quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quadriderme

Rodei várias farmácias em São Paulo, em busca dessa pomada para alergias: Quadriderme.

Em TODAS, o "balconista representativo" me respondeu:

"Olha, apenas com receita médica; essa pomada tem antibiotico, e como as pessoas usam erroneamente, elas geram enormes externalidades negativas para os outros. Sabe por que? Porque quando mal usado o antibiotico acaba aumentando a resistência das bactérias circulando por aí".

Essa semana fui ao Rio de Janeiro, cidade onde nasci e pela qual tenho grande carinho. Aproveitei para fazer o teste da Quadriderme. Na primeira que entrei, o balconista me respondeu assim:

"Olha doutor, tenho aqui sim um último lote, quer levar cinco?" "Não, apenas uma, obrigado" "Doutor, leva as cinco que agora vai ser proibido, hein?" "Não, não, apenas uma" . "E se eu te fizer um desconto, doutor?" "Mas e a coisa das externalidades negativas?" "Ah, doutor, isso é coisa de economista; esses economistas não sabem nada, não previram a crise!"

Apenas parte desse diálogo foi inventada.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Schaeuble na Spiegel



Meu pedaço favorito: "Germany would have been prepared to relinquish powers to Brussels, because it was only through Europe that we received a new chance after World War II". Acho que deixa mais claro que o problema mesmo está na França, que não libera a suposta soberania.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pegadas do Crédito 7/14


Como experimento final, faço um confronto quantitativo dos efeitos sobre os juros devido a choques de demanda (endividamento das famílias) e choques de oferta (produtividade). Ao experimento inicial de endividamento das famílias, adiciono choques de oferta de tal sorte que a relação consumo/investimento fique constante (primeira figura). Neste caso, posso observar qual dos choques ganha, super-homem ou homem-aranha, quanto aos seus impactos nos juros (segunda figura). A conclusão do experimento é que os choques de oferta são mais poderosos que os choques de demanda. Aplicado ao caso brasileiro, isto significa que mesmo que a relação consumo/investimento tivesse ficado constante, os juros teriam sido mais baixos durante a última década.



Bailout Game



quinta-feira, 21 de junho de 2012

A piada do Mantega

Segundo o Estadão, um ministro considerou "piada" a projeção de crescimento do PIB do Credit Suisse (prêmio para quem descobrir qual). Segundo a instituição financeira - que tem pesquisa econômica reconhecidamente de primeira linha - a economia brasileira crescerá 1,5% em 2012.

Segundo o ministério, o PIB crescerá 4,0%.

Em geral, quando uma autoridade fica nervosa com algum "absurdo" é porque o absurdo não é tão absurdo. Vide, por exemplo, as reações indignadas dos envolvidos em lambanças no Distrito Federal, mesmo diante de fotos, gravações, filmes, detalhes, nomes, endereços, hologramas, etc.

Muito bem. A figura mostra o crescimento econômico acumulado desde o final de 2010 em países selecionados. Não fosse uma coisa chamada Crise Européia, nossa posição pouco lisonjeira seria desastrosa. Para se ter uma idéia, o G20 (praticamente o mundo) acumulou crescimento de 4,1% no período. O desempenho brasileiro, de 1,6%, puxou a média mundial para baixo.

Crescemos em ritmo maior do que o da Zona do Euro neste período porque o desempenho da periferia foi patético. Países que também deveriam sofrer com taxas cambiais apreciadas (o eterno vilão por aqui) - como Alemanha, Austrália, Canadá, Colômbia, Chile, Peru e Noruega - deram um banho no Brasil.

A figura abaixo é a verdadeira piada de mal gosto que o ilustre ministro deveria comentar.



Agora, vamos analisar a "piada" que, supostamente, o Credit Suisse está contando. Dado o desempenho brilhante da economia brasileira até o primeiro trimestre e supondo que, por um milagre, o crescimento anualizado seja de 2,0% no segundo e de 4,0% no segundo semestre, a expansão média em 2012 será exatamente igual à do Ministro da Fazenda, certo?

