Todo ano, as escolas de pós-graduação de Economia recrutam alunos para seus cursos de mestrado, após concurso rigoroso com provas de macro, micro, estatistica, matematica e brasileira. Quando saem as notas, os centros começam a ligar para os candidatos, convidando-os para uma visita. Cada escola tenta convencer os bons alunos que seu centro é a melhor escolha, e competem tentando sinalizar qualidade superior em um mundo lotado de assimetrias informacionais e incertezas.
Nos EUA, uma outra dimensão de concorrência, simulatanea à qualidade, é a financeira. Harvard e MIT, por exemplo, disputam alunos oferecendo bolsas maiores para os mais promissores. Às vezes, 3.000 dólares a mais num ano decidem a parada.
Aqui no Brasil, essa dimensão de concorrência é vista com maus olhos. Os valores das bolsas doadas são fixos e oficialmente não se pode concorrer nessa margem. Ou seja, há uma espécie de conluio entre os centros para que eles, em conjunto, possam desembolsar menos. Quem perde com isso, claro, são os alunos. Ouvi de um colega economista que deixar essa dimensão livre geraria competição predatória entre as escolas. Que raios significa isso?? Outros me disseram que "em equilíbrio, todos os centros gastariam mais e assim a alocação alunos/centro não se alteraria. Portanto, como chegaríamos ao mesmo ponto final, não seria eficiente concorrer nessa margem". Por Deus ! Ainda que esse fosse o equilíbrio final, proibir competição na margem financeira segue sendo a mesma coisa: uma transferência de renda dos alunos para as escolas.
Um colega mais perspicaz me disse o seguinte: "por que então a gente não passa uma lei impondo teto para salário de secretárias?....é a mesma coisa".
De fato, é a mesma coisa.
Carlos Eduardo,
ResponderExcluirConcordo, e sobre que os centros gastariam mais isso é um tanto lógico. Mas os centros com os melhores alunos poderão sinalizar sua melhor qualidade, e possivelmente receberão mais recursos. Mais recursos, bolsas maiores, mais recursos, bolsas maiores ...
Mais recursos, mais bolsas, melhores alunos. Sim, isso se chama eficiência alocativa. O que não se confunde nem atrapalha uma outra política de incentivos ao desenvolvimento para os centros menos eficientes. E, quando não respondem aos estímulos durante certo tempo, devem ser rigorosamente lacrados como zona improdutiva. O fato é que centros mais desenvolvidos precisam competir mesmo e produzir mais, andando sozinhos sem o controle gordo do Estado ou a regra de divisão benthamita atrapalhando seu desenvolvimento.
ResponderExcluirSim, eu acredito nesse efeito aí de que podendo gastar mais tem como sinalizar melhor e assim as escolas melhores atrairiam mais alunos de melhor nivel.
ResponderExcluirMas, seria o lógico, os melhores centros recepcionarem os melhores alunos, oras. Tentar nivelar tudo por baixo aparenta ser algo errado, muito errado e atrasado.
ResponderExcluirQue tal, então, os que acham que vão receber menos alunos oferecerem passagens para a era pré-medieval? Acabaria ficando elas por elas.
Com o devido perdão à proposta assim tão indecente. Porém, não dá para pensar em algo mais sensato. Poderiam, ao menos, ser passagens para a terra de "Game of Thrones", sem querer fazer propaganda de uma série interessante da TV.
Tá faltando atualização nesse comentário. A EESP este ano dobrou a bolsa do primeiro colocado da ANPEC e levou o cara. Pode perguntar pros seus alunos...
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