
payroll tax cut expirando (0,75% do PIB)
7)
Na China, no curto prazo, o pior já passou
8)
E no médio prazo crescimento será menor
9)
Crise do Euro deixa de ser principal risco
mundial (que passa a ser o Fiscal Cliff)
10)
Discussões sobre seguro de depósito nacional vs.
pan-europeu e sobre legacy assets
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Novas Siglas da Crise do Euro
Agora que o CT decretou o fim do ACTL, vou utilizá-lo para um web log do que estou matutando. Você, leitor, não é bem vindo.
Para conseguir grana do EFSF/ESM, a Espanha tem que pedir
uma ECCL (enhanced conditions credit line), o que envolve assinar um MoU (memo
of understanding) que contem metas fiscais, bla, bla. Em princípio, essa grana
poderia ser utilizada para comprar títulos nos mercados primário e secundário,
e de qualquer maturidade.
A graça é que uma vez conseguida essa linha de crédito, o
ECB pode fazer uso do OMT, e comprar títulos no mercado secundário com maturidade
de até 3 anos. Com isso, a grana original talvez nem precise ser usada.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
ACTL, Capítulo Final
Caros leitores, como é de conhecimento geral, o vigor intelectual do blog vinha definhando com o desaparecimento paulatino do FK. O Dudu segurou bem a bronca até perder completamente a sanidade mental (provavelmente após ler Proust). O Economista X mostrou que não é bom de briga após receber as primeiras ameaças. Seria muita pretensão de minha parte tentar manter O Consciência vivo sem o apoio dos mestres.
Para que a melancolia não seja demasiada, lembro que Jason viveu após o inesquecível "Sexta-Feira 13 V, O Capítulo Final".
E para que a despedida tenha um quê de reinício, encerro com este último comentário, de tom nostálgico.
Na FEA, um dos textos interessantes que tive a oportunidade de ler foi "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica", do Pérsio Arida.
Se bem me recordo, a história iniciava com uma distinção entre o que seria o estilo americano de pesquisa, focado no "estado das artes" e o estilo europeu, centrado na releitura dos clássicos. Daí, havia um arrazoado sobre resolução de controvérsias e assim por diante. Se você não leu, leia.
Reza a lenda que o Pérsio perdeu a vontade de publicar após ver o texto seminal do então Donald McCloskey no Journal of Economic Literature (aqui) que, essencialmente, fazia o mesmo ponto.
A troco de quê estou remexendo o passado?
Acabo de ler este texto sobre a influência das incertezas políticas sobre o desempenho da economia mundial. A turma que compôs o índice é da Universidade de Stanford.
O índice em si é divertido, mas, neste dia macambúzio, o texto sugeriu uma reflexão sobre a capacidade de mudança de tudo nesta vida.
Além de o Donald não ser mais o Donald - pois transformou-se na Deirdre - os economistas americanos demonstram propensão maior a revisitar os clássicos, como fica claro no trecho a seguir:
Para que a melancolia não seja demasiada, lembro que Jason viveu após o inesquecível "Sexta-Feira 13 V, O Capítulo Final".
* * *
E para que a despedida tenha um quê de reinício, encerro com este último comentário, de tom nostálgico.
Na FEA, um dos textos interessantes que tive a oportunidade de ler foi "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica", do Pérsio Arida.
Se bem me recordo, a história iniciava com uma distinção entre o que seria o estilo americano de pesquisa, focado no "estado das artes" e o estilo europeu, centrado na releitura dos clássicos. Daí, havia um arrazoado sobre resolução de controvérsias e assim por diante. Se você não leu, leia.
Reza a lenda que o Pérsio perdeu a vontade de publicar após ver o texto seminal do então Donald McCloskey no Journal of Economic Literature (aqui) que, essencialmente, fazia o mesmo ponto.
A troco de quê estou remexendo o passado?
Acabo de ler este texto sobre a influência das incertezas políticas sobre o desempenho da economia mundial. A turma que compôs o índice é da Universidade de Stanford.
O índice em si é divertido, mas, neste dia macambúzio, o texto sugeriu uma reflexão sobre a capacidade de mudança de tudo nesta vida.