Errado. Este cenário aparentemente otimista produz a "piada" que o Credit Suisse está contando. Não há mágica. Alunos que já tiraram zero na primeira prova sabem que para passar de ano com média 5,0 precisarão tirar 10,0 na segunda prova. Essa verdade óbvia foi jogada no lixo pela autoridade.

Agora vamos analisar a outra piada. Quanto terá que ser o crescimento no segundo semestre para que o PIB de 2012 seja 4,0% maior do que o do ano passado, como prevê candidamente o Ministro da Fazenda (supondo agora 3% no segundo trimestre porque estamos no mundo do faz de conta).

Resposta: 17% ao ano!!!!!!!!!!

Se o Brasil experimentar reversão expressiva, talvez o número não seja tão forte porque, certamente, haverá revisão para trás dos fatores sazonais. Detalhes à parte, o fato é que ao invés de tratar a questão de forma serena, explicando à dona de casa que o número do Credit Suisse reflete na verdade uma visão relativamente otimista para o futuro, o misnistro perdeu mais uma vez uma bela oportunidade de ficar quieto.


É aquela coisa, o mundo nos brinda com Messis e Jadsons. Dourar a pílula é parte do trabalho de um Ministro da Fazenda. A arte é fazer isso da forma correta, com equilíbrio, para manter a credibilidade do posto. Coisa que, justiça seja feita, o Presidente do Banco Central tem executado com maestria.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Air France 447 e BOJ


http://www.popularmechanics.com/print-this/what-really-happened-aboard-air-france-447-6611877?page=all

Tenho certeza que após ter lido o CT vai me agradecer, por tornar suas viagens mais prazerosas. A narração também útil para entender a forma de atuação do Banco do Japão.

Será que o câmbio vai voltar?

Discípulo da Velhinha de Taubaté que sou, mantenho premissas relativamente benignas para o cenário econômico de forma geral - reconheço que a tese pessimista é bastante forte, mas ela sempre é.

Dito isso, estou preocupado com a aposta cambial que emplaquei neste post. Lembrando, "vendi" USD a 1,99 (com stop em 2,13). O chute não foi para o espaço em poucos dias como o do nosso guru FK. Ainda assim, a dinâmica recente não parece promissora.

O Akihiro Ikeda ensinou nos anos 80 que não é legal fazer regressões "de burro com pata de burro". Não quero que ele pense que esqueci a lição, mas a melhor forma de avaliar os vaivéns do câmbio é relacioná-lo com os determinantes usuais na frequência diária - preços de commodities, valor efetivo do USD contra uma cesta, diferencial de juro e percepção de risco.

Parênteses: se um dia as regressões espúrias e outras barbaridades econométricas forem abolidas por lei, creio que não restará um consultor ou economista de mercado fora das grades. Tem uma turma que, prevendo o final trágico, está institucionalizando a picaretagem sob a forma de DSGEs.

Voltando à vaca fria, a figura abaixo mostra a taxa cambial (linha vermelha), a taxa cambial explicada estatisticamente pelos "fundamentos" (linha verde) e a taxa cambial que provavelmente estaríamos observando se o juro não tivesse caído desde julho (linha azul).


Até mais ou menos o final do ano passado, a Mãe Dinah que soubesse o que ocorreria com os preços de commodities, juros, valor do dólar no mundo e percepção de risco conseguiria fazer uma boa previsão do preço do USD em Reais. Nos últimos meses, a coisa mudou.

Os fundamentos continuaram a explicar grosso modo a direção do câmbio, mas a parcela não explicada está girando entre 15 e 20 centavos. Quase certamente a diferença está associada às medidas de contenção de fluxos e de operações com derivativos introduzidas pelo governo.

Muito bem. Se acreditarmos na Velhinha e admitirmos que a percepção de risco voltará ao normal e os preços de commodities e o dólar no mercado internacional se comportarão de forma coerente, o modelito tabajara prevê que a taxa de câmbio estará pouco abaixo de 2,00 no final do ano (bem acima do que estava pensando quando propus a aposta).

A questão pode ser ainda mais complexa. Conversando com uma tchurma de fora ontem, parece que a percepção com relação ao Brasil tem mudado para pior com o intervencionismo e caráter bastante discricionário da gestão recente da política cambial.

