Acordei cedo e pela janela vi a marca X estampada nas nuvens. Soube que a sociedade precisava de mim. Ao ler o Delfim no Valor, entendi porque.
Vamos lá:
1 - Ele disse que as gordas aposentadorias dos servidores atrapalham a inflação. ERRADO, Delfim. Em países com gastos com aposentadorias maiores que os nossos, e mesmo onde o gasto público é bem rígido, a inflação é ao mesmo tempo bem mais baixa que a nossa. É déficit que causa inflação, déficit, e não gasto elevado. Corolário: aumentos do déficit aumentam a inflação (conhecem o país?).
2 - Ele reclamou que grupos privados se protegem com sucesso no Brasil e isso pega na taxa de inflação. Estrutura de mercado com pouca concorrência afeta a eficiência e o nível de preços, mas não a taxa de inflação.
ps1 - é verdade que nos modelos de DSGE tem uns choques de mark-up (que ninguém nunca soube justificar direito o que representam) que tem efeitos persistentes sobre a inflação. Mas o Delfim não estava mencionando isso, ele estava falando de mudança da taxa de inflação num novo SteadyState com mark-ups menores.
3 - Nesse terceiro item eu não tenho certeza o que ele quis dizer....bom, ele menciona um paper e diz que se liberalizássemos mais o mercado de trabalho, ajudaria na inflação. O que eh verdade: maior liberalização levaria seguramente a menor duração do desemprego e muito provavelmente a menor taxa de desemprego estrutural. Aí, no ciclo, o desemprego oscilaria de fato em patamares mais baixos. Mas as oscilações do desemprego entorno desse novo potencial não teriam porque afetar a inflação com uma elasticidade diferente.
Acho que o Valor Economico precisa montar uma coluna para mim, para eu corrigir os equívocos cometidos teóricos por seus colunistas. Seria visando o bem da sociedade. Aceito seguir no anonimato, sem louros, sem dinheiro. É a minha sina.
Qual é, X? reclamando da proposta de liberalização do mercado de trabalho?? Você está de implicância com o gordo...
ResponderExcluirDudu, ops, X: em tese, em um ambiente com menor concorrência, o repasse de eventuais alívios nos preços ao produtor para os preços ao consumidor é menor, criando uma maior resistência (para baixo) da inflação desses bens, que acaba tendo efeitos sobre toda a inflação da economia, via indexação formal e informal de preços, salários e contratos.
ResponderExcluirUsando como exemplo prático a conjuntura atual brasileira: talvez a excessiva concentração em alguns setores ajude a explicar porque a forte deflação do IPA Agro não esteja chegando (ou demorando muito ou chegando pouco) no IPCA Alimentação.
Você não sabe ler, senhor CESG?
ResponderExcluirEu disse que sou contra liberalizar mercados de trabalho e de bens? Porra, eu só disse que não tem nada (ou pouco) a ver com inflação. Não amola, CESG, vai estudar mais. Leia "Equilibrium Unemployment", do C.Pissarides.
Os blogueiros poderiam se unir contra as bobagens ditas pelos nossos economistas mais famosos. O X vigiaria o Delfim, o FK o Belluzo, o CESG o Mantega, o Alex o Tombini e o O o Oreiro. Seriam uma espécie de Vingadores tupiniquins.
ResponderExcluirComo FK e CESG são vagabundos e o Alex tem mais o que fazer, eu e o "O" daremos conta do recado.
ExcluirO Brasil precisa de nós nesse momento em que os Siths heterodoxos estão no comando.
Ah, outra coisa: estrutura de mercado pode não afetar a taxa de inflação, mas MUDANÇAS na estrutura de mercado podem afetá-la, ao menos temporariamente.
ResponderExcluirAnônimo das 15:32
Isso mesmo, mudanças sim, mas temporariamente, como disse o Anônimo. E insisto (está me ouvindo bem, SENHOR FGENTA?): isso não é equivalente aos mark-up shocks dos modelos de dsge bayesianos a la Smets-Wouters.
ResponderExcluirAlguma sugestão de livro que sintetize "todas" as "boas" teorias sobre as causas da inflação?
ResponderExcluirNo fundo, o que está preocupando todo mundo é a inflação e seu comportamento. E claro, o quanto será, quando e durará quanto tempo. Pode parecer redundância e implicância. Mas, além de todas as dúvidas sobre a inflação, alguém poderia explicar o porquê das autoridades governamentais tratarem a inflação como um ente? Isso mesmo: um ente.
ResponderExcluirHá poucos dias a própria presidente falou, em dos seus discursos, que "...não iremos negociar com a inflação...".
Bem, alguém habilitaria-se a explicar como é que não se negocia com a inflação (o ente)? Ou explicaria o "nós"? "Nós", quem? Ou seriam "os nós" que estão correndo na economia?