quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Transição na China


  • Ex-presidente Jiang (e a facção de Shanghai) controlando ainda mais o país (5 das 7 cadeiras).
  • Hu decidiu passar Xi também o controle militar
  • Zhang Dejiang, novo chairman do congresso, tem formação na Coreia do Norte, e viés conservador.
  • Wang Quishan, banqueiro e promotor das reformas financeiras, foi alocado para departamento de disciplina e totalmente marginalizado.
  • Minha impressão geral é que isso significa que as reformas vão andar mais devagar, até porque o Jiang é mais lerdo que o Hu. Tem gente boa que acha o oposto. Mas eu sou um grande especialista nesse tópico, além de enteder o que está acontecendo com USDBRL

Krugman on Vigiliantes


No link o argumento e “modelo” do Paulo, de que um aumento do risco é bom para o país porque deprecia a moeda. A hipótese de que os juros relevantes (para atividade e política monetária) são independentes do risco é simplesmente lamentável. Acho que ele não se lembra do que aconteceu aqui em 2002, quando o EMBI disparou, a Selic estava somente em 25%, o juro real controlado pelo risco ficou bem negativo, a inflação (e M1) voaram. Ao mesmo tempo, o investimento congelou, pois as firmas sabem que se o Governo defaultar elas dançam também. Fiquei chateado que meu ídolo pisou na bola dessa forma.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Controle Fiscal do IPCA - IV


É, eu sei que virou carne de vaca, mas preciso disso para continuar meu exercício. A primeira figura compara a diferença entre dívida bruta e líquida com as reservas. A hipótese é que essa diferença continuará crescendo no mesmo ritmo do último ano. Na segunda figura a comparação entre os juros implícitos sobre a dívida líquida, a Selic, e uma mistura entre Selic e Fed Fund Rate (a Selic remunera a dívida bruta, a FFR remunera a diferença entre a bruta e a líquida). Por hipótese, essa mistura será os juros implícitos sobre a dívida líquida no futuro. Assumindo também um crescimento nominal do PIB de 8% e que os juros ficam estáveis, eu obtenho que é necessário um superávit primário de aproximadamente 2% para manter a dívida sustentável. Isso servirá como um limite para as renúncias fiscais.




terça-feira, 13 de novembro de 2012

Thelma e Louise – parte 1


Os republicanos perceberam que o Tea Party foi o principal responsável pelo desempenho sofrível na eleição. Difícil alguém mais ou menos racional votar num partido associado àquele pessoal.
Com isso, criou-se uma disposição para eles se moverem para o centro, deixarem de lado o brinkmanship sujo, e fazerem algum acordo para evitar o Cliff. O Boehner já indicou que os republicanos não topam aumentar as alíquotas de impostos, mas a base de impostos poderia ser aumentada...E os democratas parecem fazer o corte de riqueza (para subir impostos) acima dos 250K.
Por sinal, queridos leitores. Estou sentido com as reclamações a meu respeito, mas não vou desistir. Vou continuar fazendo minhas análises equilibradas sobre a relação entre política e economia. Vou mostrar que economia é uma disciplina social, em que o emprego da matemática é desnecessário. Não vou desistir, pois sou equilibrado. O povo unido jamais será vencido.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Controle Fiscal do IPCA - III


Volto ao assunto do efeito sobre o IPCA de renúncias fiscais, agora com as respostas impulso que o Madeira gosta. Por hipótese, escolhi uma renúncia imaginária que retira 1% do IPCA calculado na planilha (ponderação do item vezes a renúncia), e causa uma redução do superávit primário de 1% do PIB. Essa é a taxa média que relaciona essas duas variáveis (veja aqui).

As duas curvas da figura, originadas no CHORINHO, referem-se aos dois impactos sobre o IPCA, sempre com a hipótese que os juros ficam constantes.