Se esta suspeita for correta, o eventual relaxamento das restrições impostas pode não reverter - ao menos imediatamente - o estrago feito.

Resumindo: o risco do cenário externo, o fato de que os juros baixos estão aí para ficar e a parte permanente do estrago feito pela "Guerra Cambial" tornam temerária a minha aposta.

terça-feira, 19 de junho de 2012

España

Acordaram dar uns 100 bi para a Espanha, Oh!!

O partido corrupto mas pró-europa ganhou na Grécia, Oh!!

E os spreads dos papéis espanhóis....dispararam....Oh!

Explicações:

1 - foi pouco dinheiro

bom, o FMI fez teste ergométrico lá e disse que 37 bi eram suficientes. a exposição a real estate dos bancos é de uns 300 bi. portanto, 100 bi não parece pouco para capitalizar os bancos.

2 - foi muito !

ao prometer muita grana, os europeus sinalizaram que tem mais m* debaixo do tapete? tem gente que acredita no modelo de sinalização nesse caso. eu acho que é esticar demais a corda...

3 - aumenta a dívida do governo então é ruim?

isso está errado. o empréstimo é subsidiado, vai sair a uns 3%. se o governo espanhol fosse ao mercado e conseguisse emitir dívida a 3% voce acharia ruim? claro que não, dada a premência de evitar um desastre no sistema bancário.

4 - a nova dívida provavelmente será sênior sobre o estoque de dívida já existente!

essa é uma boa explicação. os credores privados têm menor chance de receber pois a Europa passa na frente na fila.

5 - falta fazer muita coisa ainda

obviamente isso é verdade, mas já era verdade antes também..


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Se o passado é bom guia

A arte da econometria é coletar uma boa base de dados, encontrar os padrões e usá-los para inferir o futuro.

O Chico acaba de mandar esta excelente base de dados.






quinta-feira, 14 de junho de 2012

Free trade today

Lembro-me de ter lido (mais) um excelente livro do Bhagwati pregando no vazio o livre comércio, cujo título era o mesmo deste post. Tinha uma foto dele na capa. Dava para perceber o semblante cansado de quem fala para as moscas. Sério mesmo, procurem no Google. Chega a ser engraçado.

Muito bem, o Bráulio Borges acaba de mandar essa tabela, extraída de um artigo interessante do VOXEU.

Como se sabe, o Brasil não é propriamente um "free-trader" e a tabela mostra isso. Agora, o que chama mesmo atenção é o fato de estarmos muito bem acompanhados.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Da eficiência e dos direitos humanos (história real)

Em setembro do ano passado, tratei neste post dos custos da ineficiência, inspirado pelo martírio de quem ouve a frase "devido ao reposicionamento da aeronave no pátio, seu embarque será agora realizado pelo portão de número tal".

Volto aqui ao tema da eficiência, mais uma motivado pela sempre fascinante experiência de frequentar nossos aeroportos.

Ontem, voltamos eu e um colega de Brasília. Assim que a aeronave foi reposicionada no pátio, embarcamos às 17:00. O piloto informou que o tempo em São Paulo estava bom.

Lá pelas 18:15, o piloto disse que iniciaria "uma órbita" porque Congonhas estava fechado devido à forte neblina. Passaram-se mais ou menos 30 minutos e veio novo comunicado. Congonhas permanecia fechado e Guarulhos estava abarrotado.

Desfecho: pousaríamos em Viracopos.

Até aí, normal. São Paulo merece algo mais decente do que Guarulhos - além de mais uns dois ou três estádios de futebol - mas a Infraero ou seja lá quem for não tem controle sobre o clima.

Intuindo que a história seria boa, comecei a monitorar rigorosamente o tempo.

Às 18:56 havíamos pousado em Campinas. O avião encontrava-se estacionado em um canto do aeroporto, atrás de uma aeronave da Gol, aguardando instruções para o desembarque.

Às 20:21 (isso mesmo) o Supremo Tribunal Federal expediu liminar exigindo que os gestores (não sei se Infraero, gestores privados ou um misto dos dois) se pronunciassem. Fomos informados que seria impossível sair do avião no lugar em que ele se encontrava estacionado.

