sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pibinho 3/4: Desequilíbrio entre tradeables non-tradeables


Segundo essa segunda teoria, como o salário tem de ser igual, e o mercado de trabalho no setor de non-tradeables está apertado, fica impossível para os tradeables produzirem. I.e., a produtividade marginal do capital nesse setor é uma porcaria.

Empiricamente é consistente com o investimento baixo, indústria de lado, e com o mercado de trabalho apertado (para os que acreditam nisso). Nesse sentido, a teoria parece bem legal. Mas quando penso melhor passo a achar que devíamos poder analisar tudo pela ótica do câmbio excessivamente apreciado, e daí o caldo entorna.

Explico melhor: não vale fazer regressão a lá Pastore da produção industrial no seu custo unitário e outras variáveis e dizer que é o custo unitário que está derrubando a indústria. A questão é o que elevou o custo unitário. De acordo com essa lógica de tradables versus non-tradables, o que fez o custo unitário subir foi o câmbio.

Por outro lado, há a evidência do próprio Pastore que câmbio apreciado ajuda o investimento. Na verdade, a correlação entre investimento câmbio e importações ocorre num montão de países, e é bem compreendida desde que aprendemos a botar choque de produtividade num modelo dinâmico. Então, como decidir? O câmbio apreciado atrapalhou ou ajudou o investimento? E agora que o câmbio depreciou um pouco, o investimento vai voltar ou vai afundar (ou já afundou)?

Minha opinião é que essa teoria ainda não está bem articulada. Continuo esperando que alguém me convença. Do meu lado, digo que houve períodos em que o Chorinho apontou que choques que causaram apreciação (depreciação) no câmbio foram relevante para o PIB. A época do sapo barbudo que ia defaultar foi uma dessas. Mas agora o câmbio não está sendo importante.

2 comentários:

  1. Acho que os reajustes do salario minimo, indexados ao pib / inflacao, a partir de 2007 tem uma boa dose de responsabilidade nisso. Eles deslocam toda a curva de salarios da economia numa taxa de 8% ao ano. Quando a economia mundial crescia, o industrial conseguia exportar seu manufaturado e compensar a alta dos custos trabalhistas. A partir de 2008, o caldo entornou, pq o salario continua subindo 8% ao ano e a demanda mundial colapsou. Ha um excesso de bens manufaturados no mundo a precos fixos (veja a funcex) q achatam os precos aqui dentro tambem. Ai a margem do industrial foi pro saco.
    Fernando

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  2. Fábio, pode ser que isso não explique a queda do PIB, mas acho que a baixa inflação dos tradables tem levado muita gente a acreditar que o juro neutro caiu. Eu acho que não, pode levar um, dois ou dez anos, mas quando a economia mundial se recuperar e a inflação dos tradables voltar a subir eu acho que o juro real brasileiro volta ao patamar pré-crise. Não vi nenhuma mudança na economia brasileira após a crise capaz de justificar a queda do juro neutro.

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