Na linha escura, o impacto denominado de “one off”, considera o efeito da planilha mais seus efeitos secundários (devido a política monetária). Esses efeitos secundários são positivos porque os juros reais subiram. Eles não são explosivos porque os agentes consideram que o BC continua seguindo uma regra de Taylor.

A linha clara reporta os efeitos sobre a inflação da expansão fiscal. Eles são perpetuamente crescentes. Por que, ein?

Grexit e Merkel

Estou do lado do X que a Grécia sai. Mas como não entendo de preço relativo, fico tentando entender do jogo político. Para a Merkel, o melhor é que a saída seja uma decisão política dos próprios gregos. O governo atual apoia o ajuste, os recursos da troica só continuam enquanto o ajuste está aprovado. Se o Samaras perder a maioria, e o novo Governo deixar de apoiar o ajuste, os recursos vão parar, por culpa dos próprios gregos, não da Merkel. O que não entendo é por que os gregos não falam que vão fazer o ajuste e simplesmente não o fazem. Nesse caso, a bola estaria no campo da troica para rejeitar os esforços gregos, e a culpa seria da Merkel. Nesse caso, a Grécia não sairia.
Eu sou mesmo bem mais equilibrado que o X, minha análise é equilibrada e relevante. Eu estou de parabéns, realmente. Já o X é muito desequilibrado, não consegue fazer uma análise útil e equilibrada, realmente.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

GREXIT GREXIT GREXIT

Tem uma porção de bobocas comemorando a aprovação de mais austeridade na Grécia.
Bobocas, como a Grécia vai melhorar seu balanço de pagamentos, hein? O balanço externo, como fica?
Não fica, ha, ha, ha! Deixem o câmbio nominal explodir, seus estúpidos. Realoquem os recursos para o setor de trabables via mudança de preços relativos. Chega de recessão, o povo está cansado. Eles vão enforcar vocês logo, logo. Aí eu vou rir muito; e o câmbio vai depreciar. HA, HA. 

OMT e Portugal

Continuo sem entender direito essa história de que o ECB não vai usar o OMT para ajudar Portugal e Irlanda, utilizando a desculpa furada de que para qualificar o país tem de ter “full and complete market access”. Eu compreendo a lógica de que o ESM não teria grana para ajudar Espanha e Itália, e que o OMT é a única alternativa para esses casos grandes.  Mas isso não é resposta.  Para que fosse, teríamos que incluir algo do tipo “os políticos preferem que um país receba ajuda do ESM, só aceitam o OMT quando não isso não é possível, e o ECB está sujeito a essas forças políticas”. Ainda não estou convencido disso.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Bolsa Caixa


Este é o novo programa Social do Governo, uma extensão do Bolsa Família, inspirado na idéia de Micro Crédito ou Micro Finanças. Ele já está sendo realizado em parceria com a Caixa, e tem suporte intelectual do BC.
A idéia é a seguinte. A Caixa limpa os balanços dos bancos privados, emprestando recursos para famílias que não tem a mínima condição de pagar. Depois, quando o calote vier, o Tesouro capitaliza a Caixa, e o jogo recomeça.
A carteira de crédito da Caixa está em 315 bi. Se colocarmos 13% de perda, para ficar redondo, o buraco fica em 40 bi, ou 1% do PIB, um valor fácil de ser absorvido. Um possível problema é fazer a Caixa emprestar de novo para as mesmas pessoas que acabaram de defaultar, para que o consumo não caia. Mas tenho certeza que isso será resolvido. 

Sandy e X


O economista X critica o professor FK, dizendo que a simulação do BLUES está errada porque o estoque de capital demora muito para se recuperar. Se me lembro do livro de crescimento do Barro, essa convergência demora mesmo uns 15 anos.

Eu acho que o pior foi a forma desrespeitosa do comentário. É importante respeitar os mais velhos. Aproveito para desejar um feliz aniversário para a minha mãe Sandra que está me lendo.