Neste momento, o piloto informou que havia uma fila de 9 aviões parados aguardando a deliberação do comando do aeroporto. Façamos uma conta de padaria: mais ou menos 100 a 150 pessoas por avião totalizando 1000 infelizes. Isso mesmo: mil almas sentadas observando o aeroporto funcionar normalmente e os gênios pensando em uma forma de permitir o desembarque.

Uns 15 ou 20 minutos depois, o piloto informa que, após conversar com os colegas, propuseram a seguinte solução: se não é possível desembarcar onde estamos, o que vocês acham de reservar um espaço para que os aviões se desloquem um a um, permitindo o desembarque sequencial dos nove ou sei lá quantos aviões?

Afinal, afora o pequeno detalhe de 1000 gatos pingados presos, a movimentação do aeroporto parecia normal. Diversos aviões de carga e da Azul pareciam pousar e decolar normalmente.

Neste ponto só posso especular: a gestão deve ter dito que a solução proposta pelos pilotos parecia complexa demais, mas prometeu meditar com carinho, raciocinando que, se não era possível desembarcar onde os aviões estavam, era forçoso reconhecer que deveria haver um deslocamento para que o desembarque fosse possível.

Nesse momento havia boatos no avião de gente desembarcando em Uberlândia.

Às 21:12, o piloto disse haver "luz no fim do túnel". Após intervenção do Exército, das Nações Unidas e do Chuck Norris, o comando chegou à conclusão de que a idéia dos pilotos fazia de fato sentido e faríamos um rodízio para desembarcar, contendo assim os focos de social unrest que estavam surgindo.

Uns 20 minutos depois (!), vi o avião da Gol passando à esquerda do nosso avião. Às 21:59, o piloto mandou todo mundo tomar assentos porque começariam os procedimentos para deslocar o nosso avião para o local do desembarque - lembre-se que éramos o segundo avião de uma fila de, no mínimo, nove aviões. Imaginem o desespero da turma lá atrás.

Às 22:24 havia entrado em um ônibus para Congonhas. Naturalmente, o motorista fez um caminho esdrúxulo e perto da meia noite começou um zum-zum no ônibus. Passageiros afirmavam que o cidadão desconhecia a rota para Congonhas - achei isso um pouco de sacanagem. Mas, de fato, estávamos em uma quebrada no coração do Brooklin.

Felizmente a primavera árabe foi contida e aos quinze minutos do dia de hoje estava no estacionamento.

*  *  *

Pêlamordedeus. A moçada simplesmente não tem plano B. A gestão do aeroporto não tem capacidade de improvisar um esquema para retirar as pessoas de um avião em tempo decente.

Ronaldo e Pelé, vocês têm certeza que vai dar certo?

Lado bom: li dois terços do último livro do Krugman. Recomendo

terça-feira, 12 de junho de 2012

Pegadas do crédito 6/14


Para que a relação consumo/investimento tenha caído, o mais provável é que tenha ocorrido um choque de oferta. Na primeira figura a resposta do DSGE a um choque de produtividade. Na segunda, o que ocorre com juros e inflação, nesse caso. Acho que a contradição sobre a exaustão do crédito e a política monetária frouxa está ficando clara. Ou confusa de vez.



O que vale mais? O que é mais fácil?

O que vale mais,

diminuir IPI de uns setores ou diminuir o número espantoso de horas que uma empresa usa para preencher papelada de imposto?

diminuir a Selic em 50 pontos ou aumentar a quantidade de empréstimos com garantias e agilizar o cadastro positivo?

aumentar o crédito do BNDES para as empresas ou melhorar a eficiência jurídica na apropriação de colateral de devedor inadimplente?

expandir a carteira de crédito da CEF ou agilizar juridicamente a expulsão de inquilinos que não pagam?

forçar a Petro a comprar máquinas no Brasil ou investir na qualidade da educação secundária no Brasil?

intervir no mercado cambial para depreciar a moeda ou fazer um ajuste fiscal mais sólido que leve a um câmbio real mais "competitivo"?

aumentar aliquota de importacao de carros asiaticos ou reduzir a complexidade do sistema tributária nacional?

