Motivado pelo João Vaz tentei fazer umas contas. Dado que os
juros reais são negativos (no mundo desenvolvido), os agentes econômicos vão
realocar seus ativos para a bolsa mesmo que essa contenha muito risco. Haverá o
tal do "great rotation", de bonds para equity. E com isso, o PE (price earnings)
da bolsa ficará muito mais alto do que o usual. Mas quanto?
A teoria de Loss Aversion (Kahneman e Tversky) é consistente
com aquele papo de que dentro de nós há dois sistemas, um reflexivo (Mr. Spock)
e outro automático (Homer Simpson). O Homer tem utilidade meio estranha, que
não satisfaz transitividade e outras racionalidades. Em particular, dá muito
mais peso para o desgosto que para o gosto.
(Eu gosto da história. Imagino que o CESG-sob-a-lupa também.
O Antoninho, um babaca, vai achar que é muito heterodoxo. O CT está dormindo. O
X, que se dane o X.)
Para aplicar a teoria eu utilizei as preferências propostas
pelo Kahneman e Tversky (na figura) e segui os passos do Benatzi e Thaler (QJE 1995).
Preocupados com o equity risk premium eles calcularam as condições para fazer o
Homer Simpson indiferente entre bonds e equities. Eu fiz o mesmo, mas usando os
novos valores para juros reais.
Na tabela os resultados que obtive. Sabendo que a bolsa tem
o mesmo risco de sempre, o Mr. Spock manteria o Equity Risk Premium em 4,5, e o
PE da bolsa ficaria nos usuais 15. O Homer, desgostoso com o juro negativo,
faria o Equity Risk Premium cair para 3, levando o PE da bolsa para 19.
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