Além de o Donald não ser mais o Donald - pois transformou-se na Deirdre - os economistas americanos demonstram propensão maior a revisitar os clássicos, como fica claro no trecho a seguir:
Hasta la vista babies.Every Sylvester Stallone fan knows that Rocky Balboa never gives up, or rather: “it ain't about how hard ya hit. It's about how hard you can get it and keep moving forward.” (Stallone 2006). However many times Rocky gets hit, he keeps on coming. Even after Apollo Creed floors him with a vicious hammer punch, Rocky jumps up for more punishment. (...) So too with the current US economic recovery: on track in the spring, knocked down in the summer.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
CARTA AOS LEITORES
Prezados leitores, amigos e família
Morri atropelado numa esquina; não pude ver a face de meu algoz. Vocês estão novamente desprotegidos, portanto muito cuidado com o que leem.
Ao CT, FK e CESG, agradeço pela chance de aparecer algumas vezes nesse Blog, que não é de todo ruim.
Um abraço e até uma próxima reencarnação,
Economista X
Morri atropelado numa esquina; não pude ver a face de meu algoz. Vocês estão novamente desprotegidos, portanto muito cuidado com o que leem.
Ao CT, FK e CESG, agradeço pela chance de aparecer algumas vezes nesse Blog, que não é de todo ruim.
Um abraço e até uma próxima reencarnação,
Economista X
Im Flugzeug !
o ministro alemão, o Schauble, viajando num avião com os jornalistas disse que no próximo encontro de ministros europeus ele vai defender a proposta de criar um cargo forte, espécie de ministro da economia, com poderes para vetar os orçamentos nacionais !!! os amigos (?) dele dos outros países estão indo para esse mesmo encontro com outra ideia em mente, eles vão lá para tentar destravar grana para Grécia e para Espanha....
todo mundo se espantou com a fala do alemão no avião, desconectada das preocupações mais prementes. que tipo de sinal o Schauble quis mandar ao falar o que falou im Flugzeug?
todo mundo se espantou com a fala do alemão no avião, desconectada das preocupações mais prementes. que tipo de sinal o Schauble quis mandar ao falar o que falou im Flugzeug?
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Tokyo
Além da cordialidade, impressiona a quantidade de capital,
mesmo quando comparada com cidades americanas. Tudo está novinho, limpinho,
caprichadinho. Não é o que esperava de um país estagnado. Imagino que parte se
deve a usual confusão de crescimento do PIB com o de PIB per capita. Mas o mais
interessante é lembrar da falta de espaço, de que a densidade populacional é
bem maior que a dos EUA, e assim o capital por metro quadrado também deve ser.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Estão dizendo que sou o ...
duzinho. Piada.
Dica 1: não sou da FEA.
Dica 2: sou o irmão mais velho de um economistinha
Dica 3: acho o valter hugo mãe chato prá dedéu
Dica 1: não sou da FEA.
Dica 2: sou o irmão mais velho de um economistinha
Dica 3: acho o valter hugo mãe chato prá dedéu
Poderosos Chefões
Com todas as falhas de mercado passíveis de serem corrigidas por ato governamental que se pode imaginar, ainda não há fórmulas melhores do que a ambição e o egoísmo para resolver o complicado problema da alocação dos recursos.
Não dá outra: faça uma pesquisa e verás que o ser humano costuma produzir mais quando tem a perspectiva de enriquecer se esforçando. No processo há todo tipo de pilantragem que exige correções na marra. Mas, quando a mão pesada erra a dose, o espírito empreendedor desaparece e a aldeia empobrece.
Neste sentido, preocupam os esforços crescentes do governo para fazer com que o Brasil volte a se parecer com o mastodonte que parou de crescer por 20 anos após o "milagre".
O divertido esporte de transferir fortunas de A para B por meio de canetadas é uma forma bastante eficiente de voltar no tempo. Ao que parece as otoridades estão curtindo a brincadeira.
Tanto isso é verdade que em uma entrevista ao Estadão o Ministro da Fazenda, no melhor estilo Siciliano, lembrou os bancos que "se nós estamos preocupados, é bom que [vocês] também se preocupem".
E emendou com a frase que, a meu ver, é uma das grandes pérolas do século:
Isso mesmo, o Ministro da Fazenda achou pertinente explicar que o governo não viola contratos.
E logo após veio mais uma canetada.
E hoje teve mais uma.
Essa historinha singela contada no blog do Guilherme Barros fez as ações de distribuidoras de combustíveis amargarem perdas enormes. A ideia genial do governo é forçar para baixo o preço de venda de combustíveis de uma distribuidora sob o seu controle para fazer com que as empresas privadas façam o mesmo - resolvendo de forma brilhante dois problemas: a inflação e as distorções derivadas da manipulação do preço da gasolina sobre a Petrobras.
