quarta-feira, 10 de julho de 2013

Samuel Pessoa vs. André Lara

Eu fui professor de ambos, durante a segunda guerra mundial líamos juntos o MGW num túnel em Londres.

O AL anda falando que grupos de interesse construíram um estado gordo que os beneficia no Brasil

O SP está dizendo que não, que é muita transferência mesmo, mas que beneficia a própria sociedade, que foi uma escolha dela sociedade

No Brasil os velhos em geral se organizaram pra ferrar as crianças com essas transferências via seguridade social. Eles votam, as crianças não, bla, bla, bla. Então não foi "estamento", Samuca, mas foi o "estamento dos velhos".

[Esse SP e AL andam lendo muito Raymundo Faoro..."estamentos" eh uma palavra legal de falar. Eu li tambem o Faoro, é legal até a pag. 389. Depois é chato. Tem alemao, italiano, frances e ingles lá. O Faoro estudava o dia todo.]

Mas querido SP, os funcionarios públicos comem uma fatia gorda da grana previdenciária. Dá pra chamar isso de " 'estamento' fudendo a sociedade", não dá?

Querido AL, mon cher, política social nos anos 70 non c'era. Nulla. O Estado quis socar capital na economia, foi esse o game, mas acho que foi porque eles acreditavam nessa coisa cepalina de verdade. Aí desperdiçamos montes de dinheiro.




4 comentários:

  1. Caro, veja isso... voce vai gostar, como fã do Augustin.

    Contabilidade criativa: a bola de neve bancada pelo Tesouro para reduzir as contas de energia - http://www.analiseenergia.blogspot.com.br/2013/07/contabilidade-criativa-bola-de-neve.html

    isso está tomando proporções bizarras e perigosas..

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    1. muito bom seu texto, parabens.
      nao sabia que era tanto dinheiro...pelo que vc mostrou, o maior rombo vem das termicas...

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  2. Sério que você leu os donos do poder ou ta bancando papo de bar? No seu tempo injetavam esse tipo de droga pesada ?

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    1. Anônimo

      Faoro era leitura obrigatória. Era um dos intérpretes do “por que somos assim?”. Não foi o único. A lista é grande.
      A bem da verdade, não sei por que Faoro entrou nesse debate via texto do Samuel. Achei meio forçada de barra para cima do André Lara.

      No meu entendimento, a tese da transposição ibérica e a consequente “sociedade estamental” é furada.

      Resumo ligeiríssimo:

      Nosso atraso seria resultado de um certo tipo de colonização, que nos legou o dito patrimonialismo ibérico. Essa herança reiterada por anos a fio terminou por produzir um Estado autônomo em relação à sociedade civil. Segundo essa interpretação, a ausência do feudalismo no mundo ibérico, inclusive no Brasil, teria aproximado a forma patrimonial do nosso Estado à tradição política do Oriente, lembrando que nesse mundo Oriental não são observadas as clássicas demarcações das esferas pública e privada. Assim, Raimundo Faoro associou o chamado iberismo ao despotismo oriental.

      O interregno da expansão da agroexportação cafeeira marcaria a tentativa fracassada de ruptura com o Oriente e aproximação com o Ocidente, o qual estaria institucionalmente assentado na democracia representativa. Mas a estrutura do Estado parasitário era forte demais e “puxou os cordões” e reordenou os eventos. A “revolução” de 1930 recolocou o parasitismo ibérico (proeminência do Estado sobre a sociedade civil) na ordem do dia e produziu a era Vargas, a qual expressaria as mesmas "vigas mestras da estrutura" estamental (Faoro)

      Se você gosta de acreditar no poder das estruturas como última instância, o cardápio interpretativo para o “por que somos assim?” oferece pratos weberianos, românticos, marxistas. Alguns são indigestos e outros curiosos. Eu penso que estes últimos devem ser experimentados.

      Eu vou mais pelo que se esboçou no post:

      “mas acho que foi porque eles acreditavam nessa coisa cepalina de verdade. Aí desperdiçamos montes de dinheiro.”
      “essa coisa cepalina” é, no meu entendimento, uma das variantes do estruturalismo marxista.

      PS: Eu ainda tive de ler o catatau (mais de 500 páginas) do Jacob Gorender: O escravismo colonial. Se quiser entrar nesse mundo das drogas pesadas, a editora Fundação Perseu Abramo reeditou esta obra dos anos 70 e que teve como objeto o modo de produção escravista colonial. Hard times. hehehe

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