Equilíbrio

Fui convidado para equilibrar o blog. Diferente do Economista X, sou um sujeito equilibrado. Tenho equilíbrio. Sei até andar de bicicleta.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sandy Redux


O pessoal está elevando as estimativas da destruição. A tabelinha é da Gordman, a qual diz que o efeito será tirar entre ¼ e ½ do crescimento do PIB no 2012:Q4, e adicionar um pouco mais do que isso no 2013:Q1.

Achei estranha essa ideia de que liquidamente adiciona PIB. Peguei do BLUES, tirei um pouco do capital produtivo e olhei convergência (na figura, ignore as escalas). O efeito principal é similar àquele já conhecido, tipicamente associado à política fiscal em modelos sem rigidez de preços: menor riqueza reduz lazer (que é um bem superior). Curiosamente, isso é suficiente para compensar a falta de capital, e faz o PIB aumentar. O investimento sobe bastante, o consumo cai, como esperado.

Se o BLUES estiver certo (um pleonasmo), as defasagens são importantes. O efeito, embora pequeno, vai durar alguns trimestres. 


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

OSI: o novo calote grego


A nova projeção para dívida grega é 190% do PIB, ou algo próximo disso. O Official Sector Involvement ocorreria através da compra de dívida em posse do ECB pelo valor de mercado atual, i.e., sem deixar o preço subir conforme a dívida é comprada.

O Nuno Sampaio estava me explicando que a ideia seria a Troica emprestar uma grana para a Grécia que estaria necessariamente vinculada a compra da dívida. O ECB veria por quanto ele comprou a dívida e a venderia por um centavo a mais. Dessa forma não estaria sofrendo prejuízo, e assim não estaria descumprindo seus estatutos.  Não sei qual o preço de hoje da dívida (aparentemente nem mercado ela tem) mas, digamos que seja 30% do valor de face. Dessa forma, após feita a operação, a Grécia não teria mais dívida, e ficaria devendo para a Troica somente 30% do valor da dívida original. Mágica. Com o superávit futuramente gerado, ela aos poucos pagaria a Troica.

Um ponto aparentemente contrário a operação é o fato do ECB não se aproveitar da subida de preço enquanto a dívida é comprada. Isto seria injusto com os donos do ECB – os países europeus. Mas esses países já haviam prometido devolver a Grécia os lucros provenientes dessa operação. Portanto, essa crítica não se aplica.

O verdadeiro ponto malandro da operação, que faz a mágica acontecer, é estocástico. Quando o ECB comprou a dívida grega com desconto, estava sendo remunerado pela possibilidade da Grécia defaultar. Mas quando a Troica a comprar (ou, equivalentemente, emprestar o grana), ela deixará de ser remunerada por essa possibilidade, já que irá cobrar juros módicos. Caso, no final, a Grécia acabe defaultando, a Tróica tomaria o prejú. (E se ela não defaultar, o preço estava justo)

Assim como a LTRO, será uma forma elegante para fazer os alemães fingirem que estão sendo enganados.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Investimento nos EUA


A divulgação do PIB lá na matriz mais uma vez mostrou uma taxa de investimento porcaria (figura). Meu chute pessoal é que depois deles caírem no cliff esse investimento volta. Mas decidi imaginar a possibilidade de que será assim para sempre. Seria possível? Não vai faltar capital? A economia não ficaria desbalanceada, contradizendo alguma lei econômica qualquer?
Minha resposta é que essa taxa de investimento é consistente com um novo nível de crescimento potencial. Imaginando que o fator trabalho também está reduzido (a história de jobless recovery), que as preferências não mudaram (mesma impaciência), e nem a tecnologia (cobb-douglas com mesmo capital share), a relação capital produto deveria ficar constante.
Assumindo depreciação de 4% e que o crescimento potencial era 2,8% quando a taxa de investimento era 17%, posso recalcular tudo agora que a taxa de investimento é 14%, supostamente. Resultado: o novo crescimento potencial seria de 1,6%.