Nada melhor que uma manipulação aqui para resolver uma distorção ali. Vamos tocando e comemorando alegremente porque, até agora, o governo não violou nenhum contrato. Boa, não?
Em tempo: nenhuma decisão foi tomada, mas, diante do currículo, dá para acreditar que não virá mais esta atrocidade?
Não dá outra: faça uma pesquisa e verás que o ser humano costuma produzir mais quando tem a perspectiva de enriquecer se esforçando. No processo há todo tipo de pilantragem que exige correções na marra. Mas, quando a mão pesada erra a dose, o espírito empreendedor desaparece e a aldeia empobrece.
Neste sentido, preocupam os esforços crescentes do governo para fazer com que o Brasil volte a se parecer com o mastodonte que parou de crescer por 20 anos após o "milagre".
O divertido esporte de transferir fortunas de A para B por meio de canetadas é uma forma bastante eficiente de voltar no tempo. Ao que parece as otoridades estão curtindo a brincadeira.
Tanto isso é verdade que em uma entrevista ao Estadão o Ministro da Fazenda, no melhor estilo Siciliano, lembrou os bancos que "se nós estamos preocupados, é bom que [vocês] também se preocupem".
E emendou com a frase que, a meu ver, é uma das grandes pérolas do século:
"Desde 2003 não violamos nenhum contrato".
Isso mesmo, o Ministro da Fazenda achou pertinente explicar que o governo não viola contratos.
E logo após veio mais uma canetada.
E hoje teve mais uma.
Essa historinha singela contada no blog do Guilherme Barros fez as ações de distribuidoras de combustíveis amargarem perdas enormes. A ideia genial do governo é forçar para baixo o preço de venda de combustíveis de uma distribuidora sob o seu controle para fazer com que as empresas privadas façam o mesmo - resolvendo de forma brilhante dois problemas: a inflação e as distorções derivadas da manipulação do preço da gasolina sobre a Petrobras.
Nada melhor que uma manipulação aqui para resolver uma distorção ali. Vamos tocando e comemorando alegremente porque, até agora, o governo não violou nenhum contrato. Boa, não?
Em tempo: nenhuma decisão foi tomada, mas, diante do currículo, dá para acreditar que não virá mais esta atrocidade?
O lado realmente negativo das "políticas afirmativas"
A propósito do sempre polêmico tema das cotas, li um artigo interessante neste final de semana, no Wall Street Journal.
Também lá na matriz a discussão sobre a pertinência dessas medidas é normalmente focada na questão de saber se faz ou não sentido adotar políticas que poderiam ser consideradas discriminatórias contra brancos ou quaisquer fatias da população não contempladas.
Esse é o teor da controvérsia aqui na filial, como pode ser visto nesta matéria. Os opositores classificam a medida de injusta contra os não contemplados e os defensores falam em resgate de "dívida histórica".
A conjuntura eleitoral evidentemente ajuda muito a trazer lucidez e profundidade ao debate.
Um problema com este tratamento da questão é que, implicitamente, pressupõe-se que políticas desse tipo trazem apenas benefícios e poucos custos. Afora o rótulo pejorativo de "aluno ou funcionário de cota", normalmente se considera que cotas trazem apenas benefícios aos contemplados.
A pesquisa dos autores do artigo do WSJ mostra que não é bem assim.
A evidência americana revela que os beneficiados por preferências de quaisquer tipos - raciais, habilidades esportivas, conexões - são vítimas de efeitos perversos como: (i) desempenho muito abaixo da média, (ii) abandono de carreiras de "hard science", (iii) níveis elevados de auto-segregação no campus, (iv) auto-estima e confiança intelectual diminuída e (v) e dificuldade muito maior de aprovação em testes para obtenção de licenças (como o da OAB no Brasil).
Todos esses efeitos não soam pouco intuitivos para quem provavelmente pensou mais do que 10 minutos sobre a questão. A parte notável da evidência estatística é a constatação de que o inverso também é válido. Os problemas desaparecem para os mesmos estudantes quando eles entram em escolas em que o aluno mediano tem o mesmo nível de preparação acadêmica. Quando não há o problema que os autores classificam de "mismatch", os sintomas nocivos somem: aumenta a auto-confiança, a chance de escolha de carreira afinada com as aspirações, amizades e casamentos inter-raciais e etc.
