Na primeira figura a dívida sobre PIB do EUA no pós-guerra.
Entre 1947 e 1957 ela caiu de 122% para 59%. Na segunda figura o crescimento do
PIB, o superávit, os juros implícitos sobre a dívida e a inflação no período.
Os valores médios: crescimento do PIB = 3,5%; inflação = 2,6%; juros nominais =
1,8; superávit = 1,9%.
Pegando o PIB desde 1800 e passando um filtro eu cheguei que
o PIB potencial nessa época estava próximo de 3,5%, nada surpreendente. Daí,
por conveniência, eu defini os três componentes de redução da dívida/PIB como:
(i) superávit primário, (ii) crescimento acima de 3,5%, e (iii) juros reais
abaixo de 3,5%. Esses estão na terceira figura.
A conclusão é que o crescimento não ajudou nada (já que ele
foi igual ao potencial). O superávit foi responsável por um terço da redução da
dívida/PIB. O que realmente fez a dívida desaparecer (os outros dois terços) foi o juro real negativo.
Isso para a Europa é muito mais complexo, não? Os países que estão pagando juros baixos para rolar a dívida (muito baixos ou negativos, em termos reais) são o de situação fiscal relativamente boa, que tende a ficar ainda melhor com a repressão financeira. Quem tem fiscal ruim paga juros altos e a solvência, com relação aos do outro caso, piora.
ResponderExcluirOutra coisa que me ocorreu agora: o que o BCE faz com os eventuais ganhos de senhoriagem? Ficam no balanço ou ele distribui entre os "acionistas"?
Ué, mas se o crescimento potencial fosse 2% ia ser muito pior a trajetoria da dívida/PIB. O que importa para sua dinamica de reducao é a taxa de crescimento do PIB (alem de sup.primario e interesses) e ponto final, certo?
ResponderExcluirVc está certo, eu só estou usando o PIB potencial para ter uma ideia de quanto da redução foi devido a juros e crescimento. Um pedaço que falta no meu argumento é que, em equilíbrio, o juro real é próximo ao crescimento do PIB (na verdade um pouco maior)
ResponderExcluirDrunk: ótimo ponto, como sempre (diferentemente dos do CESG...)
ResponderExcluirUma possibilidade seria o Dragão manter os juros baixos na periferia, com novas LTROs, e deixar a inflação ficar sensivelmente maior. O duro é intolerância prussiana com esse tipo de solução. Fico pensando se é possível ter inflação na Espanha bem maior do que na Alemanha, como foi durante a década passada.
Não sei se o ECB distribui, mas o investidor hiper-racional deveria considerar esse ativo, independentemente.
É, acho que vão ter trabalho para gerar inflação na Espanha - parece cenário clássico de depressão deflacionária.
ResponderExcluirNão sei se capturaria o tema de alguma maneira, mas os bancos centrais da Bélgica e da Grécia são listados em bolsa (BNB BB e TELL GA). De qualquer maneira, acho que as porcarias que o ECB andou colocando no balanço vão varrer qualquer ganho que eles consigam ter com senhoriagem.
Pela sua definição o crescimento nunca ia ajudar na redução da divida.
ResponderExcluirO crescimento no longo prazo sempre vai ser igual ao crescimento potencial. Logo no agregado a diferença entre os dois vai ser sempre 0.
Não sei por que você colocou o crescimento potencial no meio. O que importa pra redução da Divida / PIB é só a diferença entre o juro real e o crescimento e o superavit primario
Na verdade o crescimento foi bem menor que o potencial na década anterior. Minha ideia sensacional foi separar os efeitos do crescimento do dos juros (eu concordo contigo que somente a diferença deles que importa), desafiando a noção de que foi o crescimento extraordinário do pós-guerra que fez o trabalho de matar a dívida. Obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirCarmen Reinhart está com um artigo ótimo sobre isso.
ResponderExcluirA versão condensada está em: http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7767