domingo, 26 de maio de 2013

GUSTAVO FRANCO FALOU UMA BOBAGEM

Minha função na sociedade não é agradar ortodoxos e atacar heterodoxos; sou guardião da teoria econômica, essa é minha sina. Aceitei o fardo, e o fado. Se o Gustavo Franco, com quem muitas vezes concordo, fala uma besteira econômica, não posso perdoá-lo. É a minha sina (já disse isso?). No artigo no Estadão desse domingo, ele atacou a deterioração fiscal em curso. Concordo 100%, a coisa está indo pro vinagre. E dívida bruta é uma medida importante mesmo. Onde ele errou -- e não foi um deslize não, foi erro mesmo --- foi na coisa das laranjas/maçãs e reservas internacionais. Bom, ele disse que não adianta eu ter ativos em maçã se minha dívida é em laranjas. Claro que adianta, Gustavo. Tem um preço relativo entre laranjas e maçãs, negociadas em mercado. Faz a conversão pela taxa, ajusta pelos riscos, e pronto. Se uma maçã vale duas laranjas e eu tenho uma dívida de 100 laranjas e ativos em forma de 50 maçãs, minha dívida líquida é zero, e eu sou sim um país sustentável. Se eu tenho dólares no meu ativo, e reais no passivo em forma de dívida, por que aqueles dólares não entram na conta da minha capacidade de repagamento dessa dívida??

O resto do artigo é muito bom. A crítica ao crédito público pros amigos do rei, muito bem ajambrada.

Diz aí, se o governo falar pra você, antoninho, que vai te pagar a dívida que ele tem com você usando dólares dele ao invés de reais, você diz que não aceita?

5 comentários:

  1. No mesmo momento em que o governo anunciar que vai pagar em dólares dívidas contraídas em reais a cotação do dólar vai para o vinagre perante a expectativa da abundância do dólar no mercado, a indústria quebra de vez e a China vai mudar a sede do comitê central para Brasília, sua mais recente colônia. Lógico que pode pagar em dólar, mas não pode é fugir às consequências desastrosas.

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    1. Ronaldo, não faz muito sentido você usar esse argumento pelo seguinte: voce esta forçando o governo a usar todo seu cambio para pagar. Digamos, 25% do PIB em dolares comprando dívida. Mas então porque não fazer o seguinte exercicio tambem escatológico: o governo usar 25% de suas receitas para recomprar dívida. Claro que vai dar uma zoeira tremenda. Mas ainda assim voce nao diria para nao usar Dívida/tax revenues como medida de capacidade de repagamento.
      Abs
      X

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  2. Algum comentário sobre o segundo round entre RR e o Krugman?

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  3. É Ronaldo, e se pagar imprimindo reais também tem consequências desastrosas. Mais desastrosas, me parece

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  4. Ainda que não veja diferença entre maças e laranjas, prefira "perdoar-lhe" em vez de "perdoá-lo".

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