Aprendi lendo este artigo, por exemplo, que a proporção de alunos hispânicos e negros que aspiram carreiras em áreas de engenharia e ciências é maior nos EUA - fato confirmado por diversos estudos feitos por psicólogos. Ao receber preferência em escolas de elite, eles têm dificuldade de acompanhar e tendem a migrar para áreas de "humanas" - cujos sistemas de avaliação são menos punitivos. O resultado distorcido é que os alunos brancos têm sete vezes mais chance de entrar em um curso de pós-graduação em engenharia e ciência.
Recomendo fortemente a leitura para quem quiser coletar dados para formar opinião sobre esse assunto delicado.
Também lá na matriz a discussão sobre a pertinência dessas medidas é normalmente focada na questão de saber se faz ou não sentido adotar políticas que poderiam ser consideradas discriminatórias contra brancos ou quaisquer fatias da população não contempladas.
Esse é o teor da controvérsia aqui na filial, como pode ser visto nesta matéria. Os opositores classificam a medida de injusta contra os não contemplados e os defensores falam em resgate de "dívida histórica".
A conjuntura eleitoral evidentemente ajuda muito a trazer lucidez e profundidade ao debate.
Um problema com este tratamento da questão é que, implicitamente, pressupõe-se que políticas desse tipo trazem apenas benefícios e poucos custos. Afora o rótulo pejorativo de "aluno ou funcionário de cota", normalmente se considera que cotas trazem apenas benefícios aos contemplados.
A pesquisa dos autores do artigo do WSJ mostra que não é bem assim.
A evidência americana revela que os beneficiados por preferências de quaisquer tipos - raciais, habilidades esportivas, conexões - são vítimas de efeitos perversos como: (i) desempenho muito abaixo da média, (ii) abandono de carreiras de "hard science", (iii) níveis elevados de auto-segregação no campus, (iv) auto-estima e confiança intelectual diminuída e (v) e dificuldade muito maior de aprovação em testes para obtenção de licenças (como o da OAB no Brasil).
Todos esses efeitos não soam pouco intuitivos para quem provavelmente pensou mais do que 10 minutos sobre a questão. A parte notável da evidência estatística é a constatação de que o inverso também é válido. Os problemas desaparecem para os mesmos estudantes quando eles entram em escolas em que o aluno mediano tem o mesmo nível de preparação acadêmica. Quando não há o problema que os autores classificam de "mismatch", os sintomas nocivos somem: aumenta a auto-confiança, a chance de escolha de carreira afinada com as aspirações, amizades e casamentos inter-raciais e etc.
Aprendi lendo este artigo, por exemplo, que a proporção de alunos hispânicos e negros que aspiram carreiras em áreas de engenharia e ciências é maior nos EUA - fato confirmado por diversos estudos feitos por psicólogos. Ao receber preferência em escolas de elite, eles têm dificuldade de acompanhar e tendem a migrar para áreas de "humanas" - cujos sistemas de avaliação são menos punitivos. O resultado distorcido é que os alunos brancos têm sete vezes mais chance de entrar em um curso de pós-graduação em engenharia e ciência.
Recomendo fortemente a leitura para quem quiser coletar dados para formar opinião sobre esse assunto delicado.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
petrobras e inflação
a graça foster foi pra cima do manteiga, avisando e detalhando os investimentos que serão cortados se ele seguir barrando o reajuste de combustíveis.
os preços precisam subir, precisam sinalizar os reais custos de se encher o tanque, isso é economics 101! e, para reafirmar o óbvio: a petrobás é uma empresa de capital misto com enormes desafios de investimento pela frente.
enaltecer o pré-sal e impedir aumento de preços de combustível é um oxímoro, será que o guido não percebe isso?
vai aumentar a inflação para perto de 6% ano que vem, mas isso não é problema da petrobrás, e sim do BC (que aliás, não parece estar muito preocupado com a inflação perto de 6%...diga-se que perto do Fábio e do Celso, eu sou uma pombinha, mas 4,5% de inflação estaria de bom tamanho, não dá pra chamar inflação desse tamanho de inflação de neoliberal)
os preços precisam subir, precisam sinalizar os reais custos de se encher o tanque, isso é economics 101! e, para reafirmar o óbvio: a petrobás é uma empresa de capital misto com enormes desafios de investimento pela frente.
enaltecer o pré-sal e impedir aumento de preços de combustível é um oxímoro, será que o guido não percebe isso?
vai aumentar a inflação para perto de 6% ano que vem, mas isso não é problema da petrobrás, e sim do BC (que aliás, não parece estar muito preocupado com a inflação perto de 6%...diga-se que perto do Fábio e do Celso, eu sou uma pombinha, mas 4,5% de inflação estaria de bom tamanho, não dá pra chamar inflação desse tamanho de inflação de neoliberal)
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
O PIB vai crescer mais do que 3% no ano que vem?
