quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Paper do Ricardo Reis, agora que fiz as contas..

O cerne do argumento eh misallocation do capital novo que veio com a União Monetária, como disse no outro post.

Na modelagem, a coisa vai assim: o parâmetro de profundidade do mercado financeiro doméstico não se altera após a abertura, e ele diz que para pegar certa qtd de empréstimos precisa de um certo percentual de riqueza própria como colateral. Antes da abertura, as firmas tradables estão no limite de seu endividamento, mas muitas firmas nontradables pouco eficientes não tomam crédito porque o banco prefere canalizar a grana disponível para os tradables. Pois bem, quando o capital entra em enxurrada, os bancos não dão crédito pras eficientes pq essas estão com sua constraint binding...mas como ficou mais barato o funding dos bancos, passa a ser rentável agora dar credito pros menos eficientes, que assim expandem. Ai, claro, cai a PTF global.

4 comentários:

  1. Alguma evidência empírica de que o setor de tradables apresenta um crescimento maior da produtividade?
    Não pode ter ocorrido uma queda na produtividade do setor de tradables por outro motivo e por isso que esse setor deixou de receber empréstimos?

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  2. Professor Cesg,

    Por que motivo os gringos emprestariam para empresas com produtividade tão baixa?

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  3. Ninguém sabe, eu chuto moral hazard e erro simples mesmo...por que os bancos emprestaram tanto e erradamente pra compra de carros aqui no Brasil em 2011/2012? Erro.
    E eles emprestaram pros bancos portugueses, e esses que fizeram a misallocation. Então tem mais uma camada de problemas de agencia ai...

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  4. O paper é bem interessante, mas achei umas coisas estranhas. Não consegui entender o lance do câmbio apreciar.

    A história que ele conta é a seguinte: os bancos passam a poder pegar mais dinheiro barato no exterior, o que aumenta o (leveraged) return das firmas non-tradable (tradable pode pegar emprestado direto lá fora, não é afetado), então as firmas piores acham lucrativo entrar (as melhores já estão endividadas no limite, não tem muito efeito). Isso piora a TFP e, presume-se, derruba o produto.

    E o câmbio? A medida que o setor de não-tradable se expande, o consumo de não-tradable também tem que aumentar. O consumo dos trabalhadores nessa economia é igual ao wage bill. Dado que o salário é fixo, a oferta de trabalho tem que aumentar, ou seja, o salário real tinha que subir e o câmbio depreciar (o contrário do que ele diz que acontece).

    Na verdade, as coisas pioram um pouco: produto na economia é independente da TFP, só depende da oferta de trabalho. (Cobb-Douglas implica que valor do produto é proporcional ao wage bill, salário está fixo, então produto só depende da oferta de trabalho). A oferta de trabalho aqui só depende do câmbio, entao, dado o cambio real, produto é independente de TFP. O que vai um pouco contra a história dele.

    A história do paper é bacana, mas eu ainda não estou vendo as peças se encaixando.

    Dejanir

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