quarta-feira, 12 de junho de 2013

Comentários sobre comentários

O pessoal do Valor está dizendo que o governo prepara uma ofensiva fiscal, para reganhar a credibilidade e o tempo perdido. Eu acho muito difícil, não-crível ainda que algo seja anunciado. Por dois motivos: ciclo político-eleitoral e base fragmentada no Congresso, duas variáveis chaves que explicam muito o desempenho fiscal como sugerem os trabalhos empíricos.

O Cristiano Romero (estou mandando esse post para ele também) disse que se fecharam as janelas para reformas estruturais, na esteira da melhora dos EUA e possível mudança de política monetária por lá. Romero, não sei o que você chama de reforma estrutural, mas a evidência empírica é o contrário do que você falou: as reformas pró-crescimento, impopulares no curto prazo, só ocorrem quando as coisas azedam. Esses anos de ciclo de commodities seguidos de anos de abundantíssima liquidez internacional paralisaram as reformas na AL. Agora que não tem nem mais commodities nem mundo desenvolvido hiper-brochado, alguns começam a acordar para a necessidade de implementar reformas liberalizantes (veja México, por ex). Reformas se dão apenas em momentos difíceis, tem uma literatura vasta sobre isso.

Gostei muito da entrevista do Porzecanski na A4 hoje, dizendo que Mercosul só nos atrapalha. Precisamos aumentar nosso fluxo de comércio e enquanto os outros países da AL assinam tratados de comércio, o Brasil se afoga abraçado com a Argentina kirchneriana. É lamentável, e sofre nossa indústria, que o governo tanto quer ajudar com truques de prestidigitação.

Eu prefiro meta de superávit primário mesmo, Delfos. É mais claro e não impõe constrangimento ao BC. Se o BC fosse fortemente independente eu peferiria a meta de déficit nominal, até porque em momentos de alta de juro, ou seja, de expansão forte da economia, o governo precisaria ajudar mais no lado dos gastos.





2 comentários:

  1. O texto do Delfim na folha de hoje está sensacional. Finalmente reconheceu que a economia já não possui fatores de produção ocioosos e cobrou mais rigor na política fiscal.

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  2. Deve ser o "efeito Nakano".

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