Liguei para o FK antes dele embarcar para Tokyo e ele disse para não ficar preocupado. Como o PIB cresceu 0,5% nos últimos 12 meses, é quase certo que há ociosidade para acomodar todos os estímulos - mesmo que o mundo fique no mesmo lenga-lenga. Tudo bem. Mas será que não vai ser um vôo de galinha, abrindo espaço para o juro cair ainda mais? Os dados de crédito estão feios.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Estabilidade não linear ...
faz lembrar a época da inflação "inercialmente acelerada".
Quem tem mais do que 40 lembra.
Talvez também o imbecil que postou antes de mim.
Quem tem mais do que 40 lembra.
Talvez também o imbecil que postou antes de mim.
Economista X
Os três bobocas liberais me convidaram para participar do Blog. Eles sabem que eu sou melhor que eles em Economia, e pediram uma ajuda. Eu aceitei, mas com uma condicionalidade: não faço compromissos, não pego leve, não respondo comentários imbecis de leitores idiotas e vou esculachar quem falar imbecilidade econômica, sem dó. Sei muito bem modelos matemáticos, econometria e história. Leio todos os jornais e papers técnicos. Sou foda e só ficarei aqui enquanto os três bobocas não encherem minha paciência. Sou uma espécie de Ombudsman sem qualquer respeito pelos intelectualmente mais fracos. Sou o economista X.
domingo, 7 de outubro de 2012
Cost Disease
de madrugada eu ando lendo um livro do Baumol, que eu confesso que pensei já estivesse morto. ele virou assistant professor 60 anos atrás...e publicou um livro agora em 2012!
o livro tem uma sacada teórica antiga (mas interessante) e exemplos legais. vale a pena ler.
resumo aqui o ponto nevrálgico: há cinquenta anos, a inflação de serviços que requerem muito labor input de modo estrutural (educação, saúde, manutenções de todos os tipos, etc) tem sido muito mais forte que o CPI cheio porque enquanto nas manufaturas a produtividade sobe via automação, esse processo é muito limitado nos tais serviços labor-intensives. mas qual o canal ligando produtividade relativa de dois setores à inflação relativa? a produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. o problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura. isso implica em preços finais mais altos para esses serviços (na manufatura isso não acontence pois a produtividade subiu junto com os salários). assim, os altíssimos preços dos serviços médicos, dos concertos de música, da educação, e de outras atividades muito labor-intensive são o resultado natural do progresso na produtividade dos outros setores da economia.
mas o ponto todo é que não é pra se preocupar muito com isso. com a produtividade total em alta, podemos usufruir de maior consumo em manufaturas e em serviços! em cinquenta anos, os serviços médicos e de educação vão tomar mais de 50% dos orçamentos familiares, mas os outros 50% que sobrarem serão suficientes, graças ao incremento da produtividade, para comprar todo o resto....
o livro tem uma sacada teórica antiga (mas interessante) e exemplos legais. vale a pena ler.
resumo aqui o ponto nevrálgico: há cinquenta anos, a inflação de serviços que requerem muito labor input de modo estrutural (educação, saúde, manutenções de todos os tipos, etc) tem sido muito mais forte que o CPI cheio porque enquanto nas manufaturas a produtividade sobe via automação, esse processo é muito limitado nos tais serviços labor-intensives. mas qual o canal ligando produtividade relativa de dois setores à inflação relativa? a produtividade na manufatura eleva os salarios na manufatura, mas os salários nos serviços labor-intensives não podem ficar muito para trás, pois se ficarem o pessoal empregado deixa essa área para aquelas onde o salário é crescente, e esse movimento volta a elevar os salários na área de serviços. ou seja, ligando os dois setores umbilicalmente está o mercado de trabalho. o problema é que esses salários mais altos, que são o principal custo de produção no setor de serviços, não são contrabalançados por produtividade mais elevada, como no caso da manufatura. isso implica em preços finais mais altos para esses serviços (na manufatura isso não acontence pois a produtividade subiu junto com os salários). assim, os altíssimos preços dos serviços médicos, dos concertos de música, da educação, e de outras atividades muito labor-intensive são o resultado natural do progresso na produtividade dos outros setores da economia.
mas o ponto todo é que não é pra se preocupar muito com isso. com a produtividade total em alta, podemos usufruir de maior consumo em manufaturas e em serviços! em cinquenta anos, os serviços médicos e de educação vão tomar mais de 50% dos orçamentos familiares, mas os outros 50% que sobrarem serão suficientes, graças ao incremento da produtividade, para comprar todo o resto....