agora se pergunte o que é mais fácil...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Recorde de Audiência

http://jingji.cntv.cn/2012/06/01/VIDE1338531850161186.shtml
(pelo que pude averiguar, cerca de 300 milhões de pessoas tiveram que me aguentar)

Pegadas do Crédito 5/14


Outra forma de olhar a evolução do consumo/investimento é através da razão (bens duráveis)/(bens de capital), cada um composto da produção industrial mais importação e menos exportação (tudo em quantum). O resultado é novamente contrário ao que seria esperado caso houvesse um choque de demanda (causado pela expansão do crédito). Interessante na figura observar o boom de crédito ocorrido logo após o plano Real e compará-lo com a ausência desse boom nos últimos anos.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pegadas do Crédito 4/14


Outra pegada da expansão do crédito deveria aparecer nos componentes do PIB. Na primeira figura o que o modelo DSGE prevê para relação Consumo/Investimento resultante do endividamento das famílias (veja post anterior).  Como é um choque de demanda, o Consumo cresce bastante. (O investimento foi escolhido para denominador para enfatizar que o choque não é de oferta). Daí, na segunda figura o que aconteceu de fato no Brasil: a relação Consumo/Investimento caiu no período em que o Crédito floresceu. Ooops!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Esse debate o Paul Krugman ganhou

http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/06/05/two-self-promotional-videos/

Plus a mais que vem para somar

O chiquinho acaba de mostrar esta matéria do Valor (conteúdo fechado).

Nossa Presidente propõe uma política PRÓ-cíclica de investimentos.

Traduzindo:

1. Quando as coisas estiverem indo mal o governo contribuirá para que elas piorem e,
2. Vice-versa

Ficou bem mais fácil entender a política econômica.





China (wonkish)

Descobri que a razão capital/trabalho na China é de 20.000 doletas PPP.
Esse número é baixo.
Nos EUA é mais de 100.000; no Brasil é uns 30.000.
Ou seja, por incrível que pareça ainda dá para China crescer mais uns anos na força-bruta.
Deve ter misallocation, claro, dado que o setor menos verdadeiramente privado é o financeiro. Sim, isso é ruim. Mas não esqueçamos que China recebe muito FDI também, e no FDI deve ter menos problema de eficiência. Eu chuto que a partir de 2017 o crescimento chinês vai se reduzir bem, para uns 4%. E se ela conseguir passar o middle income trap -- nem todo mundo consegue, mas lá no leste da Ásia eles lograram -- vai crescer menos ainda.
Depois de 2022, uns 2% ao ano.
E acho que alguma hora vai virar democracia, entre 2021 e 2024. O Acemoglu e o amigão dele rerodaram essas regressões de democracia e renda por habitante e acharam que quando se controla por efeito-fixo não tem mais relação entre calça e bunda. Eu acredito ainda que calça e bunda têm tudo a ver.

ps. os pintinhos do FK estão atrapalhando a leitura...vou mudar

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pegadas do crédito 3/14


Se o endividamento das famílias seguiu o perfil observado (veja último post), daí, de acordo com o modelo DSGE, os juros e inflação também foram afetados (figura abaixo). A intuição é que houve um tremendo choque de demanda, puxando inflação para cima. O Banco Central reage até conseguir controlar a inflação e trazê-la de volta a meta, segundo regra de Taylor estimada.

A historinha é que talvez estejamos no fim do período de expansão de crédito. Agora os juros neutros serão bem mais baixos, o BC vai poder trabalhar com juros menores sem pressão inflacionária. Será?


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pegadas do Crédito - 2/14


Continuando a sequência sobre o crédito, o que ocorreu no endividamento das famílias, na realidade (dado do BCB) e num experimento imaginário (meu modelo DSGE, em que há famílias com restrição de crédito). Para gerar esse efeito no modelo, retirei um choque negativo no crédito a essas famílias. O fim desse empecilho permite que elas se endividem. Calibrei a intensidade do choque para que a elevação no endividamento das famílias no meu experimento fosse compatível com a realidade. (Digno de nota, em ambas as figuras o endividamento é dividido pela renda total da economia, incluindo as famílias que não estão endividadas, i.e., estou corrigindo para esse problema dos dados).