terça-feira, 18 de junho de 2013

Inflação subjacente e breakeven

No gráfico uma medida de “inflação sem canetada”, retirando os itens de linha branca, automóveis, gasolina, ônibus, etc. e reponderando (hat tip Genta). Sei que há várias medidas alternativas, com ou sem normalização de nível, e outras chatices. Independentemente, sempre vai dar inflação alta, uns 8% nos últimos 12 meses.
Um raciocínio comum é olhar para esse gráfico é concluir que a inflação vai disparar quando o governo parar de desonerar o IPCA. É como se a “inflação latente” fosse muito maior. É como se houvesse um canal direto da inflação latente para a inflação futura. Não entendo direito o que isso significa.
Acho possível argumentar que o gráfico significa que o hiato do produto é brutalmente positivo, e que isso significa que a inflação irá subir. Eu entendo que o lado fiscal das desonerações tem impacto positivo sobre a inflação, através do canal do hiato. Mas só isso.
O consenso dos economistas diz que a inflação será algo em torno de 5.8% para os próximos dois anos. Enquanto isso, o breakeven do mercado está uns 5.4% para esse período. A diferença é razoavelmente grande, e não leva em conta o tal prêmio de risco (Outro argumento que não entendo direito).

O CHORINHO usa o CAGED, obtém que o mercado de trabalho está fraquejando, que o hiato está bem negativo, e que a inflação vai cair (mesmo antes do juro ter subido).
Saí do castigo, mas vou ficar fora dessa. Continuo procurando oportunidades para perder dinheiro.


6 comentários:

  1. Inflação subjacente é um conceito escroto, é somente retórica casuística. Imagine que, diante de um choque externo, você faça as contas e descubra que a inflação adjacente (calculada mediante bruxarias de dimensionamento do choque) está rodando mais baixa. Então, isso significa exatamente o que? BC não acomoda, espera o choque se dissipar? Mas não deveria se preocupar com a indexação da inflação headline?
    A regra de juros é em termos de inflação cheia, que é a inflação efetivamente percebida, não a inflação 'latente'. Isso inclui choques externos e desonerações, inclusive as expectativas sobre. No caso das desonerações, o retorno às condições normais é totalmente controlado pelo governo, está claro que eles vão manter até o fim, porque o efeito fiscal é desconsiderável.
    BC não tem que olhar inflação subjacente, tem que olhar custos marginais e formação de preços. E inflação subjacente não é sempre proxy para custo marginal.

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  2. Pra completar: tem a turma que insinua essa medida porca de inflação latente como contrafactual, como se a inflação headline fosse a subjacente se o governo não estivesse metendo a mão. Pode até ser, mas não é líquido e certo. O governo poderia ter usado monetária, mas usou fiscal justamente para adiar o movimento de juros porque está com peso excessivo para a taxa de crescimento (eles não sabem o que é hiato, ditongo, etc). Se a inflação headline estivesse mesmo rodando em 8% sem reação monetária, o castelo estaria no chão.

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  3. Nao merece consideracao a hipotese de que o PIB potencial eh muito mais baixo do que estima a va econometria? Digamos, mais pra zero do que 3%? Gargalos de infra-estrutura e mao-de-obra qualificada oferecem ampla corroboracao anedotica para tal hipotese, e ela explicaria o aparente enigma da inflacao alta concomitante a atividade supostamente fraca...

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  4. Desonerações importam por pouco tempo. Apenas distorcem os preços relativos, mas a trajetória do nível de preços a médio prazo não é alterado por tal tipo de manipulação.

    Na verdade, você pode distorcer o IPCA baseado nos impactos dos bens e serviços no IPCA e no deflator do pib. Este ultimo não mente, mas o IPCA poderia ser torcido ....

    percebem isso ?

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  5. Choques fiscais tem efeitos no curto e no médio prazo também, assim como monetária. A função da política monetária é também torcer os preços relativos por algum tempo, com um propósito. No longo prazo, todos são choques temporários e não determinam o nível de preços. Acho meio ridículo calcular essa inflação subjacente. Por que não a calculam para a política monetária? Se o Bevilaqua não tivesse aumentado juros em 2006, a inflação subjacente estaria mais alta. E daí? Se o Tombini não tivesse baixado os juros, a inflação subjacente seria menor. Claro. No máximo, essa conta grossa pode dar uma ideia do sucesso de uma política. Mas nem assim eu compro. Duvido que o impacto das desonerações responda pela diferença de 3% entre o IPCA e a inflação 'latente'.

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  6. Se os combust[íveis fossem distribuídos de graça no Brasil, sem custo fiscal relevante, a inflação iria colapsar e os juros deveriam ir junto ou os juros somente deveriam cair quando essa mudança fosse contaminando outros preços?
    Dantas

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