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Pentágono da Política Econômica
Tripé é sexualmente chulo. A nova política econômica é definida pelas cinco restrições:
1) Inflação abaixo de 6,5%
2) Juro menor que 7,5%
3) Câmbio maior que R$/US$ 2,00
4) Crescimento do PIB maior que 4%
5) Dívida líquida cadente (i.e., menor que a do período anterior como proporção do PIB)
Com base nisso, a Dilma resolve um Simplex e obtém o pentágono (no hiperespaço das variáveis macro) que define o locus da solução.
As perguntas relevantes são:
(a) Quando o Brasil sai fora do pentágono? (minha resposta: somente em 2014)
(b) Por qual a aresta do pentágono? (minha resposta: não conto por enquanto)
1) Inflação abaixo de 6,5%
2) Juro menor que 7,5%
3) Câmbio maior que R$/US$ 2,00
4) Crescimento do PIB maior que 4%
5) Dívida líquida cadente (i.e., menor que a do período anterior como proporção do PIB)
Com base nisso, a Dilma resolve um Simplex e obtém o pentágono (no hiperespaço das variáveis macro) que define o locus da solução.
As perguntas relevantes são:
(a) Quando o Brasil sai fora do pentágono? (minha resposta: somente em 2014)
(b) Por qual a aresta do pentágono? (minha resposta: não conto por enquanto)
Botellón
Uma vez discutimos o desemprego dos jovens na Espanha como indício de revolução. Essa NEET rate mede algo mais adequado que a unemployment rate, pois coloca aqueles que ainda estão estudando e na casa do papai na conta.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
OMT e mercado primário: o retorno
Eu e outros economistinhas estamos confusos com a possibilidade
do OMT ajudar países como Portugal, que estão ganhando acesso ao mercado.
Primeiro eu achei irrelevante o assunto, porque o mercado primário iria reagir
a promessa do BCE comprar no secundário, e iria abrir automaticamente. Mas agora o Draghi veio com o papo que o “OMT não é um substituto para o acesso ao
mercado primário”, sugerindo que ele só vai ajudar depois de um bom tempo do
mercado primário estar funcionando. Não entendo como ele vai definir o que é
acesso ao mercado primário, se ele for muito rigoroso o OMT se torna inútil.
Não há prova de envolvimento do Hitler no holocausto
Mais uma notícia que temos que comentar aqui no ACTL EM.
O Coringa diz que não há provas de envolvimento do Darth Vader no mensalão, contrariando a visão do Batman.
Pensando bem, ele tem toda razão.
Creio que não existe nenhuma ata, ou gravação que prove de forma cabal as maracutaias. Como in dubio pro reu, inocente-se o Darth.
Parênteses: a existência de foto/vídeo provavelmente não alteraria a opinião do Coringa. Recentemente a casa do povo inocentou uma deputada que foi flagrada recebendo uma graninha. Se rola lá, why not?
Vejam aqui que tem gente que argumenta que o holocausto não ocorreu porque não existe uma ordem escrita para a política de genocídio. Será que o Coringa, advogado justo que é, não inocentaria o Hitler também?
Péralá.
O julgamento do mensalão é importante porque está na hora de definirmos aqui na republiqueta a linha que divide o que é uma dúvida razoável do que é uma dúvida não razoável para crimes do colarinho branco, certo?
O Coringa diz que não há provas de envolvimento do Darth Vader no mensalão, contrariando a visão do Batman.
Pensando bem, ele tem toda razão.
Creio que não existe nenhuma ata, ou gravação que prove de forma cabal as maracutaias. Como in dubio pro reu, inocente-se o Darth.
Parênteses: a existência de foto/vídeo provavelmente não alteraria a opinião do Coringa. Recentemente a casa do povo inocentou uma deputada que foi flagrada recebendo uma graninha. Se rola lá, why not?
Vejam aqui que tem gente que argumenta que o holocausto não ocorreu porque não existe uma ordem escrita para a política de genocídio. Será que o Coringa, advogado justo que é, não inocentaria o Hitler também?
Péralá.
O julgamento do mensalão é importante porque está na hora de definirmos aqui na republiqueta a linha que divide o que é uma dúvida razoável do que é uma dúvida não razoável para crimes do colarinho branco, certo?
O Retorno de "FK, o Retorno"
Comemorei neste post o que seria o retorno do FK ao ACTL EM.
Para quem ainda não sabe, o FK costumava produzir 60 litros diários de sabedoria com facilidade.
Talvez a época das vacas gordas esteja chegando ao fim. Vejam foto recente do FK em uma defesa de tese lá na FEA.
Para quem ainda não sabe, o FK costumava produzir 60 litros diários de sabedoria com facilidade.
Talvez a época das vacas gordas esteja chegando ao fim. Vejam foto recente do FK em uma defesa de tese lá na FEA.
Colapso do preço de commodities?
Sempre que acordo otimista demais dou uma olhada no blog do Michael Pettis.
Além de ajudar a baixar a bola o garoto supostamente entende daquilo que ninguém mais entende: China. O blog é muito bom para saber o que está rolando lá desde que se leve em conta que a pegada dele é sinistramente pessimista. Ninguém pode acusar o Pettis de inconsistência. Desde 2007 não há um post sequer que não seja dedicado a ver o lado escuro de tudo
Neste longo post ele prevê que os preços de commodities despencarão até 2015. A tese é baseada em três argumentos:
1. Defasagens grandes da resposta da oferta ao estímulo de demanda de vários anos atrás: se entendi direito tem mina abrindo hoje que só faria sentido com preços bem mais altos;
2. O crescimento chinês vai diminuir e vai mudar de composição, penalizando o consumo de metais;
3. A china vem acumulando estoques de metais há anos e, segundo ele, vai se transformar em vendedora líquida de metais.
Previsões do tipo radical - que o Pettis, Roubini e etc curtem- costumam ser piores do que a média. Quem as leva a sério costuma se dar mal.
O Roubini começou a prever o colapso vários anos antes dele ocorrer (e colocava ênfase no "desbalanceamento" entre EUA e China e não na questão do subprime, que realmente foi a que pegou). Quem acreditou logo de cara provavelmente quebrou antes de ver a aposta dar certo.
Este fato está bem documentado em um livro (já antigo) e imperdível do Philip Tetlock, com excelente revisão feita pelo New Yorker - não deixem de ler.
Com relação aos preços de metais, se a premissa de que a China deverá crescer no futuro bem menos do que os 5%-7% que a maioria espera estiver correta, é bem possível que ocorra um colapso mesmo. Outra razão que ele não cita é o fato de que o dólar provavelmente vai ganhar força no futuro, deprimindo os preços em dólares.
Agora, olhando para o curto prazo - onde a vista alcança um pouco mais - esta montanha de liquidez e uma retomada (mesmo que cíclica) da China após a transição deverá dar um belo gás na inflação de commodities metálicas no ano que vem.
Além de ajudar a baixar a bola o garoto supostamente entende daquilo que ninguém mais entende: China. O blog é muito bom para saber o que está rolando lá desde que se leve em conta que a pegada dele é sinistramente pessimista. Ninguém pode acusar o Pettis de inconsistência. Desde 2007 não há um post sequer que não seja dedicado a ver o lado escuro de tudo
Neste longo post ele prevê que os preços de commodities despencarão até 2015. A tese é baseada em três argumentos:
1. Defasagens grandes da resposta da oferta ao estímulo de demanda de vários anos atrás: se entendi direito tem mina abrindo hoje que só faria sentido com preços bem mais altos;
2. O crescimento chinês vai diminuir e vai mudar de composição, penalizando o consumo de metais;
3. A china vem acumulando estoques de metais há anos e, segundo ele, vai se transformar em vendedora líquida de metais.
Previsões do tipo radical - que o Pettis, Roubini e etc curtem- costumam ser piores do que a média. Quem as leva a sério costuma se dar mal.
O Roubini começou a prever o colapso vários anos antes dele ocorrer (e colocava ênfase no "desbalanceamento" entre EUA e China e não na questão do subprime, que realmente foi a que pegou). Quem acreditou logo de cara provavelmente quebrou antes de ver a aposta dar certo.
Este fato está bem documentado em um livro (já antigo) e imperdível do Philip Tetlock, com excelente revisão feita pelo New Yorker - não deixem de ler.
Com relação aos preços de metais, se a premissa de que a China deverá crescer no futuro bem menos do que os 5%-7% que a maioria espera estiver correta, é bem possível que ocorra um colapso mesmo. Outra razão que ele não cita é o fato de que o dólar provavelmente vai ganhar força no futuro, deprimindo os preços em dólares.
Agora, olhando para o curto prazo - onde a vista alcança um pouco mais - esta montanha de liquidez e uma retomada (mesmo que cíclica) da China após a transição deverá dar um belo gás na inflação de commodities metálicas no ano que vem.
Relançamento do Blog
Como é praxe, eu não pedi autorização ou aprovação dos outros liberais. Com esse novo título eu me sentirei mais animado a postar minhas ideias profundas sobre a economia brasileira e internacional, sem dar crédito aos autores originais. Vou aproveitar e estrear com a seguinte:
A melhora da difusão da indústria sugere que a economia brasileira está mesmo se recuperando.
A melhora da difusão da indústria sugere que a economia brasileira está mesmo se recuperando.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Frase em um email do Sr. Antonio Madeira
Recebi um email de um amigo chamado Antonio Madeira. Ele é um sujeito bem conservador. Não sei se a frase é dele, ou se ele leu na sua segunda bíblia, o FT. Aí vai:
"Not all germans believe in God, but all of them believe in the Bundesbank"
"Not all germans believe in God, but all of them believe in the Bundesbank"
terça-feira, 2 de outubro de 2012
catador de lata
as pessoas pagam impostos para as prefeituras arranjarem um sistema de coleta de lixos, mas são raros os casos em que se paga mais de acordo com o volume de lixo gerado. resulta daí, desse custo marginal zero, que se produz muito lixo. e tem uns lixos que geram mais externalidades negativas do que outros. garrafa de refrigerante, feita de plástico, é um lixo que agride mais a natureza e dá mais trabalho para lidar que casca de banana. a coisa de reciclar ajuda bem a lidar com o problema da garrafa plástica ou latas de cerveja, mas se eu não tenho benefício privado de fazer isso, por quê me dar ao trabalho? se eu for "consciente", eu faço pelo bem-estar dos outros, mas a regra geral que rege nosso padrão de comportamento é que olhamos mais para nossos umbigos; e reciclar é meio trabalhoso. como atenuar esse problema? pode dar um subsidío para quem recicla, mas essa coisa é meio difícil de observar e, mais importante, prover subsídio implica ou aumentar imposto em algum lugar, ou gastar menos com outra coisa (educação, saúde). pode meter um imposto punitivo nas latas e garrafas plásticas. com isso, diminuirá o número de produtos vendidos nesse tipo de recipiente, é verdade, mas por outro lado, uma vez pago o custo na hora da compra do produto, eu não tenho mais nenhum incentivo ex-post a reciclar...a melhor solução me parece ser taxar o produto vendido em garrafas plásticas e latinhas pesadamente, e depois rebater parte desse imposto em um centro reciclador onde as pessoas levariam latas e garrafas plásticas para receber uma grana de volta. aí sim se geraria incentivos ex-post a reciclar, e o Estado não gastaria liquidamente nada (o subsídio na hora da devolução da lata é pago via imposto mais alto na hora da compra da lata).
em países pobres, curiosamente, isso tudo é menos um problema. por um motivo ruim, mas não deixa de ser verdade que políticas públicas incentivando reciclagem sejam menos prementes nesses países. em locais pobres, têm mais catadores de lixo para resolver, "via mercado", o problema. isso porque mesmo a renda baixíssima dessa tarefa acaba atraindo um considerável número de pessoas sem outras opções de trabalho. se você, leitor, pertence aquele grupo dos "políticamente corretos", você está fulo da vida com isso. mas eu não estou nem aí. o politicamente correto é chato demais, e muitas vezes é burro também.
em países pobres, curiosamente, isso tudo é menos um problema. por um motivo ruim, mas não deixa de ser verdade que políticas públicas incentivando reciclagem sejam menos prementes nesses países. em locais pobres, têm mais catadores de lixo para resolver, "via mercado", o problema. isso porque mesmo a renda baixíssima dessa tarefa acaba atraindo um considerável número de pessoas sem outras opções de trabalho. se você, leitor, pertence aquele grupo dos "políticamente corretos", você está fulo da vida com isso. mas eu não estou nem aí. o politicamente correto é chato demais, e muitas vezes é burro também.
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